consegui um dom humano para mim, um derradeiro virar gente, eu que não conseguia ser delicado como julgo ser importante, necessário :: virei gente, posso dizer, com pouca margem para o maldoso cachorrão, o cão, diabo, demônio ::
meus sábios aconchegos, e eu sou gente :: o pensamento qualificado, integrado à natureza, agora possuo a púrpura do passado, ganhei um alto grau de poesia me coroando a cabeça, cocar mítico que liga-me ao passado desse lugar ::
agora, só amo, por congraçamento de muitas águas, amo tudo, e muito, perdi o pendor ao fluxo mal conduzido de saber e poesia :: agora eu uso tudo, reduzindo o desespero causado por certos sinais ::
:: sou leve, sou lento, já não sou ninguém sem meu chapéu de carroceiro do mato, e tudo isso é como se fossem óculos para mim, lentes que transmutam o mundo, e o livro geral do gozo se abre :: tudo é lindo, tudo é música, se aceito esse ser regional, e essa literatura afro-indígena que me acolhe :: tudo é terra, é letra, e eu me farto desse leite :: não sou tipo nenhum, nem jornalista, nem consultor, nada :: sou o começo de um corre-corre, uma gira de vontades de comer e de perceber o que somos, uma múltipla identidade :: estou cheio de voragem, e sou goiano, porque aqui um certo gosto por infinito me acolhe, um pai eterno e uma mãe galhofeira, um querer anímico de hospitalidade mediúnica e salvífica :: nao quero nada, sou só mesa posta, óleo, gengibre e alguma confusão:: tudo muito simples :: boi e tempo, chapéu e manto :: eu sou de cobre, de urucum, de cheiro de pimenta, eu sou geral, doído e pobre :: e eu sou goiano ::
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