domingo, 29 de dezembro de 2013

não haverá sossego, nem nunca haverá desalento ((sobre Sam Alves e a cultura do bRasil...




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sam alves é nossa mãe abandonada pelo seu pai, um bRasil de negras índias que vão atrás de seus herois
americanos :: nossas mulheres querem principes, e a cultura americana e um cavalo de tróia que desembarcou

aqui seus soldados :: estão nos roubando a alma! sam alves parece um príncipe falcon, que nos fala dessa escola que faz falta ao bRasil, e que produz toda essa breganização,

tão próxima a nosso coração de menino pobre, sobretudo indígena :: essa lado moleque do bRasil
precisa reconhecer de vez, e de volta, sua verdadeira mãe cabocla :: as revoluções antropofágicas de 22, 67
e da década de 90, com
Chico Science, tiveram como primeira sábia atitude volTar ao matriarcado de pindorAma :: busque-se
a verdaDe no disCo mais neGado da históRia da MPb, como Araçá Azul :: na imitação de um bebÊ que ouve
o ventrE materno, caEtano soube reentrar no brAsil, para reencontrar-se com Chico Buarque, e fazer nossa

década
de ouro, porque aqui também estaVam Milton Nascimento e todos os demais :: esse olimpo brasileiRo é desígnio artístico de orixá :: narrativas

já surradAs de tomzé e mautNer dão conTa dessA simbiogênese, quanDo o bRasil surgiu junto à própria contracultuRa

norte-ameriCana, dizendo não há racisMO ::

há raiz de caboclo embutida nele, há um negar das eletrificações artísticas ocidentais, para, a partir de sua docilização,  misturá-la com candomblés e maracás ::
nesse olimpo brasileiro há do mangue, há da droga em que é ter os  dois pés enfiados no paraíso

obscuro da mulher :: há que se estudar e dissertar sobre tudo isso, e montar um céu com as referências como se de

uma igreja surgisse não uma religião, mas uma cultura musical sabiamente libertadora :: sobre a cabeça os aviões da América do Norte com certeza nos bombardeiam,

e todos os novos meninos que souberem reconhecer esses sinais estarão fazendo algo pela cultura de seu pais ::<<<

não há droga super potente, como na revolução hippie, há transcendência cabocla experimentada em pequenas doses,

a partir de nossa própria realidade ultra-realista, o bRasil e suas legendas de forte violência e contraDições
a desafiAr uma intelectualiDade própriA, natiVa, cabocla, como quiseram Glabuer Rocha e Darcy Ribeiro ::

intelectuais desse calibre pouco tivemos ate agora e, segundo Darcy Ribeiro, somos fracos e covardes no amor à pátria, e por isso uma pátria "descabeçada"

pela falta de pensadores que amem de fato seu povo (incluindo o amor os continentes do brega, do funk ,do pagode e do sertanejo) :: essa fraquEza responDe ao medo do matriArcado,

e não precisamos nos preocupar com ela :: cotidianamente, inclusive com a ajuda bruta de São Paulo e seus atuais

"rolezinhos", estaremos a enfrentando :: é uma missão para herois, e por isso já se sente tanta falta
do novo tropicalismo antropofágico que, com certeza, virá sob insuspeitas capas, provavelmente

misturando a favela a mangues improváveis que a qualquer momente podem surgir por todo o bRasil,
via internet, do Uruguai ao Amapá :: sem sofrimento, não há mangue, e sem mangue, não há brAsil ::

como assumir o trono de Cartola, que é ao mesmo tempo um túmulo? nesse novo bRasil de agoRa,
que se faça o impossível, que é perdoar a mãe terra por todo esse desatino, que não tem sossego, nem

nunca terá, mas  que conhece inumeráveis formaS de acabAr com todo essE desaLento :: !

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

há um mAr na redE



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há tanta reprodução de cada um nas redes, que se trata metaforicamente de uma praia, onde toda
beleza é válida,

pois há sol, areia e mar para todos, e ninguém pode pensar na injustiça de produzir discriminações - as normais da vida cotidiana,

como regulações, obrigações, moralizações etc. :: agora que há na rede uma grande festa, como uma cerimônia em que se insinuam muitas maneiras de nudez, o pensamento

obsceno, pornográfico - que alimentou sempre as condutas de caráter desviantes, os maus-olhados, os métodos cruéis de tortura e trabalho -

tal pensamento tende a arrefecer, tende a ser domado por uma miríade compensações sutis, presentes no dia-a-dia, decorrentes

do imperceptível jogo de ver e ser visto, um jogo de nuances, que ocorre nas indiscrições inconsequentes, ou inocentes,

quase edipianas, do filho que sensualmente surpreende a beleza da mãe, ou vice-versa :: nessa onda
quente de sublimação social que são as redes, os pais conquistam autonomia com relação aos

filhos, que se sentirão mais felizes e sozinhos, e portanto autônomos, pois estarão na rede, acompanhados
por uma grande olho comunitário e humano, gerador de paz e consciência, de reflexão e de novos projetos de

juventude : pensando com Bachelard em uma imaginação da matéria, pode-se tornar a rede metáfora
de uma água fresca e cristalina, onde a alma humana

se limpa de ódios produzidos pelos maus olhares, pragas e agouros decorrentes da má distribuição da possibilidade contemplativa :: ver, olhar, levar-se

ao longe, ampliar horizontes, tudo isso anima a alma, e a reanima :: fabuloso artifício, as redes sociais estão tendo

o poder miraculoso de uma feitiçaria moderna - produzem o reencanto, a transformação dos trabalhadores
em cinderelas :: um milagre,

tão importante quanto o fenômeno da produção de alimentos o suficiente para satisfazer uma população humana crescente ::

o tempo humano chegou, e o amor torna-se a cada dia mais resplandescente ::>>

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

a rEde e o espelho de IemAnjá



ao escrevermos todos os filmes de nossas vidas, nomeadamente por meio das redes sociais, com certeza
gera-se o sonho

por uma história boa, um filme maior que todos, que agregará de modo inconsciente toda essa contribuição coletiva ::

hoje, as pequenas histórias de cotidiano narradas na rede são os suspiros que, antigamente, não encontrando melhor vazão,

eram obrigados a transformar-se em silêncio ou reza :: hoje, conseguem formar, com a matéria-prima do próprio cotidiano, sagas de múltiplas narrativas e

múltiplos heroísmos, onde cada um aproxima-se do sonho artístico de representar a si mesmo conforme
sua própria subjetividade ::

o poder de narrativa conferido ao povo forma o novo tempo artístico do país, em um processo mais amplo e profundo de alfabetização,

vinculado ao poder de sonho da imagem :: inconscientemente, esse olhar sobre nós mesmos revigora o próprio sonho daquilo que somos, em termos ideais ::

a rede social é como se fosse o grande espelho de Iemanjá, o orixá feminino que adorna a vida a partir de suspiros profundos

em nome da beleza :: ao que resta perguntar - que grande ficção está para surgir,  a partir disso, e que mobilize o país, o engaje em um mesmo

projeto de identidade cultural? (a última foi "Tropa de Elite") :: pressinto que essa força gerada pela rede eleva o nível do bRasil em termos

justamente disso - de  sua vocação para o audiovisual ::

nesse país de milhões de "cineastas"  a espelhar suas ambições, talvez em pouco tempo surja a narrativa capaz de novamente

traduzir um sentimento de nação :  algo provavelmente para além de tudo o que cotidianamente se escreve :: algo com o brilho das grandes ficções que,

no passado, por meio da música e da literatura, foram fundamentais para nossa definição identitária ::>>

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

@@ por uMa aMérica inTEligEnte :: sob o sigNo de umA zeloSa matriArca


((em 12 de dezembro, dia de Nossa Senhora de Guadalupe, "impeRatriz da aMériCa"




quando não penso, apodreço ::

há milhões de massas informes de informação, que precisam ser trabalhadas, tornadas placas de energia e geração de amor :

a lentidão com que se processa o pensamento reflete essa úmida realidade, de mofo que vai se acumulando:
e a linguagem, ao processar tais conteúdos, abarca toda uma grande sabedoria de purificação e limpeza ::

há uma mãe generosa que vais nos tirando o que é pouco saudável, zelosa e prestativa, a nos emprestar sua túnica dourada,

feita de arte (em um sentido amplo...

cada mão laboriosa entende o que isso significa, tais renúncias são provas de amor e carinho, como bordar para que fique pronto,

como arar, para que se estabeleçam as condições necessárias, como cortar, cozinhar, formar, erguer, pensar, triturar, macerar, ruminar :

é o próprio ser humano essa percepção de uma sombra ancestral, de um velho arborizador do mundo, que planta e senta-se à sombra

do que plantou ::

a "sombra" maior é a de um mito generoso, resplandescente, coluna erguida várias vezes  na história da humanidade, para ser admirada de longe ::

sensualmente, nos informa tal mito (porque todo mito é sensual) que é possível amar com amor infinito :
ave, e graças a todas as manhãs, plenas do restabelecimento e da purificação da noite,

dos sentimentos que se acomodaram durante o sono, peneirados pelo desejo ardente de uma continuação sem fim ::

nos informou, esse desejo, como um farol aos navegantes, que é possível colocar amor no trabalho, e que todas as causas sociais, irrompidas em busca de

mais justiça na distribuição das farturas necessárias, serão justas e reconhecidas mediante a presença de tal amor :: e

que não há nisso conformismo ou alienação, e que tudo se ajusta ao padrão do amor :: e que tal amor existe,
e que é tão seguro quanto a existÊncia do sol,

que na mesma intensidade arde, dando prova de sua quietude e sabedoria infinitas, fazendo-se essencial sem que se perceba sua presença :: aos que diferem entre si - diz nosso desejo

por essa justa imperatriz de tudo o que é novo e reanimador - opõe-se o carinho e a onipresença do sol,
como uma força agrícola dos planetas e das missões ornamentárias (cuja função é brilhar), permitindo a

certeza de uma união,
mesmo que longínqua e misteriosa, como o próprio soL :: na coluna de fogo

que se ergue para uma América inTeligente e brilhosa há o povo fecundo porque laboriosamenTe sacrifiCado

na junção de suas línguas e peles :: e esse esforço homérico que nos gerOu há de ser recompensado >>



"a consciÊncia é um processo momentÂneo de adaptação, ao passo que o inconsciente contém não só todo o material esquecido do passado individual, mas todos os traços funcionais herdados que constituem a estrutura do espírito humano." (jung, p. 13