domingo, 6 de agosto de 2017

a gente não tem cara de panaca





"a gente não está com a bunda exposta na janela pra passar a mão nela”


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quando gonzaguinhA compôs esse verso, na canção “É”, antes da década de noventa, talvez ainda fosse possível

acreditar que havia, em torno de nossa integridade pessoal, um certa proteção,

garantida por nossa autoestima nacional :: mas agora, em pleno dois mil e dezessete, meu temor é de que, sim,

estejamos altamente expostos :: porque, para o lindo povo brasileiro, não se trata mais

de uma questão de sentir-se lesado pelo custo de vida, questões financeiras que ordenavam

a labuta diária, mas ordeira, sempre aliviada pela alegria de nossa identidade

cultural, lá, nos idos das décadas de setenta e oitenta  :: o fato é que a ordem econômica pesou a mão tanto, na passagem do

período da guerra fria ao atual momento do capitalismo mundial, que nossa própria cultura

desandou :: nesse lamentável fim de mundo, para o início de um outro, ainda pouco

visível, o perdão do bRasil aos poucos países ricos que nos escravizam deve ser ainda
mais oriundo de nossa força cultural miscigenada, onde podemos tudo :: o bRasil

não é a maior nação tropical do planeta, apenas :: o bRasil é um válido pensamento

utópico comunicacional a desagregar o aspecto violento a nós imposto pelos ciclos

da economia e do mercado ::   e desejamos retornar ao pleno de nossa convicção,

fornecendo à humanidade o espírito livre da brincadeira aborígene, misturado

aos séculos de desenvolvimento desse “império colonial”, como se diz em uma das

canções de Chico Buarque :: o choque proporcionado pela visão da favela destroçada,

em nome da guerra do tráfico, acumula em nós o “lamento sertanejo”, que, ao final,

só nos envaidece, pela beleza e a riqueza do rito civilizacional em que nos encontramos



envolvidos ::

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