domingo, 26 de julho de 2015

casamentO

sempre coroei tudo o que fazíamos,
e prossigo hoje,
buscando uma realeza
de que sinto falta no mundo,
e nisso sou mestre ::
dizem que sou louco,
que não tenho consciência
ou jeito para a vida ::
somos, no entanto,
isso, e o que segue agora
é nosso destino ::
há bem pouco tempo
realizamos um rito de
comer e conversar juntos ::
e isso é uma bonita família ::
lembro-me que realizávamos
saraus
ora em fontes escondidas,
outras vezes,
um dicionário de versões
sobre o bRasil
vinha me socorrer ::
um dicionário
de quebrar
espantos e confusões ::
um dicionário
bem orado
junto aos pés
de nossos santos
guerreiros, pais
e mães de uma medicina
cabocla para
os males
das situações
mais pontiagudas porém honrosas,
difíceis,
famigeradas,
margeadas
por pavores
financeiros
e corações partidos ::
um dicionário sobre o bRasil
fornece os tempos
de cozimento, das costuras,
das estações
de frio, das brincadeiras ::
e agora, que a juliana
e o caio
são bem diferentes,
porque
um gosta de rap e outro de funk,
e agora,
que a dedé voa distante,
e que minha poesia realmente
me consola,
e busco a alice e a aninha,
todos os dias,
ancorado no mito de caetano
e de cora,
e entendo que os filhos
nos enchem de mimos e poesia,
como oráculos preciosos que
brotam do fundo da terra,
como colheita e fartura,
acompanhamento para o resto da vida,
sem nos importarmos
com seus sonambulismos, tiques, perturbações,
gastações de dinheiro,
boa ou má índole ::
agora que eu vi e vejo, em nós
e no tomás, todos
os dias, um
menino correndo,
e que esse menino
é um sinal de sabedoria
e conhecimento,
eu acho que
eu me encontrei ::
penso que podemos
agora sentar lado a lado,
você, sílvia
e eu, marcus,
para assistirmos
como que a uma festa
de luz e fogos,
logarítimos, doces
e muita folia, pois uma estrela
brilhou no céu
anunciando a bondade
bem honrosa
e gaúcha que aqui se
faz e fez, com
o suor
de nosso
trabalho,
nosso carinho
nossa persistência,
com a densidade
bondosa e doce de nossas
amarrações ::
e a cada nova
vida que
a nossa se reúne,
noras, genros
e netos,
seus momentos
de angústia
ou amargor,
desconsolo
ou complicação,
maus súbitos,
cabeça estragada,
estaremos
sempre
aqui,
em uma casa
onde se faz
o amor
e onde sobem
sublimes bandeiras, as rendas
e os bolos
das comemorações ::
que seja
nosso esse
espaço,
bem silvícola,
e nessa fronteira
divina,
eu possa te
servir,
com ternura,
honradez
e hombridade ::
que minha
timidez
sempre
te procure,
como no início,
e sejamos
aquilo que
está previsto
desde
o princípio deste
nosso
futuro,
na antevisão
de uma ciranda
de roda,
ou de um folguedo
típico do boizinho
mais arcaico brasileiro,
tradicional,
nordestino ::
que sejamos
fortes
como águas
que mutuamente
ajudam-se
em seus
mistérios
muito mais
que
profundos ::
ao final,
neste chão
que inventamos,
ergueremos
um gládio,
sinalizando
termos
nos tornado
um canto
de matrimônio
indevassável ::
um ponto
batido
e intocável,
quase
que de religião,
mesmo em meio
a toda
a fúria de
de nosso
processo
artístico
de criação
::
e estaremos
então, ali,
juntinhos ::
unidos ::
invictos ::
uníssinos ::
bela e organicamente
inseparáveis ::

sábado, 18 de julho de 2015

lóGica erRada

não consigo 
me livrar das ideias, mesmo havendo, no humus da vida, prática :: no colégio eu habito :: ó terra
dicionário que eu habito :: não havendo solução para o palco trágico da existência, a pestilência acaba em verve, no fulgor
de um musical perfume, forma colorida de incenso, john mclaughlin :: uma arte grafite que se grave,
vases e vezes :: vozes :: arrebanho alguns trocados, vasos líquidos de comunicação :: vou ao mercado
e a minha cabeça surge-se de tinta, fox trote, fór
mula joão :: estou impressionado :: falo com gravidez
na cabeça :: dai-me, ó arte, beleza
 anímica, e os vasos de guitarra são pensamentos, pulsações
processadas no ventinho verde da eterna ilusão, uma c
abeça de vaca, um rio ganges, uma língua ::
olho um eterno matisse, uma língua :: ou um mondrian, um estocado :: olho, ó olho, teu processo
químico, teu negro labor :: um estocado no olho, um murmurinho, um bum-bum-bum, esse barulho
eterno que brilha, como uma gente 







esfolada a relho :: negrinho, ó neg
rinho :: está benta a tua moeda
de prata :: e vou caminhando pelo caminho, a minha, 
meu jeito bugre me con
dena :: forma-se essa
gente estocada, com seu jeito meigo :: como é um
 laço negro? :: na p
ele, um velho suor,
como o de uma mãe prazerorgasmofrutoovulaç
ão :: nada dói :: não há mulher assim no mundo ::
limpa os lençóis da cama :: ela mesma os lava :: e formula organizações mundiais para a destruição
do que ela mesma construiu :: agora rev
ejo um si
nal :: fr
ida k




ahlo, internada, sangue, devoção ::
essa mulher arvora-se por densificar o meu p
ensamento :: tenh
o plástic
os químicos, e a população
nativa mata bicheiras, toma sangue de ove
lha, beb
e seu próprio vinho visionaríssimo :: doce homem,



lamba cordeiros, coma cordeiros, te ento
pe da tua visão, em êxtase e p
avor, porque nenhum jesus
cristo prescinde de um império romano ::

domingo, 5 de julho de 2015

mestRe esquIsito



esse ser gaúcho sou eu, pois ganhei de ti as insígnias do dragão, mestre, marujo, menestrel, voador ::
me quintuplico em estrela e te bordo com olhos líquidos, amendoados, fundos como minúcias
impossíveis de serem observadas :: fundos como teus prados, ó iguaria :: e se me evado, por medo,
uma ou outra vez, é porque teu esquadr
ão legionário de maria muito me assusta :: ó maria, estou
espantado, no jeito honroso de
louvar tuas quadras, e no modo esquivo de tuas luas, teus segredos,
teus mistérios :: sou porto ardoroso, porque ampliado em meu limite, e isso me concede quadras
em teu prado :: ó negrinho pra






zenteiro, há tufões nos céus de iansã, enquanto arrebanhas teus
fogos, fantasmas, boitatás :: vou ajeitar um fogo no céu, ó negrinho, para fazer funcionar uma nova dicção
para antigos medos :: aprisiona o homem gaúcho em lendas, enquanto o viés
dos bordados
de suas prendas enternece as botas e as pilchas com um olhar bonitinho :: ó amantíssima e ardorosa
filha sem pecado, lava teu cabelo, usa erva de cheiro, afasta o remoída amargo da cara desses
homens espantados, entre ruídos, q
ue esperam e ardem, pela flor, a partir de um arrepio que lhes
causa um trago :: negros!, arrumem tudo no quarto :: há uma prisão que nos aprisiona, o bloqueio
da relação cordial, que vocaciona o ensaio ansioso da majestade em harmonia, um cheiro de sexo
distant

e e longínquo, na violência entre as flores :: uma rosa pisada, o restauro da aviação de cristo :: o espanto, uma guitarra, nove baixos, e a cabeça
repleta de vinho :: abaixa a cabeça, abre um so
rriso, a formosa dama lhe conta baixinho que os filhos
amam como flor de lótus
: recebe-se um vinho, uma flor de farinha e se vá preparar a comida ::
repara nos negros, como comem quietos :: repara nos índios, como recebem o beiju com carinho,




das mãos de suas índias, e em como comem quietos :: estar troando, estar zunindo :: acalma
teu medo, cala teu édipo :: deves ser só sensação :: deves ter consciência do sabor dos mingaus ::
te abençoa com teu orixá :: tabaco, só ao
s domingos! :: lava a cuia,faz uma roça de milho, espanta
o amargo de teu pensamento :: ama os outros, que são mais que tua família, são teu pago, são a força
para tudo o que sentes :: teu pai, aos poucos nenhuma infâmia lhe define, no tribunal das violentas
pensadoras da poesia :: teu estoque de boa convivência, tÊnis rasgado, calça entendedora dos caminhos, teu esporte
na calçada, ciranda de roda, conversas, alegria :: há volume em teus sonhos, intensidade de som,
porque botas a cabeça na calçada e sonhas :: ao final, um mestre cura, e tu voas, como sábio passarinho ::
ali a voar, com o mestre esquisito :: ali, a frutificar ::