e prossigo hoje,
buscando uma realeza
de que sinto falta no mundo,
e nisso sou mestre ::
dizem que sou louco,
que não tenho consciência
ou jeito para a vida ::
somos, no entanto,
isso, e o que segue agora
é nosso destino ::
há bem pouco tempo
realizamos um rito de
comer e conversar juntos ::
e isso é uma bonita família ::
lembro-me que realizávamos
saraus
ora em fontes escondidas,
outras vezes,
um dicionário de versões
sobre o bRasil
vinha me socorrer ::
um dicionário
de quebrar
espantos e confusões ::
um dicionário
bem orado
junto aos pés
de nossos santos
guerreiros, pais
e mães de uma medicina
cabocla para
os males
das situações
mais pontiagudas porém honrosas,
difíceis,
famigeradas,
margeadas
por pavores
financeiros
e corações partidos ::
um dicionário sobre o bRasil
fornece os tempos
de cozimento, das costuras,
das estações
de frio, das brincadeiras ::
e agora, que a juliana
e o caio
são bem diferentes,
porque
um gosta de rap e outro de funk,
e agora,
que a dedé voa distante,
e que minha poesia realmente
me consola,
e busco a alice e a aninha,
todos os dias,
ancorado no mito de caetano
e de cora,
e entendo que os filhos
nos enchem de mimos e poesia,
como oráculos preciosos que
brotam do fundo da terra,
como colheita e fartura,
acompanhamento para o resto da vida,
sem nos importarmos
com seus sonambulismos, tiques, perturbações,
gastações de dinheiro,
boa ou má índole ::
agora que eu vi e vejo, em nós
e no tomás, todos
os dias, um
menino correndo,
e que esse menino
é um sinal de sabedoria
e conhecimento,
eu acho que
eu me encontrei ::
penso que podemos
agora sentar lado a lado,
você, sílvia
e eu, marcus,
para assistirmos
como que a uma festa
de luz e fogos,
logarítimos, doces
e muita folia, pois uma estrela
brilhou no céu
anunciando a bondade
bem honrosa
e gaúcha que aqui se
faz e fez, com
o suor
de nosso
trabalho,
nosso carinho
nossa persistência,
com a densidade
bondosa e doce de nossas
amarrações ::
e a cada nova
vida que
a nossa se reúne,
noras, genros
e netos,
seus momentos
de angústia
ou amargor,
desconsolo
ou complicação,
maus súbitos,
cabeça estragada,
estaremos
sempre
aqui,
em uma casa
onde se faz
o amor
e onde sobem
sublimes bandeiras, as rendas
e os bolos
das comemorações ::
que seja
nosso esse
espaço,
bem silvícola,
e nessa fronteira
divina,
eu possa te
servir,
com ternura,
honradez
e hombridade ::
que minha
timidez
sempre
te procure,
como no início,
e sejamos
aquilo que
está previsto
desde
o princípio deste
nosso
futuro,
na antevisão
de uma ciranda
de roda,
ou de um folguedo
típico do boizinho
mais arcaico brasileiro,
tradicional,
nordestino ::
que sejamos
fortes
como águas
que mutuamente
ajudam-se
em seus
mistérios
muito mais
que
profundos ::
ao final,
neste chão
que inventamos,
ergueremos
um gládio,
sinalizando
termos
nos tornado
um canto
de matrimônio
indevassável ::
um ponto
batido
e intocável,
quase
que de religião,
mesmo em meio
a toda
a fúria de
de nosso
processo
artístico
de criação
::
e estaremos
então, ali,
juntinhos ::
unidos ::
invictos ::
uníssinos ::
bela e organicamente
inseparáveis ::
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