segunda-feira, 1 de abril de 2019

Um pouco por opção, tenho a velocidade das tartarugas, para uma série de dinâmicas sociais, e somente agora, tem alguns dias, cheguei ao Netflix.

Após me empanturrar, acho que posso falar assim, com alguns filmes, terminei por reviver uma velha impressão que tenho do mundo no que diz respeito à cultura.

Essa impressão é a de um certo cansaço quanto a consumir e não produzir. Ou quanto a mais consumir do que produzir.

Sinto-me um panaca quando isso acontece, pois antevejo os sinais de estagnação da alma quando não movo minha capacidade criar.

A gente de fato se empanturra consumindo um certo excesso de informações sem botar nada pra fora, sem botar no mundo uma linha sequer de originalidade.

O Netflix que me perdoe, mas seu cardápio interminável de opções me dá um pouco de enjoo. E o problema é esse: ficar parado do ponto de vista de alguma atividade do espírito, o que sem dúvida é causa de uma certa imbecilização.

Já experimentei dessa imbecilização mesmo depois de francos processos de produção intelectual. Basta ficar parado. É algo similar ao atrofiamento dos músculos do corpo mediante a falta de exercício físico.

Ver que eu posso me torno um idiota mesmo depois de uma vida inteira de escritas e leituras é algo que me assombrou.

Significa que essa idiotização é um fantasma eterno, que aflige uma sociedade inteira.


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