terça-feira, 16 de julho de 2013

científiCo


óculos brasileiros
eu vejo,

já que
segundo

Bordieu,
cultura

são formas
de ver,

em qualquer
pensador,

músico,
artista,
professor,

que
leia nossa

bruta
realidade

social
com a sapiência

de um
novo mito

científico.

mito impregnado
da gÊnese

de NOsso
próPrio

pAís,
em tErmOs

míTicOs :



@#

qUaL
a reALidaDe

dO
mITo bRasiLeiro,

portaNto?

uma afro-descendência
ainda hoJe

escRava,
um índio

arRasAdo
em sUa

cuLtUra,
um bRancO

violEntAmenTe
caRinhOso :

espEciAlmente
na rEaLidadE

aRtísTica,
gERadOra

dEsse
mITo,

há o doM

paRa uMa
reVelaÇão

quE esSa
miStura

pOde
prOduZir,

apEsar
de toda

eSsa
violêNcia,

cAda
vEz

mAis
exPlícita.


@#
pOr
iSso

é prEciso
sePaRar

o qUe
é bRasil

daQuiLo
qUe nÃo

é bRasiLeiro :

eM tEmpoS
de gLobAlizaÇão

mAis iNtEnsA,
acELeRaDa

peLa
iNtERnet,

com meTade
da poPulaçãO

suL-coreaNa
viVendo os mItos

do OciDenTe,
inCluindo

os miTos
da IgRejA

eVangÉlica-
pRotEstAnte,

por eXemplO,
fica difÍcil

deTeRmiNaR
o qUe,

no BraSil,
é macUmbA

e sAmba,
feiJoAda,

cArNaVal
e fuTeboL,

símBoLos
dioníSicos

fOrtEs
de nossa

miscigeNação,
já qUe

há um nOvo
riTo de

intEgrAção
rAciAl,

especiAlmeNtE
perpetradO

pEla
iNtErnEt,

qUe
fAz coM

o cOnjUnTo
dAs cUlturas


o que
o miTo da deMocRaCia
rAcial

sEmPre feZ
no BRAsil,

ou seJa,
coNfiGurAr

um refuNdiMento,
uma coRdiAliDade

fUnDaDorA
dE um nOvo

corDeiro
hUmano,

no sEntIdo
de uMa miToloGia

caTólIca:

há maIs
da perMIssâo

abOríGene
no BraSil,

eM tErmos
de rEcAto

sExUAl,
do qUe

em qUalquER
ouTro

paìs misCigeNado
do muNdo.



@#

no caSo
da iNteRnet

qUe reorGaniza
iMagiNários

esPeciAlmeNte
a pArTir

da iNfância
e jUVentude,

não há
maIs reCeios

de se pRomoVer
o qUe no bRasil

se coNstiTui
em peDra

baSilar:
uMa coNstAnte

lEiTura sEnsuAlizAda
do oUtro,

peRmitiDa,
no cAso da foRmação

do que
GilberTo FreyRe

chAmou
de faMília pAtriArcal

bRasIlEira,
peLo

dRaMa
soCial,

e tAmbém
imaGináriO,


exPreSso
esPeciAlmenTe]]

aTravÉs dAs
aRtes,

qUe
oFeNde

aPeNas
os mAis

aRwraIgAdos
seNtiMentos

rAcisTas,
aInda hoje

bAstaNte
viVos,

em tOdo
o mUndo.





@#
16 jul . 2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

miNHa mÚsiCa




naquilo que tens
de amiga,

e naquilo
que sou contigo,

sempre há
algo de calçar

longas letras antigas.

no quinto ato contínuo
desta lembrança mítica

que é vivermos
cinco vezes artisticamente

entrelaçados,
somos

a orquestra
bonita

e sem
modéstia.

em armas ritualísticas,
no que sou,

no que és,
no que posso,

enquanto
representante

de um novo
másculo,

viver e sonhar
contigo,

morrer a amar
em torno

do longínquo
paraíso brasileiro.

terno,
sou o novo

amoroso
de fecundas

e obscuras
regiões

bondosas
e lentas,

sou o pensamento
artista,

sou
o hermético

aposento
em que

buscas o
mais raro

sossego.

sou a labareda
e és oráculo

que pinta.

nesse
ardente

processo,
somos unidos

semente
negra

e vespertina,
abuso

do espectro
de um

deus que
abre-te

como
uma deusa,

coletada
enquanto

pomo onírico
e peito angélico.

a você,
minha estrela,

meu sábio cimento
dessa cidade

que devassadoramente
nos inventa.

meus pés
e minhas urnas,

meus textos,
minhas fortes

experiências,
a amazônia infinita

que nos
pensa,

e nos impele
a força

para outro
forte senso

de justiça.

somos
o belo

e o
feio,

o martírio
renovado,

o passo
mais fundo

que Dioniso
habita,

a cabocla
sensação

de formas
perfeitas

de um cortejo
matrimonial :

te encontrei
serena e bruta,

profetizando
acertos

de contas
entre mitos.

és bela e amorosa
pintura vulcÂnica

seM paciência :

a minha Música RepleTa
resultAnte

dA ciVilizaÇão
bRasileiRa.




Te amo. Marcus
na guerra
do corpo contra

o mundo,
encontra-se

a corrente
olímpica

mente
ocidental

que nos
impede

de rever
o tempo

de um céu
em que

há mitos
românticos perfeitos,

numa congruência
quente e eufórica

entre mar e sertão.

em qualquer
cidade brasileira,

e, por isso,
em cada

nosso
habitante

desta
terra,

repensa-se

o viver mal
sonhado

com a música
de uma sabedoria

estonteante
da mistura

negra, branca e índia.

toda
nossa lírica acumulada,

especialmente
a partir de

macunaíma,

é como uma
boiada em marcha

infinita,

chifrando
os cascos,

e ardendo
em sede.

nesse
tabuleiro

de 1 milhão
de peças,

os deuses

se acavalam,
jurando

inimigos
de morte,

tramando
a revolta

de minas
contra

os marines
americanos,

lembrando
o amor

terno
dionisíaco

que
gera

a
extensa

formação
cultural

brasileira.
A música que

ouves no
rádio,
no punk periférico,

na esquina maldita,
em Renato Russo

e na explosão
evangélica,

no acidente
de carro

que fuzilou
o fundador

de Brasília,

na roda
em torno

das
cabeças

míticas
de Tancredo

Neves,
Lampião

e Cora
Coralina.

Há nessa
roda

viva
a mão

ativa
de nossos

sonhadores
por

um brasil
independente,

arquinimigo
pacífico

da
forte

região
olímpica

perseguidora
de Dioniso.

o meu pranto
já entediado

é pela
sobrevivência

antiga
litúrgica

de uma mesa
de apóstolos

pedro,
fundadores

de uma
igreja

que enoja
os muito

fracos,
os cristãos

que não
conhecem

espinhos,

a minha
pobreza

monetária

a cada dia
mais semelhante

à dos flagelados
da seca,

à dos morros
cariocas,

à dos motoboys
armados

de são paulo
e goiânia,

é por esse
ouro amigo

das minas
reais

do império
ao sul do império

dos Estados Unidos,
e que arte

executa na
formação

de todas as
lavras,

urbanas
e rurais,

do rock
ao sertanejo,

único império
realmente

percursor
de bons meninos.

nesse choro
infindo

de velhas
senhoras,

há muros
e grades

que machucam
o avoar

de cabras
mágicos

como Glauber
Rocha

e Luiz
Gonzaga.

nego o fascismo
que se abrasileirou.

a feia
arte cristã

que se
tornou piegas

ardilosamente
sabota

o alegre
menino brasileiro.

há no monturo
de velhas

esperanças
o rico

feliz
domínio

educacional
e mariológico

de um país
do futuro,

como sonhou
Darcy Ribeiro.