quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

pensamenTos

estou sem pressa para te amar porque o meu país é a nossa
 calma, os incensos que queimamos,
o jeito vagaroso
de nos encontrarmos, os jarros, os azeites, o calor de uma
imensidão :: não existe propriamente uma fórmula de homem que sinalize

tua felicidade, e por isso sou calmo :: não existe também cabeça
capaz de te pensar, e por isso sou
um fruto novo,

que melhora com a idade e a razão :: eu estou nos teus cabelos brancos, desses
teus 50 anos que nos impulsionam ::  são raios que nos movimentam, e por isso a cada dia
eu tenho mais candura nos pensamentos,
nos carinhos, e na maneira de andar ao teu lado :: sei que estás

sempre com um bebê novo, sorvendo, precisando de elogios e manutenção, e que isso
te faz de ferro ::
sei que nossa felicidade não se compra, e que por isso
não há casa, ou carro, mobília ou  simples
eletrodoméstico que nos resolva :: e que um dia juntaremos
dinheiro em profusão, mas de maneira

adulta, justa e delicada ::
estou sempre apaixonado, porque o teu espírito
espalha os seus brinquedos :: uma ferocidade de limpar
o pátio e deixar as coisas nos teus jeitos ::: uma intensidade
espantosa daquela menina valente,

e esses brinquedos todos super fantasiam teus templos, as coisas
que te agradam :: e aqui me deixo,
qual oferenda, batendo palmas, colocando brincos em teu cabelo :: trago
flores e rosas, perfumes







e longínquas revelações do teu ser me conectam a essas
adorações que eu teço, como teu soldado ::
sou o teu soldado, mandado, e por pedras atingido :: dourado e antigo :: e agora,
depois de o caetano haver nascido,

eu sou um tudo que sonha, projeção dos teus cachos levíssimos, tua barriga
feito pedra, teus peitos
de deusa :: observo que há em tua cintura um poder :: com
 ele, estou dez mil vezes mais forte,
como se meus dardos, com que me sonho, melhor
 sondassem no futuro o ouro :: estou encantado com a tua pessoa

e a tua viril posição a lembrar-me as astúcias nas rodas de negros, mãezinhas,
voações nas manhãs
do bRasil :: estou a ponto de escavar até encontrAr conchas reais da suprema
natureza, gemas,
para tornar-me capaz de te dar um verdadeiro beijo,
 e nossas almas se iludirem, beijadas :: e nunca será o bastante :: estou

enfeitando todas as latinhas e monturos para tornar-me de fato esse
 verdadeiro rapaz, único,
impossível de ser copiado :: será que  vão me deixar? :: será que
 os pensamentos urbanos me permitiriam
apurar tanta pureza? :: nessa minha lenta sublimação, os muares
vão me esticando, e deixando

meu canto esticado :: estou por aí, altivo e saboroso e sendo
teu soldado, um lento pastor, uma revelação
para os que sempre me esperam :: eu sou tudo que o teu suor
 sagrado, aborígene, nessa terra santificada
aprumou, permitindo heras, fortificando rosas, conduzindo os
passos de teu novo homeM ::


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

o goZo

nossa visão do mundo recria nosso desejo :: aquela intenção inocente ou infantil de chegar ao gozo :: aquela intenção doce :: na negação desse pedaço de coisas propriamente satisfatórias se encontra o fato político, a estruturação mesma da linguagem :: não fosse o "não", e permaneceríamos na natureza, iletrados :: e sobretudo, incapazes de amar, de ajustar um pré-aquecimento que possa receber, enfim, nossa redenção corporal, de um corpo que somente ama e, com isso, goza, sem ameaças ::

domingo, 7 de fevereiro de 2016

arDor



aqui, a escória a processar seu lamento, a sombra do pensamento, e a junção do infinito :: aqui, o leve
alto, esquisito astronáutico expiar :: quero o bando anímico, os bambambans suavíssimos, o estranho
baile dos bandidos :: eles roubam, e animam :: eles nos sugam o tempo :: eles são a bela e forte
mais o cárcero de dioniso :: que ritmo quente, que pulsação anterior ao limbo, quando todos os
seres são peixes e os colegas bóiam como jóias em algoritmos :: a barca quente, a bandeira do diVino jejum
não mesquinho, o dar com sonho e cores de pombos, a nova cruz do altíssimo ::




terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

o aMor

o mais difícil
é fazer creScer
o amor
:: vamos cavand
o profundo, há um túnel que o apresenta ::
m
ágica e tantricamente, de modo antigo,
o vamos
fazendo
enquanto
vivemos e nos
vamos fazenDo,
na casa, comida,
paiol,
canto, cidade  :: o fazemos crescer se
iludimos a nós
mesmos sobre sua existência ::
eu e minhas
capacidades ilustrati
vas, com olhos e pés de fogo :: o amor nasce quando
conseguimos
imaginar tudo, e os pensamentos da
 convenção social, com suas tácitas, implícitas vergonhas,
não mais
nos margeiam ::
sereno como um rio ganges,
poluído
aoS olhos dos homens,
mas cristalino
como os olhos
da manhã,
se
o amo limpo,
ele escorre como leite,
apresentando
umA suave afabilidade :: eu
venço
os hinos que o amaldiçoam,
eu me amarro
aos postes,
eu cavo
e planto :: estou meio
tonto,
se ainda
escravo,
mas
depois
que recebo
as picadas
da morte,
o percebo :: o amor
é canção como
um vento
em um céu
encarnado,
e a escultura
de um mito
se desenha
nas nuvens -
ao pai, com
louvor, registremos
nossa alegria -ele
existe,
o amor vive longe,
mas
dentro
de nós, basta
ser
percebido ::
e isso
é um templo
de vitória,
uma pátria,
uma bandeira,
com todas as
nacionalidades ::
na distribuição
da fartura
e da justiça,
ele cresceu
e andou
pela terra,
desde o
mais íntimo
da escultura
da mãe terRa ::
o amor
é poeticamente,
e de modo
íntimo e até
violento,
mas sempre
alegre e extasiante,
uma função
do íntimo
da terrA,
suas trombetas
de mulher,
seus seios
gloriosos
que exultam
perante
a felicidade
de sua própria
conquista,
território
secreto
e inabitado ::
na simplicidade
de entender
isso,
ele escoa,
agride e consola :: ele exige
uma disposição
para
receber o beijo
da evolução
da espécie,
com seus
múltiplos
e gloriosos
espinhos, e negocia conosco
uma
brincadeira absoluta,
longínqua,
distante,
alongada,
como os braços de herA,
os cabelos
do filósofo cego,
o carquilhar do navio ::
e então,
quando esquecemos
o mundo real,
e aquecidos
por nossa própria
esperança
infinita, sua
possante
estatura
enquanto
fio pensante
que sobre
os quatro
cantos
da terra
tece
uma toalha
de renda,
uma suave
redondilha,
uma leve
jogação por dinheiro
e perdas,
nos
deparamos
como o homem puro,
promessa
divina de suspense
e cinema ::
esse homem
sabe
revelar
o amor
com bastante lembrança,
quente promessa
soprada do devaneio ::
ama
o tempero
da comida,
e sabe que o amor
é uma casa,
em que vivemos,
onde milimetricamente
nada está
fora do lugar,
tudo está
em ordem, e nossos caprichos
serão atendidos ::
ali ele habita uma
região em floresta
viva, na
qual frutos nos
emprestam sua
generosidade
ofertativa,
seu olfato,
seu gemidos
de dor e gozo, seus medos
ansiosos
por serem,
até que um dia,
possuídos
por crianças
gentias :: o
amor
nas patas
da paca, na
corrida
oculta do javali,
na
visão do índio :: o
amor no peito
aberto
da existÊncia,
selvagem nu,
como
ravi shankar,
que
sonha estar
nu e dançando,
demolindo
faculdades
destrutivas
dentro
de si,
destruindo
a escravaturA
imposta
ao ornamento,
e agregando
enfeites,
firulas
e floreios
às formas
puras
do sexo
transformado
em música
e pensamento :: ainda o vejo,
o amoR,
no plano
das telas
de cinema, nos
invadindo,
no que foi
a televisão,
com
suas mil e uma
hospitalidades
para
o engenho
da doçura
na casa
do século
XXI,
mesmo
nos esgares
de michael jackson
e madoNNa::
no congresso
entre
oriente e
ocidente ::
o amor
como força
cabocla,
no sentido
perigoso
de uma ilusão
sem
volta,
e na consideração
do sexo
como a sabedoria
para as
estrelas,
o trem que
nos assassina,
atropela,
e condimenta
o toque
essencial
para um renascimento ::
o compreendendo
como fruto
e gozo
de uma máquina
anímica
e de carne
pensante,
eu compreendo
o amor ::
o amor
carquilhado,
envelhecido,
virado tuna,
sob
a máscara
do tempo :: o amor
real
e verdadeiro
de um cristo,
crucificado
pelo deixar-se
ficar
sem a beleza
impossível
do mestre ao infinito ::
que
a poesia
cale,
que a poesia
sonhe,
que o poeta
escute,
todos
os dias,
os generosos
espantos
perante
o gozo
infinito
que proporciona
o amor ::
o amor
nos dá
trabalho
porque
nos desaloja,
e ele é tão
coletivo
quanto
a força
necessária
para remover
humanidades
inteiras,
de um canto
a outro
do planeta,
fundando
histórias,
lojas,
comércios,
excrescências
para que
jamais
esqueçamos
do mal
que nos
faz a maledicência,
o plano
hipócrito,
o mito do próprio diabo ::
por
fim,
a amor
é uma fibra
nervosa
que
paulo freire
costurou
com sua
sabedoria ::
sob
a sombra
de uma mangueira,
com
um pouco
de
vento e água
fria,
a visão
refrigerada
sobre
o suor
e o contrato
incestuoso
no contato
do trabalho,
no dia a dia ::
o amor
como coisa
que
cura,
costurada
e infinita ::
enfim,
uma
soma,
uma agrura,
um
aprendizado ::
uma
laboriosa
recompensa
ao menino
sério,
azul e engajado
que
nos representa,
como shiva
e suas
múltiplas
leituras
da vida,
todas
as línguas
que
fala,
o sal
na comida,
a pedra
que
fornece
o toque
do berimbau,
tudo
que pega
fogo
e se alastra,
meu
pensamento ::




foto adicionaDa em :: 11 nov. 2018