sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

da terRa



os passos da terra 
me dão tua formosa
benzedura ::
fruto bom ::
bem acabada é a espiga ::
insetos, húmus, folhas ::
aves de adoração geral ::
a sabedoria é interestelar,
e nós somos de um
terreiro artista ::
o nosso ordenamento
agora se completa,
e os tempos da vegetação
nos unem :: 

os tempos da sagrada
boiada e seus estouros ::
estouram sementes ::
um galho arrisca no
outro :: um soneto
para o luar do sertão ::
nos completamos ::
sorrisos, alongamentos ::
aquífera vadiação ::
salve iemanjá ::
bem longas e isoladas,
nossas formas
se encontram ::
e é tudo o que pensava
aquele perdão
entre corpos ::
meus dedos estão
mais minuciosos
e teus seios estão
mais perfeitos ::
estamos misteriosos
como as folhas ritualísticas
das benzedeiras
de aruanda ::
e numa rua aberta por
por nosso prazer,
há um plano aberto pelo
aninhamento
que é coser e cozinhar,
juntos,
escolher e realizar,
juntos,
arar, fornecer, dormir
e jejuar,
juntos ::
vamos reescrevendo
um antigo evangelho
para todos os antigos
casamentos ::
uma cidade
tomada por fôlegos
que idolatram
e incendeiam ::
aos teus pés,
muito incenso ::
te trago em meu bico
de pássaro uns pedacinhos
de sensação agreste ::
umas pedras do deserto,
para encantar o pensamento ::
e assim nos enfeitamos,
e assumimos as posições
do sol e da lua, em intenso
conflito, como
nos confins dos lamentos
dos deuses que nos inventam ::
numa nova reunião de pessoas
ou povos,
nos reinventamos,
porque somos artistas,
e pertencemos ao vento ::

++ feliz aniversário, meu amor, vc é a mulher de meus poemas,
e te amo muito ::
 

sábado, 11 de fevereiro de 2017

freudianaA




santo orgasmo de elocubrações magníficas, que salta de jato, me fazendo esquecer o cárcere :: vou nele

a cavalo, bem alto e potente, escrevendo a ponte, a cavalo, a passagem para uma nova coisa, que é
uma concha, meu apetite bem espremido aconchegado, minha cabeça de menino, ali, na noiva :: tudo

é flora e a noite floresce, experimento todos os fundamentos da mulher, sua fundura, seu músculo
escamado, sua doação de energia branca que refaz minha perfeita realização :: eu precisava de ti,

menina, ao meu lado, encenando, no escurecer, na hora da polícia e da insatisfação :: estou agora bem
velhinho, e meu estertor ainda é quente, e aqueces, furiosa, meu ser sábio e experiente :: engulo 

iogurte,
e domino as vertigens que a linguagem me proporciona :: são teus raios :: o homem que de ti foge não

domina teus meios, tem medo de tuas unhas, labirintos de línguas, tuas mãos de tesoura, tem medo das tuas âncoras de tecedeira :: explode




a rivalidade entre os homens, para ver quem te come, quem cozinha e ama em tua toca, aconchegado

em teu útero, teu codinome secreto, a comida que dás, escondida, sob a forma de elucidação para

o dia a dia :: estou bem louco, porque és secreta, dentro dessa boceta, uma mulher em chamas :: se
freuD te encontrou, eu te quero, com todos os teus seios, com a música dos beatles, na colina :: sou 

teu
passarinho secreto, amainador da favela :: se freuD te encontrou, há um desespero, que me mantém

desperto, um estertor sempre efêmero, a conduzir o espaço, um escorregar de frutas no pé, algumas dessas frutas, com violência :: nessa grande

escola da vida, no pátio em que me organizas filósofo, a partir de tuas bonificadas trilhas de suor
e santificação, eu escrevo, eu organizo :: eu escrevo, eu organizo :: eu tenho orgasmos, e minha

gira de caboclo é uma pregação :: mão no pé, chão de milton nascimento :: e escrevo :: ó mulher,
porque me manténs tão escravo, tão aproximado ao povo? :: me deixas em meio à confusão, para que

eu fique confuso :: à noite, eu vejo fantástico, na geração do mantra sagrado do povo, que o constrói :

ó mulher, com mil estrelas na face, escreves o destino da nação e migro para uma dolorida condição

de classe, onde sou cometa a te servir, a atender a teus desejos DE MÃE :: nunca tenho nada, a não ser

esses carinhos da escrita, que se esvaem, e a energia do teu carinho me aquece :: já não mais me organizo

sobre a face da terra, tudo está montado, e gozo, e meu orgasmo é o meu homem-ninho :: o homem








que sabe gozar, não se importa com os outros, e a ferocidade :: um homem que sabe gozar, e prender

a sabedoria dos lábios de mel no olho, repercute a semeia, e domina todas as mulheres, as empreende
em leitos que esguicham sonoros uivos, experimenta da santa orgia na confecção de todos os traços

das literaturas, na elaboração dos diademas :: e a beleza eterna feminina ergue seu gládio, sua feição eterna de puta,

querendo todos os pensamentos do grande sábio, a irromper em todas as portas, aos domingos,
na alegria dos churrascos e dos voos genitais com a bola, e o povo ovula com maestria, prepara uma 

nova
semana, uma nova elegia À forma letal e contagiosa de estar sempre vivo, e as palavras serão sempre

meninas, a me consolar, fazendo danças, a me consolar, que me levam para o alto do quarto, onde
dois seios condizem com o demônio sagrado e enfurecido, que todos os dias me desassossega e me 

conduz
para o quarto :: seios de deus, sagrada vagina, gemas para minha imaginação menina, a colorir meus

sapatos de fauno :: sou apresentado a ela, que, como dEus, é maravilhosamente múltipla :: um sânscrito

em meu quarto, uma sala de como-ir, a mesma que inventou guimarães rosa, e eu já não padeço ::
engulo banana, engulo tapioca, e uma mó antiga me transforma em gente antiga, gigante de ébano,

e o começo do sexo com a língua me incendeia :: eu sou o início da porra toda, eu sou a mais fina gente

sem elegância, eu regurgito todos os males, e ressuscito ::

:::++ escriTo em vinte e quAtro de maio de dois mil e quinZe ::++



domingo, 5 de fevereiro de 2017

uma não-moRte

quem sabe a internet não virá a nos transformar em uma grande colmeia, para quem, efetivamente,
se produz um néctar :: mesmo que, até lá, polulem os temíveis pecados da inveja e vaidade,
a modo desmedido :: nesse néctar vai estar a sabedoria de nossos pensamentos, depois de os gastarmos
na estripulia de danças opacas, deles surgindo sentimento, ou expressão pura, apenas cores e sentidos ::
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ressurgirá a dança, na rua, desvairada, formando círculos em volta e um estremecer do chão :: que o arruaceiro
que há em nós nos premie com o melhor de sua arte desenvolvida com os pés e as pernas, a força da aglutinação muitas vezes
hostil e virulenta, o controle espantado sobre nossas próprias capacidades de cura e recuperação,
o lado viril e másculo, o lado fêmea, o frÊmito, o combate, a alucinação em favor de uma

não-morte ::
uma capoeira no limite da malandragem, abstrata, explícita, andrógina e universal ::