domingo, 18 de janeiro de 2015

o liMitE

agora brinco, há muita brincadeira :: encontra-se na verdade, crua ou fantasiada, o reflexo do sofrimento, seja pessoal,

seja coletiv


o :: por que uma cidade me enternece tanto? :: será a ameaça de um futuro incerto, para todos, que

nos condena? :: talvez o que mais produza a massa de

                         uma cidade, a "cola" que une uns aos outros em uma mesma

face, seja o estrondo subterrâneo de uma bomba, a explodir em holo


         causto, ou uma espécie de morticínio camuflado,

mas já programado, que nos coloca em estado de poesia :: venho tentando compreender o fascínio que exerce

sobre mim porto aleGre, a cidade em que nasci, onde agoRa me encontro, revendo filmes, ouvindo músicas, ao andar

pelas ruas da cidade ::  ++++ e a pergunta me inquieta :: aqui estamos, e há uma audição secreta, que nos exprime, e nos

lembra de nós ))))) mesmos :: essas vozes secretas mantêm o culto de nossas próprias inquietações, formatando um dia

a dia mais alegre :: estou quebrado ao meio              pelos ruídos da cidade :: estou confuso e soterrado - e aqui no íntimo

mais profundo de uma ++++++ genialidade curadora e potente, procuro rever meus ícones pela cultura :: talvez o que mais me

enterneça pela cidade venha sendo o fato cotidiano da explosão de cores, em múltiplas explosões de incertezas

que se transformam em arte ::


))))))))))
+++++++++++++
os atabaques dos "saravás" e "batuques", que aqui afirmam o doce de uma identidade

republicana e, portanto, sem preconceitos :: fico espantado com o quanto os mesmos fatos dos principais centros

da antiga escravidão africana no bRasil aqui se repetem ((então, quando dizemos que negro é o nordeste, a  bahia, o rio

de janeiro, não há clareza nisso :: fico espantadO com o nosSo destino de estado fielmente trágico e atado aos destinos trágicos da nação,



                                     como pátria escrava e submissa, e com isso termos produzido elis regina e getúlio vargas :: fico espantado

com o desassossego genial de nossa juventude, com seus pensa++mentos altivos e irreverentes, e todo nosso

socialismo :: fico espantado com tudo isso como alguém que (()) se espanta com o estaDo de choque que é

necessário para que a face
+++++++++++++++++++ poética que cubra nossas feridas cruas se produza :: estou sentado e pensando ::

estou preocupado, como se mil cadáveres, ex-incendiários transformados em imortais, agora quisessem me seduzir

e arrastar para o seu lado puro e eterno da revela

(((()))) +++

ção da cidade a ela mesma :: mil cadáveres que velam porto alegre,

porque aqui estão seus parentes mortos e seus descendentes, pais de bibianas e capitães rodrigos, eternos como

erico veríssimo  :: somos a perfeição do nexo imperfeito, e enquanto

os dramas familiares se desenvolvem, o ritmo não se dissolve, pelo contrário, se adensa :: se quintana lamentou

que não poderia percorrer todas as ruas da cidade, para acariciá-las com o olhar de sua poesia, devo declarar

que a dor que sinto infinita vem da impossibilidade de abençoar, como se fosse um dioniso em sacrifício, abençoar cada rito, cada sinal

de enamoramento e recato que faz amar e arder em chamas de desejo a cidade - tamanho o apelo de paz, tamanho

o tempo infinito de pulsões coletivas que nos puxam para o desatino :: a ardência mesma dos CTGs, que em uma cidade

deu "bons casamentos",







no encantamento próprio e profundamente, perfumadamente genital, de nossas "danças

decentes" :: o próprio pacto de sangue entre favelados e presidiários, o quíntuplo assassinato da população resignada,

os traficantes do pó, os trombadinhas do crack, a sofrerem, pelo inter e o grêmiO :: nossos meninos de assalto,

e o santo sinal das bênçãos dos despachos, por esses filhos, nas beiradas dessa ponta da lagoa dos patos :: sinto que são mil olhos que velam

pela cidade, qual mil velas acesas, cada uma representando um desejo obscuro de civilização, proveniente de mantras

secretos, entoados pelo acúmulo das almas em aprendizado e comunhão universal :: é como se comêssemos farinha

pela mão generosa de uma mago surpreendente, que nos surpreende por não compreendermos como são seus

mitos, que são forças entoando artes, mil engenharias :: estou enganado como fausto foi por mefisto, estou aqui

onde os andinos ardores se encontram aprumados por mil correntes, onde a cabalística coloca doentes no pronto-socorro, hpS,

e faz os assaltos percorrem o sistema andrajoso da cidade, atemorizando os choferes de táxi :: estou apenado e sentindo,

estou perfeitamente em contanto com o humano mundo das dores coletivas, e em como elas se transmutam em mil

sinais plenos de fantasia, seja no samba, no pagode, na comida, na igreja dos caminhos que levam à galeria do rosário ::

estou forte como o peão bruto que ergueu toda a área do porto, com seu muque, o peão do bruto escravo :: estou corrompido

como quem sofreu toda a carregação dos estoques, como quem limpou, varreu e lavou o açougue, a cozinha,

e sem embebeu do óleo brando dos pensamentos untados por iemanjá nossa senhora da liturgia do charque e do ardor

bem negro que se esconde pela cidade :: estou comendo o que sobrou, escondido e rezando pela etnização da folia,

pelo tempo outro dos caminhos, o ouro bem junto depositado na escadaria entre a duque e a andré da rocha ::

estou perfilado :: estou com o cabelo internamente cortado, como os malucos pós-hippies neopunks da bizarrice

sonhada urbana que aflora :: estou depositado e contrito, com os pés das mãos cortados e disparando ritos de aglutinação

benfazeja, como faz o bará rei do mercado, sem que absolutamente ninguém se dê por conta disso ::
e aquela que pensa

nossa candura, e a obviedade de nossa violência, esgota-se como um pano de chão, ressurgindo a cada dia mais bonita,

quanto mais contrita em sua doação, na triste sina das mulheres deste chão de duros soldados batalhadores, revelando-se

sobretudo no intento de nossos maiores cantadores :: sendo seu ímpeto selvagem e seu mistério insondável o responsável

mítico por nossa beleza e vaidade tão impressionantes, a beira desse regato, que é o guaíba ::




É surpreendente a transformação que se opera no caráter de um indivíduo quando nele irrompem as forças coletivas. Um homem afável pode tornar-se um louco varrido ou uma fera selvagem. Temos a propensão de inculpar as circunstâncias externas, mas nada poderia explodir em nós que já não existisse de antemão. Na realidade, vivemos sempre como que em cima de um vulcão, e a humanidade não dispõe de recursos" preventivos contra uma possível erupção que aniquilaria todas as pessoas a seu alcance.

https://www.netmundi.org/home/wp-content/uploads/2019/04/Psicologia-e-religi%C3%A3o.pdf

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