quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

mãe







eu quero a luz, eu corro do que é pouco saber, eu estou sempre prenhe e imediatamente parindo um animalzinho, ouvindo a chance de esquentar


 ninhadas, cachopa de flores, cacho de uvas, eu estou sempre prenhe e organizando filosofias, a cabeça para fora do bebê é empurrada no ritmo daquela pausa para um fazer nascer, eu quero ser essa mãe natural 


que sonha valsas, e cirandas, para escapar do mal, e sair ileso das vigílias dos idiotas a mil por hora reunidos  em desfiles patriotistas,  


eu não sobrevivo sem milhares de impulsos rebentando em vários sinais, pontos de luz, reis e rainhas de estrelas, poemas, serei estação da luz, onde vago como vaqueiro ou peão mirim, cuidando 


da boiada :: para mim, a criatividade é poder arrumado com a cabeça, e fazer sucesso comercial é indiferente, pois meu contrato já está assinado com a casa editorial da mãe verdadeira, que me obriga a lavrar todos os dias, garantindo não sucesso ou dinheiro, mas segredos que solucionam 


meu pavor existencial de todos os dias, nesse país continente :: sou menino de rua, com pedaço de pau na mão, arma, cano de ferro, bem acintoso, sem privilégios, buscando com desespero meu ser importante, meu lugar, minha comissão, 


meu lanche, minha bituca, meu salgado :: sou a fome em geral ou em  específico, sou o todo que come e se alimenta de tudo, das raizes de plantas, mandiocas, batatas, ou da alma incendiária incrustada  numa carreta de caminhão: sou guerreiro nessa eterna desavença::


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