quinta-feira, 30 de junho de 2016

ligar-se à brasilidade requer imaginação :: sem criatividade, não há esperança, sem amor, à terra não descem as lendas, os mitos ::
nessa semana derradeira, mais do que nunca precisamos nos concentrar na lembrança do que realmente
é ser brasileiro :: a rede mídia de comunicação que nos consola é como a favela em seu aspecto hostil,
de brutalidade a ser batida :: é uma função externa, um cano de esgoto, mal implantado, como extensão do sistema
comercial industrial :: e nos quer fazer ficar fortes para encarar a luta do cotidiano :: não se deve negar
esse objetivo, mas levemente há um mal que se instalou entre nós, plenamente visível nesse tenso
momento em que somos brasileiros esquecidos de como se organiza a desorganização, porque atingidos
por dardos de inveja em nosso ponto fraco, qual seja, o espelho (a mídia) com o qual nos admiramos
e inventamos novas piruetas de garrincha :: a seleção inteira se abala por essa carÊncia, e seu desempenho
ainda um pouco ralo é fruto de tal arranjo, orquestrado pelo influente capitalismo internacional,
os navios negreiros de sempre, os mais ancestrais, a nos carregar rumo ao infinito :: encarar a mídia como
instituição social brasileira, e todas as suas porcarias, agora requer ser brasileiro de fato, dando nela um jeitinho :: não
é perdoar a globo, ou isolá-la :: não é excomungar a rede neopentecostal de televisão :: é aliançar-se com a lembrança do que nossos heroicos antepassados
fizeram, no início
do século XX, na favela, quando o samba surgiu :: ou com a lembrança do sertão miserável que proporcionou
toda a divina beleza misteriosa do nordeste mítico, que a tantos encanta :: em ambos os casos, exemplos de vida miserável habitada com rigor e luxo ::
essa é a essência da cultura brasileira :: a rede mídia de comunicação não faz nada por esse brAsil profundo, mantendo-nos escravos um pouco mais
felizes, enfeitiçados de certa forma por possibilidades de estilo como o que neymar, por exemplo,
adota :: nosso povo está gago, não sabe gingar :: nossos meninos da favela perderam o balanceado
perante o mito da ostentação :: a globo não ostenta, com suas estrelas (angélica, luciano huk, roberto
carlos etc.? :: é a mesma coisa :: já o neopentecostalismo manda afugentar satanás, e a mandinga cabocla de outrora reside
na espera de que seja resgatada :: essa mandinga não manda fraquejar perante tais dificuldades,
mas manter a magia do encanto divino que reformula a toda hora a ética, sem perdÊ-la, e com o jeito
eficaz de resolver nossas intrincadas complexidades sociais :: manda enfeitiçar o adversário com nossa beleza mais natural, que é a
graça da folia organizada em torno da beleza feminina ((como aparece no carnaval)), forma mais brasileiramente autêntica de resistÊncia :: não haverá nova geração
espetacular no futebol, como a de pelé, tostão e garrincha, sem esse reencantamento :: usar sua herança,
ao mesmo tempo, pede uma residência mais demorada no coração da brasilidade :: precisamos honrar
esses mitos, tentando lembrar porque gostam de nós lá fora :: cultura popular se canta e extravasa, não comporta
o padrão globo :: intensamente se deve sonhar com as linhas de frente e fazermos desfilar nosso valor real :: o brasil guardado
no colo da nação é um eterno menino, pronto sempre a se divertir :: nossa mão-de-obra assalariada,
acostumada à labuta, se labutar nessa missão consegue espantar nosso mau momento, nossa cara de propaganda
de banco :: ser brasileiro não é quebrar o banco, como fazem os black blocs, mas transformar a coisa com o calor
e a nossa ternura :: há uma magia de afeto inconsciente que nos qualifica, a par de todas as dificuldades ::
melhor, que se vale de tais dificuldades para processar uma química de amor e sensualidade perante o
mistério do abismo da morte e da escravidão :: o pior que aconteceu a esse país nas últimas décadas foi confiarmos nas formas da indústria cultural,
deixá-las caminhar sozinhas :: o mal perverteu, o uso da vaidade extrapolou o limite necessário ::
a sabedoria brasileira está em saber-se bonito sem importar-se com a opinião alheia, deixar-se sambar
sozinho, de modo original e criativo :: mantém-se o vínculo social sem o espírito de manada bruta ::
evidentemente, é algo difícil e arriscado, um labirinto para o amor e o sujeito, cheio de armadilhas ::
nossos mestres da fantasia, no entanto, mostram como a brutalidade de um sistema de negar a beleza
autêntica do povo (negra e indígena) pode ser combatida por meio de tal espírito de civilidade, como
fez, por exemplo, o grande sambista cartola, que permaneceu anônimo até quase o final de sua carreira,
longe dos holofotes, mas sem perder, nem a vaidade, nem a beleza, tornando-se por isso um mestre ::
os meninos do funk estão perdidos, enfileirando bundas, carros e garrafas de uísque :: a tração dionísica
desse gênero musical, que assumiu o lugar do samba na favela, precisa ser redirecionada, com brasilidade,
ou seja, aproveitando a informação existente, mas acima de tudo louvando-a com a massa amorosa que realmente
nos constitui, essencialmente respeitosa ao feminino das negras amas e deusas indígenas da floresta ::
como nada que é do povo, no brasil, recebe real valor das instituições estabelecidas, a televisão foi deixada a sós,
nossa cultura inteira :: o bolo econômico cresceu, mas perdemos o rito de transformar pedra em vida ::
a alegria com cara de propaganda de cerveja é forçada, e a violência vai solta :: há uma cordura, um caldo
em fermentação que nos condiciona, atualmente órfã da malemolência de grandes mestres :: precisávamos
mesmo era de um grande zumbi da cultura e da imaginação - e deve-se entender que esse grande zumbi é eminentemente coletivo,
mesmo que catalisado por uma ou outra liderança :: só essa força coletiva nos tornaria capaz de avançar
perante o império, fazendo brotar com epicidade, do coração brasileiro da favela, novas bondades
como foram a mpb, a bossa nova, oscar niemeyer, tudo isso na boca do povo, com intermediações, nuances,
trocas, verdadeiro comércio de informações entre a elite intelectual e a própria boca do povo :: de modo
fantástico, esse heroi hoje É A INTERNET e saber usá-la também requer brasilidade, senso de oportunidade,
malemolência :: entender que somos a mídia a aquecer nossos corações com requintes que adornam
o cotidiano :: que o fazem digno, gostoso e merecedor de ser vivido :: usá-la do modo como se preparam e apreciam nossos
melhores práticos típicos, cada um em sua região, elegendo o sabor e a sensualidade, mesmo que implícita,
como remédios que produzem a felicidade e a longa vida :: crianças, pensem na internet, vivam seu conteúdo,
pratiquem a cordialidade :: entendam nossa espírito, cultivem a miscigenação e o amor à natureza
e à beleza real do mundo inteiro :: e que se esses pensamentos cheguem ao coração da favela :: na intimidade da vida cortada a
ferro bruto, dos becos e vielas, é que se orienta o novo, a ser brotado do grande depósito de seiva bruta humana que nos alimenta, enriquecido pela
junção das trÊs raças que nos compõem :: e que cresça, nesse momento, de espanto, a leveza de um novo sopro,
sobre nós milhões de brasileiros :: é realmente o que desejo, nessa semana derradeira, em que o motor
da vitória requer a ativação daquilo que somos enquanto nação magnífica 

terça-feira, 28 de junho de 2016

bRasil feio

a maior feiúra do bRasil se encontra numa formação esquisita que relaciona violência policial, música
brega sertaneja, neopentecostalismo, corrupção política, ideologia neoliberal e a permanência

dos traços arcaicos de nossa eterna casa gRande :: nunca o bRasil esteve tão feio, provavelmente
como resultado da junção desses ingredientes todos e o rumo que não poderia deixar de ser tomado

por uma nação capitalista do mundo "em desenvolvimento", de dimensões continentais, nesse início século ::

a cultura de massas, 30 anos atrás, aproximadamente, começou a acentuar a probabilidade dessa
falta de beleza :: expandiu-se a pobreza espiritual :: o povo carece de referências :: a favela retrocedeu,

na esteira da falência da brasilidade que lhe era própria :: o mesmo aconteceu no que diz respeito
ao horizonte da música sertaneja urbana :: aqueles arcaísmos recolhidos por villa-lobos, no interior

do bRasil do início do século XX, e agregados ao repertório mais refinado de nossa cultura, simplesmente se encontram soterrados ::

seu rumor tornou-se inaudível para as novas gerações, desde que sua última reverbaração, fruto da revolução

tropicalista dos ano 1960, deixou de fazer efeito sobre a alma de nossos artistas criadores :: nossa massa,

criada nesse período, e aumentada pelo aumento do poder de consumo, encontra-se absolutamente
desconectada da raiz :: somos nesse momento simplesmente um país sem cabeça, abrindo a passagem

para fenômenos como o nazi-fascismo de eduardo cunha e jair bolsonaro :: sem beleza, é impossível
viver :: sem beleza, o rito da sociabilidade geral da nação se deteriora :: o bRasil sofre nesse

momento

sua mais grave crise de identidade, e o governo do pT, infelizmente vítima de um golpe de estAdo,

vinha sendo uma importante via de construção de resistência frente às forças perturbadoras de nossa soberania

estética ((forças tanto internas como externas)) :: que fazer agora? :: como superar o imenso abismo
que nos separa de um futuro autônomo? ::


Nesta produção, que é muito mais uma experiência, um ensaio aberto, do que uma narrativa de estrutura fechada com início-meio-fim, tradicionalmente entendida por produção cinematográfica, a dimensão ritualística da obra glauberiana é levada ao extremo. Trata-se de uma pajelança, um rito que mescla práticas religiosas indígenas com elementos católicos, espíritas e de seitas afrobrasileiras, “uma missa bárbara”, como o próprio cineasta definiu, que celebra a ascensão de uma nova divindade, o Cristo do Terceiro Mundo, o Cristo múltiplo e coletivo, constituído pelo povo em seu êxtase místico. Um Cristo que não é o do martírio na cruz, mas o da ressurreição, da libertação, cujo percurso é retratado por Glauber por meio do uso de linguagens diversas como a poesia, o teatro, a entrevista, a farsa, o documentário.

https://abralic.org.br/eventos/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/062/ANNA_FREITAS.pdf

domingo, 26 de junho de 2016

luLA ++

a lenta profusão de mitos :: eis u
ma forma possível de enunciar o
processo de impeachment :: quem
vai negá-lo? :: quem vai negar que
 lula e antônio conselheiro são frutos da mesma árvore redentora? ::
a perseguição de ambos, a negá-los co


++++++++                                   ((((((((((((((((9999














m energia masculina impiedosa :: a força de uma braço conservador,  +++++++++

))))((((
hoje em dia nazi-fascista, que teima em ridicularizar o brasil feito com as cores do sertão ::

domingo, 12 de junho de 2016



friO




a vida que aqui se desenvolve
entre ponchos e abas ::
e se não falamos a linguagem
do frio, não 
alimentamos
a vitória :: que região
requer
mais a vitória
do que aquela
dos píncaros
agrestes? ::

domingo, 5 de junho de 2016

a sociedade inteira pede nosso respeito :: que fazer, então, se não concentrar-se em atitudes respeitosas? ::

levei e levo muito tempo nessa riqueza de formulação :: o fornecimento que agrada ao país inteiro,
por sua especialidade gentil :: sonho com tudo, e nada me socorre :: estou perto de atender aos apelos

da virgem :: andar nu no paraíso, com a altivez aberta do altíssimo, que esquenta seu pranto e se embriaga

do perfume dos cinco véus e muitos vestidos, a rendilhar países :: vim ao país sem fundamento, desci ao inferno, somente eu continuo aqui :: na verdade,

o pensamento capturou de milhões de anos atrás uma forte água para o sagrado e secreto batismo ::
estou aqui com tudo, rompendo os quilates, altivo no pertencimento à grã-ordem :: como é secreta

essa voragem, e como me consola um pássaro que me vem à cabeça, de anel com o mundo :: oro,
mantra magnífico :: a rua podre me fez :: oro ao poderoso abacate, sua honra escura um pouco podre,

me fazendo segurar o fervor, de modo a que a cada dia ele se torne cada vez mais figurado, em cavalos

de são jorge, em pensamentos de bar, em espadas de são caetano :: ora, ó visão infinita de voejar
misterioso do grande poeta, a mente esperta entre lavradores e cangaceiros, donde dioniso cometeu

no incesto uma celebração :: meu exu misterioso com suas portas meninas, sua visão sábia e perfeita, a roubar

solfejos e a abrandar desejos, misturar com doçaradas, e meninadas, e trinados tranquilos três vezes
misteriosos do coração pacífico, multifacetado :: meu exu faceiro, a recolher plantas e apascentar

diabruras, todos os dias cozinha, com limão e salsinha :: recolhe mel com bravura, apura caldas e torna o

brando com ainda mais açúcar, lavrado e róseo embranquecido :: lava as roupas, douras as almas, vai vasando seu excerto

para o mundo, toda a maior essência, que é americana, em coração de estudante viajado ::  oro, meu coração de poeta, meu caboclo

caborteiro, verdade que se apruma enquanto tudo se desalinha :: e és tu o angulado generoso, o coronel

de dentro do matagal impiedoso, o senhor mastigado e condoído, a fórmula secreta :: caído, pois escolhido a dedo,

porta-voz de arco que avança para o futuro, avantajado ::
entendendo as profundidades e do amarelo :: sempre pronto, sempre ultrajado, a verter uns
transportes

do que se é por dentro, na iluminação dos polpas e dos cajados, na visita aos íntimos do xamã :: uns índios são os

teus pais e iluminam os teus passos, cantam em segredinho, te banham de paisagens que doem :: queremos

um brasil farto, te dizem eles, e a cada caetano, ou roberto carlos, o sonho embala os brAsileiros ::
quereMOs iluminação farTa, porque agora é a tua colheiTa, e eu recolho os meus mantos, minhas

forças puídas, meu pandeiro esperançoso, na colheita desse pago ::


sábado, 4 de junho de 2016

marCo do triunFo


torno tudo mais bonito
orno tudo
e meu olho perfeito
inquieto aquece ::
ésquilo, sófocles
ou aquilo
de leminiski ::
águas de impaciência
não relativizam
a bruma que
nos separa
do bom coração ::
quando saio,
há corolas
que aquecem
pátios internos,
minha propriocepção
do zodíaco ::
é tudo muito
velho ::
é tudo
muito arcaico ::
e eu quero
ser apenas
como
o movimento
armorial
de barros,
led velho
zeppelin,
ou o vento
intenso
de candura
coralina ::
quente,
fico ::
quieto,
contente ::
aparato
unívoco
do novo
horizonte ::
aparato
do onírico,
para raios
dos sentimentos
tântricos
do olimpo ::
propriocepção
e meu esquema
de vidência ::
a mulher
com seu bico
de pássaro
e os temperos
para o 
assado,
o comer
prazenteiro,
me permitindo
a paz
dos arvoredos
cobertos
de garças,
como se
os cansaços
doessem
menos ::
bato
com a
cabeça
em uma
pedra
desse arcaico
pátio ::
e é como
se eu
batesse
a pedra
de um isqueiro,
cumprindo
minha
função
de facho,
iluminador ::
acho
que eu
sou marCos,
os limpador
de mesas
compostas
de sangue,
após múltiplos
assassinatos ::
eu sou
marcus,
o ruminador ::
estanho,
latão,
casas de cobre ::
forças
que perfuram
e arranham ::
espantos
vistos
a partir
do endurecimento,
sem
indolência ::
tenho
uma
capacidade
de santo
guerreiro,
espantos,
ervas,
cura e sal
para as bicheiras ::
eu sou
o bRasil
antigo
e arcaico ::
eu sou marcus