domingo, 30 de abril de 2023
sexta-feira, 28 de abril de 2023
○○ amuletos e proteções :: santíssimas
vontades de prever
de melhorar
tudo,
o vestido
ou os
músculos
da deusa ::
++●●●
são arremedos
do pensar
sem
medo,
por isso
pensar
com deus,
pulsar
divino ::
++++
deus
não
teme
e em
razão
disso
não pede
passagem ::
+++++++
apenas
é rio
que arrasta,
leva
consigo,
rumor
dolente
ou delicado ::
°•°•°•°•●
de repente,
sem
pressa
ou falha
de opinião,
ele já
passou,
já criou,
já gerou
novo fruto ::
já** pôs
a mágica
da ventania
em funcionamento
sem
base
mais importante
que sua
própria
temperatura
elevada
e risonha
de fulgor
antigo ::
++
deus
é poesia,
sorte,
adivinhação ::
deus
na ponta
da língua,
ou na palma
da mão,
ou amarrado
no cabelo
em fita,
planta
atrás
da orelha,
é pontiaguda
alegria
e gostosa
gargalhada
contra
o malogro ::
○°
onde os
reis
altos
imperam,
há empoderamento ::
verdades
vernáculas
da bahia
em banhos
de folhas,
alecrim
e oitocentas
mil coisas
de cheiro ::
tudo isso
é parte
da visão
mítica
do bRasil
que
responde
por carismáticas
vitalidades
de resistência ::
povo
bento
e brejeiro,
almas
antes
nuncas
vistas,
mais
outras,
já essas
bem
conhecidas,
que vibram
sonoras,
saborosas
e altaneiras
em despachos
ou terreiros ::
ai quem
dera
ser
eu solanácea
ou espada
santa
de santo guerreiro,
divino
arpão
contra
a vaidade
e arrogância,
combatendo a maldade
ou a falta
de amor ::
quem
dera
eu ser
onde
se
destrava
o reinado
de
exus
e pomba-giras,
redemoinhos
corpo
das
molas
propulsoras
de caboclas
ondas
salvadoras
nos cruzeiros
do país ::
tudo
isso é
proteção
e unguento
às feridas
trágicas
do sentir
e ser,
àsdificuldades
causadas
pela música
do existir ::
é proteção
à paz
dos
merecedores,
dos
parceiros,
dos malungos,
camarás,
é revelação
dos olhos
abertos
dos assombrados
do mundo ::
sexta-feira, 7 de abril de 2023
há meninos que sentem a doçura de serem meninos :: nessa revelação crística, negra e
indígena
mora a sonhada visão do paraíso brasileiro :: meus pares mantém-se em cordial distância,
recordam
medos originais, casas de onde saímos, as pólvoras e explosivos, os nossos melhores
momentos
enquanto dores insuportáveis que será preciso carregar, ordenhar, tornar brandura :: quanta
ócio a nos divertir :: quanto bom pensamento ::
porque sou andrógino, consigo captar tais essências, mesmo rigorosamente excluído do modo
legítimo de pensar e escrever nossos atuais livros :: porque sinto o sonhar de menino lusitano,
eu consigo :: as damas da morte me consomem, revirando meu cadáver, assando-me,
cozinhando-me ::
sou pequenino então como elas querem, pesquisador de um mito que forme bons revólveres,
formas novas de rock, de tiroteio :: olhar as damas nos resolve, seus amplos olhares sobre nós
mesmos :: quanta cordura na amplidão do vaso líquido de iemanjá, da negra doce e informe
como
um líquido amniótico, pai e mãe da sagrada menstruação que é estrutura do mito :: minha
mãe menininha, meu irmão
com melhores influências, a brincar com poesia ns ouvidos :: como somos espelho! :: como
rimos com natural cordura :: há uma elegia
ao prolongamento da história de nossos deuses :: cada filho consumindo energia e
proporcionando
visões :: ah!, tomada romântica de cada pequeno gesto com que brandimos nossa desilusão ::
o mar
oceânico ((o inconsciente do mito)), inconsciente e pedagógico, protetor involuntário, pode o
pensamento
trágico :: ossos e mais ossos, os ecos de uma guerra dos farrapos, a revolução :: com seu
espelho,
iemanjá nos direciona e cuida de porto alegre, dos bairros, das enseadas, da tristeza :: penso
nas maternidades, que são, antes, aquários de seres marinhos :: podemos todos ser habitantes
dentro da barriga da baleia, filhos dos cuidados da vagina? :: essa velha planta fantasmas, é
pacienciosa
com seus filhos, tece milhões de arabescos, sensual, inumana, ritualística :: ah, voduns e
bruxarias ::
os maus meninos que me tornaram tímido, irriquieto de vergonha,
verão o sonho de sua sensualidade elevar-se :: tornarem-se másculos elevados como
população ::
e o manto de oiá colore o ritmo :: ah, essa mãe, que nos dá a comer arroz com feijão :: pintanos
a ferro, nos faz brasileiros no suor de cada dia :: o que é bonito é sua doçura imensa, como no
colo
da família, no colo eterno, na rodovia do ônibus, no bairro assunção :: a realidade nos fantasia,
amigos, e quer ser cada vez mais
realidade ::
que bom poeta e trovador, que martelo infinito de xangô que aqui não é pixinguinha, mas
tarot
filosófico que recorre a galos de rinha, anímicos, gloriosos como capitão rodrigo :: sou filho
dessa
sensualidade, sempre neto, eterno, de bibiana, e nas carrocerias, nos andores, nas passadas,
pesadelos, iluminações e correrias, acordo pensamento, escrevo novas portas de visão sobre
o infinito :: quero todo o rio grande como quero menstruação, e se já cometo o nirvana do
incesto
que confere glórias ao machucado guerreiro ao infinito, é porque mereço, é porque sou
menino
som, guerreiro e altivo, neto de milton nascimento :: as plagas e as bonitas, os lenços, os
favores,
agulhas e pincéis :: as estocadas de lápis, de olho, de cada pintura exótica pintada pelo olhar
de princesa
das ondas ovarianas a nos carregar e fazer reproduzir incestos fantasiados de televisão :: o
prazer da província,
o som da rbs, a tímida revelação da grandiosidade humana em seu caudal de visões maternas
benignas do curral :: os litros de leite a alimentarem a tropa pronta e destinada ao abate :: a
minha
visão, a minha filha, a minha fala :: nos tornamos narrativa agora evocada à luz elétrica porque
escorre
da coxa morena a menstruação sagrada, vitalícia e plena :: cada bobagem vale a pena, quando
dita, repetida, codificada, porque vem dessa origem grega, de uma gente homérica :: e eu sou
o suor
de minha gente, transformado em gentileza :><