sábado, 26 de setembro de 2015

métoDo de visãO

vós mulheres, contam várias mentiras ao mesmo tempo, e com isso vocacionam a vida lentamente
a um processo geral 

de adormecer e sonhar :: fazem em anestesia, escondendo o terrível buraco negro de dimensão obscura, de onde vem a vida ::

o fazem com tamanha, terrível e carinhosa habilidade de fantasiar, com tamanha alegoria no ato de escrever invisível,

no ato de lutar mais invisivelmente ainda, que conseguem fazer crer à humanidade inteira, incluindo ao próprio gênero feminino, que

na íntima visão daquilo que são, podem ser encontradas apenas amorosas mães, irmãs e filhas, ingênuas, doces e submissas ::

vós sóis o pássaro e o que há, nele, por aninhar :: e eu, estando a ponto de constante desilusão, causada pela violência ancestral do grande útero

materno, não deveria vos conceder tanto mimo e concordÂncia nessas palavras, nem tampouco em minha visão, de um modo geral ::

mas reconheço, e não consigo deixar de ver, constatar, confirmar, que é a mãE, de saia e coturnos, que desenha a matriz,

como nas duras linhas de um programa de computação gráfica, onde vão se acrescentando minúsculas partículas que formam um véu, uma cortina de realidade grossa, tão espessa,

que só com os poderes de uma dança obscura, abstraída a partir dos sentimentos-movimentos da própria população encarnada, para se fazer aparecer

de modo apenas mítico, ou imagético, o que está do outro lado :: conseguem fazer crer, à nau dos insensatos e admiradores da lógica,

que não somos filósofos de cabeça mole :: que não somos pretensiosos e indigentes autores na compreensão e na escrita do grande fenômeno urbano

do mundo, sempre a refratar ou a refletir os sons da floresta :: conseguem nos

convencer que somos razoáveis, enquanto se aquecem os pés dos bebês com meias, se prepara o chá, se organiza o estranho espetáculo

de reprodução da lida, da festa, do rodeio universal :: e só haverá idiotas no mundo enquanto vcs 

não forem efetivamente compreendidas, o que significa a eternização da imbecilidade no mundo :: o amor eterno

depende dessa "burrice", dessa incompreensão, como forma de gerar o mito, reflexo do medo ::  o que há, nesse

complexo de depender, no limite, com horror, da
vagina, do útero sagrado? :: nessa paciência de nos gestacionar

está um sentimento que permitir o ardor :: não há

como entender, há que ser como o jokerman da letra de bob dylan e eu, felizmente, consigo sÊ-lo, caso contrário

já teria tido minha imensa cabeça cortada, ou a língua a aparada :: sou gentil quando preciso, e célebre quando

apanho, fico quieto, imóvel, amparado em fissuras, tétanos, poças de sangue :: e agora, que estou aqui, geral e irreversível,

admirador do raio e do trovão, inocente como no dia da criação, faço questão de dizer o que penso e sonho ::                                                                                                                                                                                                    

                                                                                                                                                                                        



                                                                                                                                                         

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