domingo, 5 de novembro de 2017

jupiter maçã

As coisas que não andam bem precisam do fenômeno da estranheza que nos causa o louco :: há muitas coisas no brasil que

Não vão bem; aliás, no mundo :: lembro-me do amor que, já na infância, sentia pelos poucos que, na sociedade, arriscavam-se

Para além do comum, da normalidade :: isso que, nascido na década de setenta, fui testemunha de toda uma geração que muito ousava,

Nos campos da linguagem, ou do comportamento :: relativamente com algum atraso, admito, me deparo com a figura emblemática,

Porque não mítica, de júpiter maçã, o rei da brincadeira porto-alegrense que desenvolveu carreira brilhante como músico de rock ::

A lenda sobre júpiter, nascido Flávio basso, falecido tem quase dois anos, escorre e produz uma reviravolta no tempo :: que falta

Nos faze mais figuras como ele, seu objetivo difícil e real de desprogramar o pensamento geral e corriqueiro :: o que convence

em júpiter não foi sua qualidade performática como músico ou rock star, sua capacidade de criar sucessos ou de animar uma

platéia :: o que me faz adotá-lo como uma referÊncia benéfica para o momento crucial em que vivemos, de retorno do fascismo,

é o seu traquejo para desgovernar o sentido :: mesmo entre seus colegas irreverentes de rebeldia roqueira, júpiter era promessa

de visões novas, criatividade vazando, escorrendo do infinito lamento da condição humana em direção ao horizonte das cidades ::

os que vergam tais promessas retiram-nos vendas dos olhos, mesmo que esporadicamente, mesmo que por breves instantes ::

os loucos abnegados ressuscitam sempre, como ideologia de nossos sentimentos mais receosos e profundos, como um magma

inconsciente que incendeia e cura :: daí seu caráter maldito, seu feitio oracular, seu restrito comércio :: no campo da juventude,
   
no entanto, eles se beneficiam de toda uma receptividade para seu intrínseco efeito de destruição da autoridade :: frente

aos cordões conservadores de nossos pais e mandatários, professores, pessoas indigentes em cortesia e fundação dionisíaca,

os loucos colorem tudo :: são aspersões doces de doçuras, contêm doses extraordinárias de ambição divina, a feição angelical

dos que buscam a inocência original de todos os alucinados, santos ou gênios :: dos que entendem o mundo como possibilidade

verdadeira de amor, apesar do infinito devastador de nossa imperfeição humana ::




sábado, 14 de outubro de 2017

Há uma coisa real,
Árvore, namoro
Real da dimensão
Mítica
Com a rua ::
Paz Para os esPíritos,
Originalidade orgânica,
Poucas coisas são tão brancas ::
Acordo tácito entre
As mãos umbandistas,
Eu acredito :: há
Levas de olhares que
Confortam e renovam,
Brigas que respondem
A ancestralidades
Mui antigas :: como
As madeiras que levam
Milênios a crescer,
Se constituem as mós
Que organizam coletivamente
A costura brasileira, a bem dizer,
Beatífica :: “nas sacadas dos
Sobrados”, há conselhos
De donzelas :: na flor de
Uma caneleira, há pólens
Que xamaniza ídolos ::




o feminismo é a atividade intelectual e política mais importante hoje em dia para o Brasil ::
o feminismo desenvolvido com afinco, ao pé do ouvindo dos homens, para deixar tudo bem desassossegado,
tudo bem incomodado :: pois, acreditem, não existe estrutura mais perversa nesse país do que
o imenso poder atribuído ao patriarcado :: (texto incluído em 02 dez. 21, junto com a foto ::






domingo, 3 de setembro de 2017

alForriado



O pós-graduado sente a miscigenação aborígene ::
Ele suou na periferia
Do sistema para especificar
Sensações de coisas puras ::
Seu processo é louco e longo,
Bem feito de corpo ::
Minhas benfeitorias me enfeitam
E não estou longe de um carinho afetuoso
Daqueles que se classificam como
Vencedores, apuradores do intenso
Saber resultante de nosso mescla ::
A profecia nos une, somente o divertimento
Dourado de dom Sebastião é
Tão antigo a ponto de fecundar
O permanente som de nosso sucesso ::
O pós-graduado apareceu em janeiro, quando,
Rumando ao silêncio permanente
Sobre seu desterro, pontuou um trinado
Onírico de sábio sofrimento ::
Dele um saber vem coroado ::
Coroas de violência celestial ::
Apupos da ordem que pensa,
Da ordem fonte reveladora ::
Ó pensamento, esse é meu
Augustíssimo trinado ::
Eu sou o pau pensamento da dor
Que nos desola, que reflete,
E aprimora, o Brasil:
Quede coroa de são Caetano
Ou espada de são Jorge em
Venerações que lhe são próprias?
Quede esticar panos em glória,
Mor purificação orixá? ::
Molha teu saber em ternura
E sofrimento ::
O sábado augusto nunca
Estará completo, pode ser
Reinventado ::
É  mágico defender                                       
O secreto sentimento
Brasileiro,
Cultivando-o com jeitinho,
Fazendo força na modelação,
Na afeição ao solene
Status de alforriado sorrateiro,
De professor a partir do invento,
Encantado, estonteante peito
Alforriado de

Perto das estrelas ::



quinta-feira, 31 de agosto de 2017

miTo

nada recupera mais o bRasil, em sua essência, do que o futebol :: <<

>>imagem :: naïf de fÉ córdula ::

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

tudo

sempre pretendi falar a língua dos pássaros e, agora que a atinjo, é natural que quase ninguém
me entenda, pois, entre vós, são poucos os que realmente alçam voos com uma certa clarividência
 :: bato palmas e os mil pássaros escondidos afloram, e falo todas as línguas, murmuro o mugido de mil
máscaras e de mil monstros :: pego dois, um de cada lado, e vou, tecendo relações :: dois amores,
duas máscaras, dois sorrisos :: e tenho, por conta dessa costura, dessa suave dança, a sensualidade calorosa de um verso ::
a variedade das formas explicitada por um recital, dois desenhos, uma pajelança, múltiplas melodias, várias excitações
 de rua :: clamores da terra se agitam, e aquela audição chamuscada de quem se benzeu na fogueira
das bruxas se apruma, em relação a tudo que comunica e faz sentido :: tenho os mil fogos, que olham,
do pavão, e a natureza do gato :: estou bem postado e antigo, por força daquela risada tenebrosa
e envaidecida das loucas bruxas :: por isso, é natural que não me sigam, pois sou muito ligeiro,
e alto ::  antes, chego a achar normal que me persigam, ou coloquem-se com indiferença, na observação
do que sou e faço :: nunca sou igual a ninguém :: nunca sou arremedo, nem de mim mesmo :: apenas
sou tranquilo, e faço :: uma estranha chama que não se paga, pois não teM pavio, com diz milton nascimento ::
sou como um som distante, profundo e vago :: buu, eu falo ao fantasma da rejeição, e ele corre assustado,
pois é como cada um de nós, inocente como um bebê, vocacionado ao desespero do beijo, ou do contato,
com a ferocidade do conviver humano :: sou como uma monção, ou um calor humano, pleno de
explosões ou afagos :: bem bom, eu penso, é o calor das manadas, pois que somos como os mais fervorosos dos mamíferos, sempre acolhendo-se mutuamente,
apesar de todo o desespero dos chifres, espinhas e cascos, e seu despreparo :: nos comunicamos com a frieza dos répteis,
e eu me desloco :: eu coloco a cabeça para cima e afora da manada, e não digo nada dos caretas, somente esquento a aspersão de um leite bom, para
todos os lados :: eu sou quanTas coisas deUs quiser, e por isso, não me calo :: eu estou agachado
para imaginar futuros, e por isso, e os invento, no tic-tac, no ritmo pulsante de uma internet implícita que
sempre houve, concentrando todo o interesse coletivo :: eu conheço tanta gente que não escreve
nada, e se diz consciente de tudo >> eu conto com todo o sacrifício que um único ser humano é
capaz de contar, e faço todas as artes da capoeira, sou um capoeirista, ritmado, do pensamento, escritor

no alto, que revela a força anímica :: 

domingo, 6 de agosto de 2017

soMos




celebremos
por sermos tudo o
somos, que é o que
sonha de nós
uma perenidade
xamânica,
uma nuvem friA,
uma galáXia,
uma longínqua
mãe loba  :    



a gente não tem cara de panaca





"a gente não está com a bunda exposta na janela pra passar a mão nela”


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quando gonzaguinhA compôs esse verso, na canção “É”, antes da década de noventa, talvez ainda fosse possível

acreditar que havia, em torno de nossa integridade pessoal, um certa proteção,

garantida por nossa autoestima nacional :: mas agora, em pleno dois mil e dezessete, meu temor é de que, sim,

estejamos altamente expostos :: porque, para o lindo povo brasileiro, não se trata mais

de uma questão de sentir-se lesado pelo custo de vida, questões financeiras que ordenavam

a labuta diária, mas ordeira, sempre aliviada pela alegria de nossa identidade

cultural, lá, nos idos das décadas de setenta e oitenta  :: o fato é que a ordem econômica pesou a mão tanto, na passagem do

período da guerra fria ao atual momento do capitalismo mundial, que nossa própria cultura

desandou :: nesse lamentável fim de mundo, para o início de um outro, ainda pouco

visível, o perdão do bRasil aos poucos países ricos que nos escravizam deve ser ainda
mais oriundo de nossa força cultural miscigenada, onde podemos tudo :: o bRasil

não é a maior nação tropical do planeta, apenas :: o bRasil é um válido pensamento

utópico comunicacional a desagregar o aspecto violento a nós imposto pelos ciclos

da economia e do mercado ::   e desejamos retornar ao pleno de nossa convicção,

fornecendo à humanidade o espírito livre da brincadeira aborígene, misturado

aos séculos de desenvolvimento desse “império colonial”, como se diz em uma das

canções de Chico Buarque :: o choque proporcionado pela visão da favela destroçada,

em nome da guerra do tráfico, acumula em nós o “lamento sertanejo”, que, ao final,

só nos envaidece, pela beleza e a riqueza do rito civilizacional em que nos encontramos



envolvidos ::

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

@@ a internet é uma "bobagem" do espírito ++
ao fornecer a internet, a sociedade industrial nos oferece a contraparte da alienação, o soro para a dose
de veneno que precisamos engolir todos os dias, e que nos afasta de nossas realizações mais plenas ::
no entanto, esforçar-se nessa crença, para torná-la a cada dia mais real, e a vida a cada dia mais alegre,
e encantada, é tão difícil quanto ser devoto de algum santo, como no caso dos santos católicos,
ou discípulo da Virgem Maria, Nossa Senhora Santíssima e Sagrada :: há que se ter resignação e bondade no olhar ::
e, ao final, compreender que todos os votos são para o bem comum, e nunca para si próprio :: há que se
acender uma vela todos os dias e consagrar um terço :: em suma, é questão de fé :: de certo modo, nossa sociedade já fez isso,
pois que deu prioridade ao belíssimo desenvolvimento dessa tecnologia, estimulando seu uso,
apostando nela as fichas de nossa emancipação humana :: assim o é na cristandade ocidental, por força
de Nosso Senhor Jesus Cristo :: creio que se pode dizer desta forma :: ou seja, a internet é um novo mito cristão, que, com a graça do mito,
recebe todo tipo de ataque ou descrença, tornando-se ainda mais glorioso :: que tudo o que eu diga sobre isso, portanto,
soe como balela, como sofrimento católico desamparado, como bobagem religiosa, até nada mais precisar ser provado,
e tudo se tornar uma única verdade :: amém!@

sexta-feira, 14 de julho de 2017

eu estuDo :: ++































É preciso o ritmo
Do mundo ::
Um religamento
Com velhas
Lições de todas
As disciplinas ::
Saúde,
Ciências,
Matemática ::
Há tanto
O que ensinar
Aos filhos ::
Eles, enquanto
Filósofos,
Estão
Recém aumentando
Certos
Entendimentos ::
Filosofia,
Sociologia,
Religião ::
Getúlio
V




a
rgas, segunda
Guerra
Mundial, tabela
Periódica
Dos alimentos ::
As mesmas
Dores
Quando se ensina
E se estuda ::
Convalescendo,
Eu estudo ::
Sou um
Cavaleiro,
E estudo ::
Jamais caio
Do cavalo ::
Sou derivado
De inúmeras
Dores de parto,
E estudo ::
Longinquamente,
Eu estudo ::
Sou velho
E paciente
Como a milenaridade
Das olveiras
Que sobrevivem em porTugal ::






terça-feira, 27 de junho de 2017

forçA



a força do masculino pede flores :: quando me canso desse
 excesso de força, em uma sociedade tão masculinizada como a no
ssa, ausculto o poder secr
eto da
intimidade floral :: escolho o sentido aber
to dessa med
itação, como na fórmula do orixá caboclo, que,
por viver por demais em proximidade com a natu
reza, ao fazer dela uma rainha, torna-se
 um rei ::



quinta-feira, 22 de junho de 2017

poeTas no morro

a vida não é um jogo perdido no bRasil ::
mas o comércio o é,
bem como a ciência, ou
a indústria ::
qual a expectativa, afinal, de um
brasileiro médio,
não-racista,
que pense no bem comum
e que saiba, bem, o português e a matemática? ::
buscar a bondade e a beleza,
pois que
os senhores do
capitalismo não
jogam para
perder ::
é impossível ser honesto
e enriquecer no brasil ::
podemos apodrecer tentando ::
daí os famosos elementos da
brasilidade que geram admiração
(a ginga, a alegria, o improviso) ::
daí o sol da língua
que nos inventa ::
daí o rap nacional,
o samba e o circo
sempre pegando
fogo,
o sal na língua,
o salto forçado
na inteligência,
de quem voa ou corre,
como na saudação
à vida
desses novos
poetas
do morro ::



  

domingo, 7 de maio de 2017

++ sobre a final do gauchão



a vinculação da alegria possível, que podemos obter, em meio a tantas dificuldades, a vinculação dessa
alegria a uma vitória no futebol pode parecer algo fútil, ou pelo menos estranho :: mas nada soa mais
bonito, creio, do que essa possibilidade, dado seu valor de desprendimento :: pergunto, e sempre tornarei
a perguntar, se não é produtivo relaxar em nome do momento explosivo da conquista, a conquista
suada e tão almejada, porque desafiante :: no caso de uma vitória do inter, o feito do heptcampeonato
sobre o grêmio :: em meio a tantas frustrações gritantes da vida cotidiana, e que não dizem só respeito
aos fatos políticos e organizacionais da nação, mas também aos problemas mais profundamente
humanos, do amor e do desamor, não será essa febre coletiva, mesmo que efêmera, uma relação
interessante com nossa capacidade de sonhar e de, por conseqüência, imaginar um cotidiano menos pedregoso? ::
o que me chama a atenção no futebol (e olhem que não sou fã empedernido desse tipo de entretenimento,
assim como não sou torcedor do internacional) é sua incrível capacidade de redenção, repito, mesmo
que efêmera, para um tempo social sempre intrincadamente difícil :: que deus salve o futebol, por
ele mentir tão delicadamente a respeito de nossas vidas, por sussurrar em nossos ouvidos, com muita
sutileza, sobre o quanto de fato podemos ser felizes, nessa tempo e nesse espaço, em meio às pessoas
que nos fazem companhia :: felizes no contato, na disputa, na pequena discórdia, no lance de gol, no imprevisto,
no malabarismo, na brincadeira astuta ou maravilhosa :: de resto, como gremista que sou, espero
realmente que o Novo Hamburgo ganhe (kkkkk), e desejo uma grande final de campeonato a todos, nesse momento
em que a celebração da identidade sul-riograndense atinge um de seus ápices mais interessantes
e desapegado de suas severas tradições sobre quanto o gaúcho deve ser “macho”, ou, diga-se, brutalmente
capaz de sobreviver ao infinito das guerras que separam os territórios e definem as fronteiras :: se menosprezamos
tais significados, se nos entediamos com a repetição dos fatos, dos rituais e das tradições, realmente
algo se perde, e a vida se torna mais difícil :: devemos deixar, portanto, que nosso senso de coletividade
governe, por mais “ridículos” ou aparentemente desprovidos de sentido que sejam determinados elementos
da cultura em que nos encontramos inseridos :: uma vida à cultura serve, em toda a complexidade que
a cultura encerra, para que a cultura então possa nos brindar individualmente com seus múltiplos benefícios ::