a colheita complexa das intenções, em uma eleição, é ao mesmo
tempo simples, como no trabalho
das abelhas na colmeia :: a razão única, maior, muitas vezes incompreendida,
ou muda, (porque
inconsciente), é o medo da desunião :: nisso, a complexa simplicidade :: é o medo
que temos, sempre forte e latejante, embora sutil, de que a sociedade
se transforme em brutalidades atrozes advindas da natureza conflitiva do ser
humano :: é por conta de um sossegamento
desse medo que todas as abelhas/pessoas trabalham, independentemente das
posições sociais que assumem, de classe, cor, gênero, religião ::
nossa forma artística regional brasilEira é o resulTado dessa união prática e
unicamente pictórica, que vive
apenas como mito :: ela prevalece, sempre, alegre e matreiRa, mesmo que a superfície
da realidade se cubra dos mais severos episódios de violência,
das mais derradeiras e difíceis bandeiras de superação da diferença :: ela é o menino
alegre que joga
bola na favela :: ela é o assaltante de banco que posta sua foto na internet :: na desunião
radica o medO óbvio
e fundante de não possuirmos amoR :: e é a esse complexo de amor/medo/desunião
que se deve atribuir a origem
da fabricação do mais puro mel da colmeia, nosso artefato mítico usado para a
costura permanente
e a deflagração da alma brasileira, vista por outros países como suficientemente
ameaçadora a ponto
de mantermos nossa sabedoria soberana, enquanto brasileiros :: o bRasil foi um país,
basicamente, conflagrado, em seus 500 e poucos anos de história,
seguindo um destino de luta encarniçada por independência :: na morte de
tanCredo se teria
encerrado um ciclo heroico de sucessões e assassinatos :: mas ainda
houve collOr, para
não deixar dúvidas quanto À existência dos severos deusEs e demônios que,
assustadores, mas
ao mesmo tempo inofensivos, tomam contA da alma nacionaL :: depois disso, a
democracia assentou, e a velha direiTa passou a mais ou
menos respeitar as regras do jogo :: mas sempre comandada por um ímpeto
do tornar nosso povo um gemido
lancinante de dor, como no caos que impera por meio dos comandos da
corrupção, do crime organizado
e do genocídio organizado nas periferias :: somos uma forma de nave que
navega longínqua no tempo, navio negreiro
mar adentro, comandado, como não poderia deixar de ser, pelo medo :: mas
esse medo, como se
falou acima, é salutar, porque gera ao mesmo tempo alegria :: há uma graça
no combate :: há uma alegria que é parte
integrante da diferença :: fico daqui apenas admirando esse movimento
ancestral, que se torna
cada vez mais limpo de sangue :: cada vez mais dando oportunidade - devido à
superação da guerra
como violência física - ao mito da mulher também combatente :: e eis que se chega
ao ponto máximo do rito de
nossa organização social, que prenuncia o valor de uma pátria conduzida pelos
valores sagrados do
feminino :: sagrados porque tidos como universais, sem implicar,
necessariamente, em uma existência
religiosa para esses valores :: mesmo que mariNa silva não passe ao
segundo turnO, essas eleições já se apresentaram como as
em que um maior número de mulheres efetivamente assumiram posições
de destaque :: e isso é tão virtuoso para a
democracia brasileira quanto já termos entronado um líder trabalhador
do povo, em uma nação desde
a medula comandada por ferozes oligarcas escravagistas, verdadeiros
coronelões imperiais ::
a vida, de certo modo, imita não apenas a arte, como também a natureza ::
e será que
não já estaremos chegando, também, à sabedoria das abelhaS, tornando
mais visível
o esforço coletivo em prol do sentido de proteção máxima que apenas
a rainha mãe,
ou seja, a abelha rainha, consegue transmitir a todos, sem distinções? ::
ela, que nos transmite um
esforço apenas demonstrativo, baseado no simples exemplo da maternidade,
sem qualquer
tipo de imposição pela força física violenta? :: peço desculpa aos machões
de sempre, mas,
sem dúvidas, esse é o significado evidente do grande momento histórico
pelo qual estamos passando ::
uma ascensão do feminino, provavelmente sem chance alguma de recuo ::
pois, desta ascensão
será proveniente um mel, cujo sabor, inigualável, será impossível
esquecer :: e é em
torno desse resultado de satisfação humana primordial que nos organizamos,
desde
sempre, mesmo sem saber :: peço desculpas aos que não conseguem ver
sentido no
que estou falando, e que se julgam apenas guerreiros
nessa
batalha, orienTados por interesses mais imediatos, pessoais, ideológicos,
econômicos, acadêmicos :: preocupados
apenas em saber o que vai fazer dilma, ou o que vai representar o
governo aécio ::
mas estou ficando já farto dessa falta de habilidade de interpretar
o bRasil ::
o bRasil é muito mais do que simplesmente isso, é muito mais do que
um simples resultado
econômico ou a simples luta de classes :: o bRasil é um poema aberto ::
para ser interpretado,
o bRasil requer muita calma e paciência, como no caso explícito dos
dengos baianos que nos fundaram como
cultura moderna, fincada na malemolência ((hoje tão combatida :: como
no caso do arquétipo
da mãe original lavadeira nordestina, que, mesmo calma e contrita, espalha
nervosamente seu medo,
qual geração de energia elétrica, enquanto bate com as roupas lavadas da
família inteira nas pedras de um lajedo,
em um córrego de água limpa, atemorizando calmamente a tudo e a todos ::
aquilo que
não se vê a poesia se encarrega de mostrar :: estamos
grávidos
de humanidade, e o bRasil gerador de um humano simples prevalece
em seu mito, como no
dia de hoje, quando milhões irão às urnAs, ostentando bandeiras de até
mesmo ódio, mas unidos
pela complexa cera que mantém unidas as partes da colmeia :: estamos
em guerra pelo amoR ::
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