a liberdade de lula é a luta pela democracia que se atualizou, nessa seara estranha e eterna do embate brasileiro entre o bem e o mal ::
parece que sim, não tenho bem certeza, mas talvez a gente fique anos gritando lula livre, até que um dia aconteça
alguma coisa, algum desfecho talvez trágico, talvez redentor, talvez as duas coisas ao mesmo tempo, para
permitir, até que enfim, um novo avanço em nosso processo civilizatório, desse país que é a morada de uma revolução humanitária
chamada mistura de raças ::
o caso de luLa, o trancafiamento de seu tempo de liberdade, que é a mesma coisa que o trancafiamento
da liberdade de um povo inteiro, é na verdade uma gentil pacificação proposta pela providência divina,
ao nos proporcionar a visão clara, nítida, da pintura do diAbo em seu dilema, para o qual não existe
equação, a não ser a vitória do bem,
advindo daí o alegado efeito pacificador ::
ou o mal prossegue aprontando das suas, para regojizar-se e satisfazer
seus instintos, ou se cansa e vai embora, para recriar-se historicamente logo ali adiante :: o x do problema reside
justamente no fato de que a continuação do plano maligno, sem que o diabo queira ou se dê conta disso, pois
está cego pelo desejo de transtornar o mundo,
reforça ainda mais o bem, por intermédio da geração dos mitos salvadores, seres humanos transformados em herois
por assumirem papéis de supremo sacrifício, caso evidente de luLa::
luLa, hoje completando um ano de cárcere cruel e hipócrita, não vai "pedir para sair", porque, com sua sabedoria mansa e por isso mesmo imensa,
sabe exatamente que é esse o ato que se encena na dramatização da epopeia nacional ((igualando-se dessa forma à getúlio
no rol dos grandes mártires do período republicano da pátria)) :: a bolsonaro e camarilha resta apenas
consumir-se nas labaredas de suas próprias emanações infernais ::
hoje, nesse dia infame, que simboliza a crucificação de nossa esperança, e daqui por diante, quero pensar como um luLa,
quero agir um luLa :: quero pensar e agir como um menino em prol da liberdade, aquele dignificante menino que segura a mão imaginária
de sua sanTa mãe e caminha sem medo para o sacrifício :: estou com quase 50 anos de idade e não entendia,
antes de o bRAsil e o mundo reingressarem no âmbitos das trevas, tem quatro ou cinco anos, que meu destino
(e o de todos, na verdade) está atado a uma necessidade de bem-estar coletivo que se manifesta negativamente nas carências
vivas e encarniçadas desse país, seus becos e favelas manchados de sangue, seu número crescente de feminicídios,
seus bordéis e garimpos selvagens, sua expropriação maldita do trabalho, seus infanticídios, fratricídios e genocídios,
a espoliação de sua floresta amazônica :: eu não sabia, ou tinha medo de entender, que precisamos estar corajosamente
engajados no combate ao descalabro sem fim vivenciado por nosso povo :: sobre o esse descalabro precisamos nos debruçar
com alegria e imaginação também infinitas, a exemplo do que propuseram nossos melhores artistas, de gonzaguinha
e elis regina :: a retomada do mal em seu curso, a volta dos militares, a nazificação de nossas ímpetos masculinos, tudo isso, é, no nível
último do inconsciente coletivo, um chamado para que nos concentremos na podridão que radica no âmago
do ser humano, afim de amenizá-la mediante a descoberta de novos conhecimentos, para que possamos entre outras coisas redimir
antepassados que também por nós sofreram ou morreram :: nada disso é exatamente novo, vindo a constituir o próprio cerne da saga
de o ser humano tornar-se cada vez mais humano :: tudo isso é o eixo do processo ele mesmo de evolução mediante a construção da linguagem
no lugar de vícios, mediante o estabelecimento do novos patamares de civilização :: não é a toa, por exemplo,
que bolsonaro e sua turma não param de dar demonstrações acerca do quanto a ignorância é o seu mote ::
nesse átrio intrigante onde atuam verdadeiros santos guerreiros contra seus mais perfeitos antagonistas, ecoa uma verdadeiríssima
reverberação da pátria profunda, que sempre se faz e se fará a ferro e sangue :: cabe precisamente às esquerdas
tomar a dianteira desse aventura perigosa; e não fugir à luta :: cabe ao martírio, mais uma vez, o tempo de edificação
da liberdade a ser legada às futuras gerações :: cabe ao mito, o mito do bRasil cordial e inteligente, sempre tão combatido,
dar provas de que não estamos sozinhos diante da oferta dessa cálice de bebida amarga :: cabe ao menino legítima e integralmente brasileiro,
mais uma vez, ampliar seu poder de masculinidade, para fazer jus a todo o esplendor do feminino que nesse
país abre gloriosas perspectivas de elevação ética e espiritual ::