quinta-feira, 14 de agosto de 2025

áfriCa manda

 



a africa manda seus leves momentos de satisfação maternal para o amplo espaço dionisiaco de pensamento

vegetal, tudo no mundo que é sutil sensualidade, um aprender a comer, dançar, amar com a simplicidade e segurança de quem gera e amamenta o mundo, orientação magistral, primeira sinfonia do registro humAno

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

 


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a atenção e o respeito aos desejos obscuros do feminino são a nova fronteira da ética, ainda a ser

explorada por nosso anseio, quase desespero de navegação :: o mundo ocidental não sabe o que se encontra

do lado de lá, no continente inexplorado do poder dado às mulheres, apenas lembra vagamente

de uma ideologia pré-socrática, no fim do século XIX novamente defendida por Nietzsche - significando

a arte como solução, o pensamento trágico :: a mim, poeta recluso, não mais bárbaro, e devoto

das causas da dEusa, será doce obter o reconhecimento de que não há outro caminho para a humanidade,

e que ele já insinua soluções de convívio, em tempestades como a contracultura que explodiu nos

anos 60, ou agora, no Vale do Silício, onde jovens adeptos da tecnologia de rede reescrevem o modo de

vida capitalista, sem gerar desespero, mas seguros de que o novo se anuncia :: não sei, confesso,

o que mais me redimirá, me aliviará a alma - se ver os grandes conglomerados financeiros pararem

de dar as cartas no jogo da cultura e da subsistência material, ou se ver o surgimento de novos

meninos, mais respeitosos, doces e cálidos, e menos impulsionados pela necessidade biológica

de dispersão de seus espermatozóides :: ambas as metas, estão intimamente relacionadas e, no caso

de uma nova postura masculina no âmbito da sexualidade, sua possibilidade se desenvolve no campo

da cultura, mais especificamente no campo da arte :: a renovação daquilo que apreciamos como belo,

contagiante, entusiasmante, que nos transforma e passa a mensagem de que é preciso persistir

na vida, em meio às suas agruras, ou seja a renovação dos conjuntos das produções estéticas,

e que consumimos vorazmente por meio da mídia (música, livros, cinema etc.), depende de uma nova

relação com as musas, essas míticas figuras que amam os artistas criadores, inventores de povos


quinta-feira, 3 de julho de 2025

LIVRO DE DITIRAMBUS

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amar nunca é perfeito :: de nosso peito sofrido, pela falta do amor, sobem umas emanações que nos
permitem um ser em estado fluídico, ou gasoso :: são nossos fantasmas, e a leveza da morte que os
espalha, como sal, torna o céu da cidade a abóboda de uma catedral celeste :: amar nunca é leve :: para amar
de verdade, livrando-se dos espojos da morte, é precisa aceitar o estar doente, sem carinho :: cuido
sozinho de um livro guardado só meu, um livro de cavaleiros, que, somados, seriam capazes de revelar
o escondido :: eu rezo sozinho e guardo, todos os dias, uma espécie de roca que fia uma peneira com as ramas
da palmeira :: ela me tece, essa roca, e vou ficando cheio de meandros :: eu desço a rua infinita, ladeira íngrime,
e os choferes de táxi que nela deslizam vão me entremeando de suas passagens :: duas para a morte,
e um palito para espalitar os dentes :: revelam o quanto somos pedágio, alguém que cobra um preço ::
a passagem de uma cobra :: ninguém cruza por minha alma, e aqui está o meu cruzeiro de revelações, algo bem encravado e justo ::
a minha língua arranca elogios e não cuspo, jamais :: no meu cruzeiro para a morte, algumas vozes
imitam janis joplin :: outras, jimi hendrix :: no meu crucifixo pregado ao vento, um berimbau :: e assim
eu me entreteço, refazendo linhas ocultas, interrompidas, buscando ao céu qualquer migalha de pão,
num toque que me leve por esse oceano atlântico das nove :: na casa, a comida :: no chão, a telenovela ::
no mictório, um padrão :: nos fundos, o mato cresce :: no escritório, um deleite :: na copa de um sutiã,
uma viração, um fantasma, um lobisomem :: lá vai o marcos, escrevendo que nem homem, entrave
homérico da situação, damas para minha morte, um tempo mágico do que eu significo, e o verso bíblico
a balançar, como em uma esteira de circo, como uma onda no mar, que a brisa do brasil beija e cura
pela dança :: sou um estandarte, sou um paladar, sou um jantar servido com requinte :: estou no marco zero, sobre o tombadilho, e os espaços,
antes tensos, ficaram calmos :: estou na música urbana de meus filhos e de seus olhos prazenteiros :: estou bem quieto
e longínquo, estou agachado e sonho um despacho, que me leva, com velas amarelas e olhos brancos,
dois charutos, um torcida grande no bater de palmas que aliviam, uma torsão provocada pelo toque
inquieto do berimbau, balas de coco :: estou amarrado e vim com o troco :: vinte e cinco centavos,
sete moedas de cada lado, pela volta de minha profissão, jornalisTa :: na rua segregada e íntima do asfalto,
recebo todos os tiros do morro :: eu sou o cara amigo, a cara da amizadE :: pode deixar que eu te liGo,
e eu vou te reveLar todos os segRedos da danÇa brasiLeira, o moDo de amarrAr com deDos de bruxA
a bronCa do sapo :: e te demonstrar outroS quitutes e queTais, da noVa, e baiAna e gaúcha, e prazenteiRa choça ::


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fugi do controle dos grandes autores, para agora reencontrá-los, no plano da suavização do meu desejo,

o desejo de um cavalo de hérculEs, pleno de músculos e potente :: a rua encantada me levou,

eu poderia dizer, ou a loucura, ela mesma, ingrata, maldita e rival do plano de abstinência, rígido

auto-controle, que a sociedade exige :: não tenho uma noção de loucura, fixa, ou hermética :: tenho

o meu ser em estado enlouquecente, na medida em que desço a lombada infinita, fascinado com seus

pequenos ladrilhos que me dão o status único, de ser mitológico, acolhido por todas as visões

do mundo :: meu dEus, tenho orgulho de não ter lido uma única página completa desses autores

grandões - freuD, foucault, nietzsche etc. :: são cavalos perfeitos, e puxaram e puxam a humanidade ::

eis a sina do ociDente :: e eu, repleto de desejos púrpura pela sabedoria sagrada, me ordeno

agora pároco do acidente desumano que insufla em mim uma visão completa do regimento sobrehumano

e alegórico presente no mito :: estou padre e pároco, virei santo, e como bem, e vivo o vinho,

na eternidade daqueles que fiam o tecido inteiro da sociedade, do brinquedo inteiro em que nos vamos

transformando, como reflexo das ondas de desejo daqueles que nos pensam :: eu não existo

em um único banco acadêmico, ou em qualquer congresso-livraria-banco de ideias :: eu levanto

a bunda da cadeira e perco o emprego e formulo a ideia, bem brasileiro :: e com bastante fome de bola ::

e vou driblando e definindo em meu olho a cor dos infinitos ladrilhos, que são o crescente medo

e o estado de poesia pura, e troco tudo o que os pequenos professores e ladrões de ideias alheias gostam, por essa adrenalina viosionária, essa vertigem, essa vidência,

apenas intimamente recalcada, para que eu não mais enlouqueça :: eu tomei posse de um sangue

homérico, e minha sorte já está toda bem delineada por aqueles que me projetaram nesse desalinho

anti-consumista, anti-moralismo, anti-hipocrisia :: eu cresci e meus olhos gordos de paciência

e poesia vão engordurar o recalque, transformá-lo em beijos e abraços, em satisfação pura, bem na

cara da torcida


++++ de 2016


quarta-feira, 2 de julho de 2025

a vida no trabalho é cheia de janelas, portas, para as quais podemos nos virar de costas :: no entanto, elas nos

convidam, e se aceitamos seu convite, nos juntamos a uma atividade mais reflexiva ::  são passagens para o

pensar sobre o que estamos fazendo, a opinião - vejam só - de um espírito benfazejo a querer nos trazer uma novidade,

uma benfeitoria :: são anjos culturais, convidando ao problema, à transformação, à mudança de

rumo :: não raramente, ao sofrimento da recriação :: pensar relaciona-se, por isso, a criar e recriar a vida :: porque, muitas vezes, estamos mortos, e não sabemos ::

nosso curso de vida em sociedade eternamente e, portanto, normalmente, de maneira contínua

e cotidiana, é permeado por tais portas e janelas que, se nos confundem de início, a cada dia podem

ir se tornando avisos claros sobre a insuficiência daquilo que estamos sendo e fazendo :: parei de praticar

o jornalismo para pensar sobre :: abri uma janela para o ar novo penetrar, através do ofício do cientista social ::

me detive, no entanto, na forma como a ciência é praticada :: parei novamente, abri nova janela ::

nada, efetivamente, é tão arriscado atualmente quanto parar a nave da ciência, pois corresponde

ao mesmo que parar o planeta :: assim como, 500 anos atrás, era arriscado pedir uma pausa para a reflexão

em torno dos mitos religiosos que nos governavam enquanto humanidade do oCidente :: vamos compor

agora sonatas, ou poemas, ilustrações novas para uma bailarina, leve, reflexiva, pungente, que precisa

nos guiar :: estou atado a sua coleção de novidades, a seu colar de contas ::

 


sábado, 10 de maio de 2025

 ó substância que ativamos como que algo entre o medo, o desejo e a memória, composição próxima do piano divinizante astrológico, química música, assombrosa e largamente consoladora, largada no espaço, nebulosa, melífera esfera que se forma e nos envolve,


pressinto que ouço teus avatares sonoros silenciosos, a música de todo dia, os descompassos, as sincopoes, os escorpiões, pressurizaçoes, espantalhos, todo um manto de sinais que suavemente encostam-se à velha pele sensível de meus vários ouvidos, capilaridade ovariaana, vascularidade sofregamente andrógina, mimos de.mãe de anjo menino,

Sois esfinge, e se não te decifro, me devoras, e se te decifro, meu amor melhora, pago mais uma parcela de meu avivamento, destino de ter asas grudado ao chão, enterrado, mãe doce e assassina, misteriosamente sois sepulcro e casa coberta e protegida de vastos bons avivamentos


artes de crescer com as lutas milenares, crescer e pontear violas, baterias, uterinos hospitais de refazimento, solidões de fogueiras coletivas, eu a pulsar anônimo nessas raras duras devoções, um corpo canto, um corpo acorde, um corpo melodia, um corpo em um temporal que ę santo,  a cozinha imaterial de torrenciais imaginações,

sou um anônimo amparado por árvores inteiras de quentura alimentadas por arcanjos nus do alto deliciável mestre poeta de todas as voltas no universo, ó menino aquático impossível de ser acompanhado, teu empoderamento assa meu querer abençoado de ventríloquo humano, avatar, subserviente à espécie


Ó querer que é ŭmida vocação, substância cristalizada em poses e fotos, olhares e cortes de cabelo, é perturbador assimilar o quanto somos um amor de signos, fontes artísticas nupciais, beirando a incomensurabilidade do divino pequeno, do divino grande, do estio, do solstício, do alquímico, do quimérico, do anímico, enquanto sobras do reflexo do teu beijo elíseo umedece, caligrafa ondas de ternura artesã e politizada animista pacifista explosiva

sábado, 26 de abril de 2025

a vista imemorial cotidiana, distribuidora fortaleza, março de 25

 



a biblia de cada 

um pode ser cruel

 se não for

cuidadosamente 

solta 

no mundo,


maior é a realeza

do dEus que

é grande 

e pequeno,

tudo junto,


tudo na justa

medida

do valoroso

amor

universal,


arquétipo 

e simbolo

de fundamental

descomunal 

delicadeza






quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

homem sal,

homem coifa,

homem tudo,
santo sinal,
sereno húmus,
relacionar-se
com os seres que
cobrem
o mundo,
aconselhar-se
de seu
relvado

@@@@

minha cabeça 
é de palha,
e faz abrigar 
pássaros,
pássaros
que serenam
o coração 

@@@@

a brincadeira belAmente nos conduz pelo reino do nanocuidado,
onde o cultivo dos detalhes nos aproxima da ética e dos bons modos













quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

arvorezinhA

 o canto longo, arvorezinha absoluta que produz frutos quiméricos, brotada de meu coração sangrando 








vamos brotando amorosos aos poucos, enquanto árvore misteriosa, capaz de reter para si, em abraço afetuoso, até o corpo mais difícil espinho, a brutalidade guerreira do feminino, forjada na luta pelo diário alimento, essa dimensão amorosa com espinhos do viver no curso do tempo







quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

impoNderável






é, eu acho que vou estar sempre ter que estar achando uma solução para esse meu estar no mundo, virtualmente sem solução


como abóbora sempre serei, solução branda e mítica, onde não esqueço de ninguém que esquece de mim, desejo lácteo de união a tudo que há, como abóbora padeço, como abóbora morrerei

também há a força quase civica do manjericão, o querer ser eleito verde onda de unidade mítica, um esponsal dolorosa com a vida mais primitivo, em seus processos simples de existir e de absorção de nutrientes, morte, vida, reprodução, deixar de si uma verdade purificadora e sumir, para assumir outra linguagem e repovoar o mundo mais adiante, pelo todo sempre das difíceis eras

eu sou querer serpenteador dionisíaco arbitrária, imposição da ferocidade criativa do vivo estar no mundo, eu sou belo e arbóreo mugido, de precisão esfingica, que um dia se desvelará



podemos resolver até a fome do mundo, mas nunca a imensidão de um penar faminto por amor no temporal que é o existir denso de desejos do porvir humano



podemos até imitar a sombra do divino em rituais marcados por sabores e sensações paradisíacas, mas o medo terno que congela meu estar menino no mundo é precioso, afiao e absurdamente imponderável