domingo, 5 de outubro de 2014

o títulO




a colheita complexa das intenções, em uma eleição, é ao mesmo
tempo simples, como no trabalho

das abelhas na colmeia :: a razão única, maior, muitas vezes incompreendida,
ou muda, (porque

inconsciente), é o medo da desunião :: nisso, a complexa simplicidade :: é o medo
que temos, sempre forte e latejante, embora sutil, de que a sociedade

se transforme em brutalidades atrozes advindas da natureza conflitiva do ser
humano :: é por conta de um sossegamento

desse medo que todas as abelhas/pessoas trabalham, independentemente das
posições sociais que assumem, de classe, cor, gênero, religião ::

nossa forma artística regional brasilEira é o resulTado dessa união prática e
unicamente pictórica, que vive

apenas como mito :: ela prevalece, sempre, alegre e matreiRa, mesmo que a superfície
da realidade se cubra dos mais severos episódios de violência,

das mais derradeiras e difíceis bandeiras de superação da diferença :: ela é o menino
alegre que joga

bola na favela :: ela é o assaltante de banco que posta sua foto na internet ::  na desunião
radica o medO óbvio

e fundante de não possuirmos amoR :: e é a esse complexo de amor/medo/desunião
que se deve atribuir a origem

da fabricação do mais puro mel da colmeia, nosso artefato mítico usado para a
costura permanente

e a deflagração da alma brasileira, vista por outros países como suficientemente
ameaçadora a ponto

de mantermos nossa sabedoria soberana, enquanto brasileiros :: o bRasil foi um país,
basicamente, conflagrado, em seus 500 e poucos anos de história,

seguindo um destino de luta encarniçada por independência :: na morte de
tanCredo se teria

encerrado um ciclo heroico de sucessões e assassinatos :: mas ainda
houve collOr, para

não deixar dúvidas quanto À existência dos severos deusEs e demônios que,
assustadores, mas

ao mesmo tempo inofensivos, tomam contA da alma nacionaL :: depois disso, a
democracia assentou, e a velha direiTa passou a mais ou

menos respeitar as regras do jogo :: mas sempre comandada por um ímpeto
do tornar nosso povo um gemido

lancinante de dor, como no caos que impera por meio dos comandos da
corrupção, do crime organizado

e do genocídio organizado nas periferias :: somos uma forma de nave que
navega longínqua  no tempo, navio negreiro

mar adentro, comandado, como não poderia deixar de ser, pelo medo :: mas
esse medo, como se

falou acima, é salutar, porque gera ao mesmo tempo alegria :: há uma graça
no combate :: há uma alegria que é parte

integrante da diferença :: fico daqui apenas admirando esse movimento
ancestral, que se torna

cada vez mais limpo de sangue :: cada vez mais dando oportunidade - devido à
superação da guerra





como violência física - ao mito da mulher também combatente :: e eis que se chega
ao ponto máximo do rito de

nossa organização social, que prenuncia o valor de uma pátria conduzida pelos
valores sagrados do

feminino :: sagrados porque tidos como universais, sem implicar,
necessariamente, em uma existência

religiosa para esses valores :: mesmo que mariNa silva não passe ao
segundo turnO, essas eleições já se apresentaram como as

em que um maior número de mulheres efetivamente assumiram posições
de destaque :: e isso é tão virtuoso para a

democracia brasileira quanto já termos entronado um líder trabalhador
do povo, em uma nação desde

a medula comandada por ferozes oligarcas escravagistas, verdadeiros
coronelões imperiais ::

a vida, de certo modo, imita não apenas a arte, como também a natureza ::
e será que

não já estaremos chegando, também, à sabedoria das abelhaS, tornando
mais visível

o esforço coletivo em prol do sentido de proteção máxima que apenas
a rainha mãe,

ou seja, a abelha rainha, consegue transmitir a todos, sem distinções? ::
ela, que nos transmite um

esforço apenas demonstrativo, baseado no simples exemplo da maternidade,
sem qualquer

tipo de imposição pela força física violenta? :: peço desculpa aos machões
de sempre, mas,

sem dúvidas, esse é o significado evidente do grande momento histórico
pelo qual estamos passando ::

uma ascensão do feminino, provavelmente sem chance alguma de recuo ::
pois, desta ascensão

será proveniente um mel, cujo sabor, inigualável, será impossível
esquecer :: e é em

torno desse resultado de satisfação humana primordial que nos organizamos,
desde

sempre, mesmo sem saber :: peço desculpas aos que não conseguem ver
sentido no

que estou falando, e que se julgam apenas guerreiros
nessa

batalha, orienTados por interesses mais imediatos, pessoais, ideológicos,
econômicos, acadêmicos :: preocupados

apenas em saber o que vai fazer dilma, ou o que vai representar o
governo aécio ::

mas estou ficando já farto dessa falta de habilidade de interpretar
o bRasil ::

o bRasil é muito mais do que simplesmente isso, é muito mais do que
um simples resultado

econômico ou a simples luta de classes :: o bRasil é um poema aberto ::
para ser interpretado,

o bRasil requer muita calma e paciência, como no caso explícito dos
dengos baianos que nos fundaram como

cultura moderna, fincada na malemolência ((hoje tão combatida :: como
no caso do arquétipo

da mãe original lavadeira nordestina, que, mesmo calma e contrita, espalha
nervosamente seu medo,

qual geração de energia elétrica, enquanto bate com as roupas lavadas da
família inteira nas pedras de um lajedo,

em um córrego de água limpa, atemorizando calmamente a tudo e a todos ::
aquilo que

não se vê a poesia se encarrega de mostrar :: estamos
grávidos

de humanidade, e o bRasil gerador de um humano simples prevalece
em seu mito, como no

dia de hoje, quando milhões irão às urnAs, ostentando bandeiras de até
mesmo ódio, mas unidos

pela complexa cera que mantém unidas as partes da colmeia :: estamos
em guerra pelo amoR ::

 estamos em guerra pelo menino e o nascimento da esperanÇa ::



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