estou sem pressa para te amar porque o meu país é a nossa
calma, os incensos que queimamos,
o jeito vagaroso
de nos encontrarmos, os jarros, os azeites, o calor de uma
imensidão :: não existe propriamente uma fórmula de homem que sinalize
tua felicidade, e por isso sou calmo :: não existe também cabeça
capaz de te pensar, e por isso sou
um fruto novo,
que melhora com a idade e a razão :: eu estou nos teus cabelos brancos, desses
teus 50 anos que nos impulsionam :: são raios que nos movimentam, e por isso a cada dia
eu tenho mais candura nos pensamentos,
nos carinhos, e na maneira de andar ao teu lado :: sei que estás
sempre com um bebê novo, sorvendo, precisando de elogios e manutenção, e que isso
te faz de ferro ::
sei que nossa felicidade não se compra, e que por isso
não há casa, ou carro, mobília ou simples
eletrodoméstico que nos resolva :: e que um dia juntaremos
dinheiro em profusão, mas de maneira
adulta, justa e delicada ::
estou sempre apaixonado, porque o teu espírito
espalha os seus brinquedos :: uma ferocidade de limpar
o pátio e deixar as coisas nos teus jeitos ::: uma intensidade
espantosa daquela menina valente,
e esses brinquedos todos super fantasiam teus templos, as coisas
que te agradam :: e aqui me deixo,
qual oferenda, batendo palmas, colocando brincos em teu cabelo :: trago
flores e rosas, perfumes
e longínquas revelações do teu ser me conectam a essas
adorações que eu teço, como teu soldado ::
sou o teu soldado, mandado, e por pedras atingido :: dourado e antigo :: e agora,
depois de o caetano haver nascido,
eu sou um tudo que sonha, projeção dos teus cachos levíssimos, tua barriga
feito pedra, teus peitos
de deusa :: observo que há em tua cintura um poder :: com
ele, estou dez mil vezes mais forte,
como se meus dardos, com que me sonho, melhor
sondassem no futuro o ouro :: estou encantado com a tua pessoa
e a tua viril posição a lembrar-me as astúcias nas rodas de negros, mãezinhas,
voações nas manhãs
do bRasil :: estou a ponto de escavar até encontrAr conchas reais da suprema
natureza, gemas,
para tornar-me capaz de te dar um verdadeiro beijo,
e nossas almas se iludirem, beijadas :: e nunca será o bastante :: estou
enfeitando todas as latinhas e monturos para tornar-me de fato esse
verdadeiro rapaz, único,
impossível de ser copiado :: será que vão me deixar? :: será que
os pensamentos urbanos me permitiriam
apurar tanta pureza? :: nessa minha lenta sublimação, os muares
vão me esticando, e deixando
meu canto esticado :: estou por aí, altivo e saboroso e sendo
teu soldado, um lento pastor, uma revelação
para os que sempre me esperam :: eu sou tudo que o teu suor
sagrado, aborígene, nessa terra santificada
aprumou, permitindo heras, fortificando rosas, conduzindo os
passos de teu novo homeM ::
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