ou muito me engano, ou a greve dos caminhoneiros começa a
engendrar uma nova histeria coletiva
em prol do fim da democracia ::
já vejo toda essa gente
formando opiniões terríveis a respeito dos rumos do país :: é uma turba ingrata, assombrada
por seu próprio
medo, reclamando de tudo e, evidentemente, sem espírito crítico :: faz força, tem algum tempo,
para
tirar do governo a classe política, sem saber
exatamente o que colocar no lugar :: apenas quer, mas não
pensa :: ou, substancialmente, pensa
com seus hormônios mal calculados, muito mal subjugados ::
uma vez atingido seu intento
conservador,
logo volta à condição de massa de manobra ::
como diz marilena chauí,
o tipo social correspondente aos defensores do autoritarismo
não possui sólidos ou claros referenciais
econômicos e sociais, pois alimenta-se da ideologia da
classe dominante, alimentando assim sua distância
em relação a um ser efetivamente orgânico :: por outras
palavras, essa pequena burguesia da sociedade brasileira
jamais conseguirá ser o que almeja ser (igual à classe
dominante), condenando a si mesma a um brutal
vazio existencial :: pensada
pelo lado poético da existência, talvez cumpra um desígnio histórico de dizer
algo,
sem saber articulá-lo, sendo, nesse sentido, promotora de um
certo caráter profético acerca de sua própria existência :: o povo sabe o que
quer ::
nesse caso, o fim da corrupção, o atenuamento de nossas
dificuldades coletivas :: no limite, quer, sim,
a própria reinvenção do país :: no entanto, pensa
racionalizando por baixo :: combate as políticas
progressistas da esquerda, pois é atravessada por uma insegurança
avassaladora, ocasionada por um pertencimento
cultural que não lhe deixa como artificio muita sutileza no
campo da linguagem :: o mais provável,
acredito,
é que essa turba acabe definindo os rumos
políticos atuais do bRasil :: vejo desde quando eu
era menino esse tipo
de mentalidade encurtadora dos caminhos, violenta, “burra”,
como muitos gostam de dizer :: e
suspeito
de sua difícil solução :: quase não há como nos curarmos, de
uma hora para outra, dessa nossa
brutalidade
coletiva :: trata-se de uma triste fatalidade brasileira e,
inclusive, global :: felizmente, essa mesma
força
é que prepara um amanhã até mesmo heroico do ponto de vista das utopias
libertárias ::
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