a vida se encontra completamente contida no trabalho que faz
uma árvore, nos levando a buscar
o exemplo vegetal como modelo de educação, especialmente em
seu sentido como objeto ou elemento
purificador :: que trabalho há na árvore, na apologia que faz ao permanecer,
ao movimento, que lhe
é próprio, de simplesmente ficar, imóvel, estática, plantada, atravessando o
tempo, enquanto cresce
e atinge plenitude e crescimento? :: uma circulação permanente de
conceitos vivos, constantemente
reavivados pela troca que a árvore faz com os elementos da natureza ao
seu redor :: na árvore, pousam pássaros,
acima de tudo, e ela se deixa tocar, sentida e generosa :: a árvore é branca e
iluminada, recebe as bandas
do sol, lentamente, se deixa tocar, de novo, grossa em suas cascas, cega no sentido
oracular da percepção
da luz divina, lembrando uma água :: faz o movimento da mulher grávida,
do acúmulo de ingredientes
em solução aquosa, e funciona como estoque, protegendo-se dos ataques da luz
impiedosa :: por isso
que funciona como sombra, aquilo que produz sombra, fábrica de frescor ::
meus ninhos colocados
em seus galhos, meus olhos furados em busca de perdão :: por ser tão antiga,
a árvore representa
um antigo rupestre, uma atividade plena de pintura feita com tinta e pena dos
animais atingidos pelo abate
que o instinto direciona :: somente vejo a escola dessa forma, uma escola da
natureza :: a antiga árvore mãe,
mariológica, reproduzindo em seu ventre o ninho, o calor colocado e aconchegante,
como o de uma concha,
uma mão, produzindo carinho, amor :: passa a circular então, por meio da seiva
da árvore, atingindo
todos os seus extremos, que são mitos, uns cantos capazes de proezas vivas
de meninos, na capacidade
de amar, desses meninos que deixam saudades, porque foram homens sãos,
líquidos e tenazes :: fazem
amor como meninos, impregnados da bênção da menina, a auréola delas
feminina, sua sorte longínqua
de estrela algoz e irrestrita no mantra da paz universal :: são meninos de suas
mães, banhados e xamÂnicos, revelados em crua diversidade,
com a função unívoca de plantar línguas e espalhar o tímido reflexo da
bondade original da placenta,
do aconchego, do frescor da grande árvore :: somente na espinha dorsal que
faz enxergar o olho
é que se planta uma árvore, tirada como bolinha ou semente, produzindo meninos
alegres, de distante
alegria genital, obscuros em suas barbas de profetas, velhos como meninos
que jamais crescem :: ela,
a árvore astral, com suas obscuras e fogosas bandas da morte, a nos comandar
em revoluções e aconchegos
de arte, em côncavos de ventre onde estão sensualidades que são umbigos e
cabelos genitais doces, uterinos ::
a árvore em seu tempo de maturação, de apodrecimento doce e sentido,
em envelhecimento, fezes
e urina :: a árvore como um defecar do mal, nas tramas obscuras com os gérmens
que são devoluções
do benfazejo :: a árvore por isso purifica os pensamentos, é sempre, toda ela, uma
alegria imensa
e viva, como sua corola ardente, completa, mas tímida, única,
resplandecente :: que na
vida toda se direciona o símbolo da arte, e as faces dos artistas, com seus
alaridos e musicalidade ::
a árvore, em definitivo, é o que planta cultura, faz a guerra pop da atualidade ::
a árvore quíntupla
do mito alucinado, toda rechaçada por seus mitos, e atingida pelos raios das
explosões, de hitler,
dos assassinos de gandhi e lennon, da explosão atômicA, com a função de,
enquanto fossa genital,
com raízes plantadas no karma do lodo do universo, procurar vivacidades
nítidas feitas nos laboratórios
dos gênios do universo, em busca de cura :: eu amo a árvore pelo seu perigo
e sua crueza farrapa de herói
farroupilha, quando penso na regionalidade de sua arborização só minha ::
levo a árvore a escola ::
a escola que é só minha, para aprender a cultuar pós-modernidades :: a árvore
que pensa e coordena
os movimentos de bote da serpente :: a árvore do ancestral capoeirista que
ensinou a lírica aos gaúchos ::
a árvore rock, com uns galhos falhados de percussão jazzística e pensamento
freireano :: a árvore
de o tempo e o vento e sonoridades absurdas, sempre vindas da banda da
morte, onde, dependurado
em um de seus galhos, como um velho iogue sobrevivendo de vermes e
mosquitos, eu sobrevivo ::
e permaneço, e cultuo o espírito, ora mais com os pés, ora mais com a cabeça,
respirando e rindo,
sempre respirando e rindo :: a árvore da seiva torpe de dioniso, na regulação
de herA :: a árvore do sangue
de cristo e suas miríades de dicionários artísticos :: a árvore boniTa dos mil
meninos e milhares de afetos ::
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