segunda-feira, 14 de agosto de 2017

tudo

sempre pretendi falar a língua dos pássaros e, agora que a atinjo, é natural que quase ninguém
me entenda, pois, entre vós, são poucos os que realmente alçam voos com uma certa clarividência
 :: bato palmas e os mil pássaros escondidos afloram, e falo todas as línguas, murmuro o mugido de mil
máscaras e de mil monstros :: pego dois, um de cada lado, e vou, tecendo relações :: dois amores,
duas máscaras, dois sorrisos :: e tenho, por conta dessa costura, dessa suave dança, a sensualidade calorosa de um verso ::
a variedade das formas explicitada por um recital, dois desenhos, uma pajelança, múltiplas melodias, várias excitações
 de rua :: clamores da terra se agitam, e aquela audição chamuscada de quem se benzeu na fogueira
das bruxas se apruma, em relação a tudo que comunica e faz sentido :: tenho os mil fogos, que olham,
do pavão, e a natureza do gato :: estou bem postado e antigo, por força daquela risada tenebrosa
e envaidecida das loucas bruxas :: por isso, é natural que não me sigam, pois sou muito ligeiro,
e alto ::  antes, chego a achar normal que me persigam, ou coloquem-se com indiferença, na observação
do que sou e faço :: nunca sou igual a ninguém :: nunca sou arremedo, nem de mim mesmo :: apenas
sou tranquilo, e faço :: uma estranha chama que não se paga, pois não teM pavio, com diz milton nascimento ::
sou como um som distante, profundo e vago :: buu, eu falo ao fantasma da rejeição, e ele corre assustado,
pois é como cada um de nós, inocente como um bebê, vocacionado ao desespero do beijo, ou do contato,
com a ferocidade do conviver humano :: sou como uma monção, ou um calor humano, pleno de
explosões ou afagos :: bem bom, eu penso, é o calor das manadas, pois que somos como os mais fervorosos dos mamíferos, sempre acolhendo-se mutuamente,
apesar de todo o desespero dos chifres, espinhas e cascos, e seu despreparo :: nos comunicamos com a frieza dos répteis,
e eu me desloco :: eu coloco a cabeça para cima e afora da manada, e não digo nada dos caretas, somente esquento a aspersão de um leite bom, para
todos os lados :: eu sou quanTas coisas deUs quiser, e por isso, não me calo :: eu estou agachado
para imaginar futuros, e por isso, e os invento, no tic-tac, no ritmo pulsante de uma internet implícita que
sempre houve, concentrando todo o interesse coletivo :: eu conheço tanta gente que não escreve
nada, e se diz consciente de tudo >> eu conto com todo o sacrifício que um único ser humano é
capaz de contar, e faço todas as artes da capoeira, sou um capoeirista, ritmado, do pensamento, escritor

no alto, que revela a força anímica :: 

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