sábado, 25 de novembro de 2023

 sempre tem alguém  passando por mim ::

me recolho,

assim,  de um modo originalmente anímico, o social desprezo me revela único,  sou verdadeiramente  pisado, e verdejo :: j

eu sou sábio, e as bandeiras abrem-se para meu denso pensamento se formar :: todas as bandeiras  que dizem que não  sou ninguém, e assim ninguém  vou sendo ::

ninguém me recolhe do chão porque eu sou a rua, assim, uma espécie de puta, que recebe tudo para agradar a todos ::

minha cabeça  onomatopeica, imitativa, mimetizadora, é solidão, se eu agrado ao namorado, ao doutor, ao soldado, ao velhinho malandro ou assanhado ::

é pessoa amarga que passa por mim, é pessoa branca, é pessoa vítima de violência, e eu sou um pobre acuado, redigido enquanto memória, ofensa, homem sábio, aprendiz, malandro, oferenda ::

ando ligado nas horas altas da televisão magna imensa  irrepreensível  e no fluir da boiada permanente e possante, em tudo o que anda e é movimento ::

e descubro-me um menestral vivificado pelo fluxo do simbolismo arcaico, região dourada que me torna rei, avaliza meu ser de menestrel ativo em corpo de índio, um soldado, beirando o desespero, mas altivo e sonhador ::


ninguém pare sem labor uma boa hora de comunhão, ninguém  faz isso sendo raso e por isso e som toma conta de mim e eu lavro o som das personalidades alheias, das personagens, suas pastas, embrulhos, obsessões, tudo o que delas cabe


eu tatuo o que nelas meu mistério erótico  segredo e com isso meu passar é demorado ::



eu sou esse sexo intenso com a espiritualidade, muitas vezes um demônio de duzentas vidas ardendo e doendo em um pátio arqueado por andam melíferas compensações, meu terreno, sempre sem cansaço, sempre altivez ardendo, no compasso alquímico das cidades, ao insistir em ouvir o que se está dizendo, escutar tudo e até  com violência no limite das intoxicações, no perdido das luxuriações, no olho estalado do conselho atávico que bem diz o amor ::

de set 2022 +++

terça-feira, 21 de novembro de 2023

sobRe o 20 de novembro






nossa sabedoria coletiva ancestral apronta uma grande túnica, cheia de símbolos que abrem a brasilidade, a expandem revolucionariamente até ::


entre esses símbolos, estão os da negritude que nos banha desde nossos primórdios enquanto povo ::

não é pouco :: áfrica indígena lusitana :: roma escura :: uma população hoje de mais de 200 milhões de pessoas, um denso depósito de verdades civilizacionais qie se conjugam prioritariamente em nome da revelação do bem, da ética, do amor necessário a qualquer tipo de grupamento humano que almeje atravessar e permanecer no tempo ::

a crueza desse destino nacional, lavado em sangue negro e indígenas, como dizia darcy ribeiro, permite pensarmos a nós mesmos como um poderoso mito de revelação humana, tão forte quanto os mitos das religiões monoteistas aflorados no oriente médio :: e com destino portanto igualmente glorioso, especialmente se pensado no contexto da america revolucionária, a américa que revitalizou o ocidente ::


((sobre o 20 de novembro

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

viRar gente



consegui um dom humano para mim, um derradeiro virar gente, eu que não conseguia ser delicado como julgo ser importante, necessário :: virei gente, posso dizer, com pouca margem para o maldoso cachorrão, o cão, diabo, demônio ::


meus sábios aconchegos, e eu sou gente :: o pensamento qualificado, integrado à natureza, agora possuo a púrpura do passado, ganhei um alto grau de poesia me coroando a cabeça, cocar mítico que liga-me ao passado desse lugar ::

agora, só amo, por congraçamento de muitas águas, amo tudo, e muito, perdi o pendor ao fluxo mal conduzido de saber e poesia :: agora eu uso tudo, reduzindo o desespero causado por certos sinais ::



:: sou leve, sou lento, já não sou ninguém sem meu chapéu de carroceiro do mato, e tudo isso é como se fossem óculos para mim, lentes que transmutam o mundo, e o livro geral do gozo se abre :: tudo é lindo, tudo é música, se aceito esse ser regional, e essa literatura afro-indígena que me acolhe :: tudo é terra,  é letra, e eu me farto desse leite :: não sou tipo nenhum, nem jornalista, nem consultor, nada :: sou o começo de um corre-corre, uma gira de vontades de comer e de perceber o que somos, uma múltipla identidade :: estou cheio de voragem, e sou goiano, porque aqui um certo gosto por infinito me acolhe, um pai eterno e uma mãe galhofeira, um querer anímico de hospitalidade mediúnica e salvífica :: nao quero nada, sou só mesa posta, óleo, gengibre e alguma confusão:: tudo muito simples :: boi e tempo, chapéu e manto :: eu sou de cobre, de urucum, de cheiro de pimenta, eu sou geral, doído e pobre :: e eu sou goiano ::