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bolSonaro e sua consumação genital transgressora: pulsão maldita que produz a queda da civiliZação |
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bolsonaro navega por águas obscuras e profundas do ser humano,
certamente flertando com a loucura :: talvez ele
seja uma espécie gênio do mal, necessariamente desequilibrado
:: seu preconceito é puro impulso incestuoso mal trabalhado ::
de acordo com a psicanálise, a solução cultural que se dá à pulsão
instintiva do incesto pode ser
muitas vezes insuficiente, fazendo com que o sujeito não meça suas
chances de conseguir prazer :: daí a posição
fálica inerente e desrespeitosa do maldito candidato :: suas palavras,
seus gestos :: é como se ele estivesse sempre pronto
para executar uma consumação genital transgressora, proibida :: daí também
a sensação de que ele é
o crime em pessoa, um processo ambulante de dissolução das barreiras da
civilização, contaminando a imaginação daqueles que
psiquicamente são próximos a ele ou que,
cansados do esforço exigido pela complexa sociedade brasileira
(multicultural e pertencente ao capitalismo periférico), resolvem
atalhar o caminho cansativo, oneroso, representado pela cultura,
e buscam o prazer fácil obtido por meio da agressão, do retalhamento, da
ditadura :: é como
bater em uma mulher para que ela permita o sexo, no lugar de cumprir com
os rituais de acasalamento ::
é como aliviar a dor causada pelo convívio social, que é própria da vida
humana, e fatalmente necessária à evolução ética,
para alimentar a ilusão de que essa dor cessará, estabelecendo-se o
paraíso imediato de um país sem conflitos, sem contradições :: é como
cessar com a dramaticidade da existência, estancando com o próprio fluxo
da história :: proposição
totalitária por excelência, como nos casos do nazismo e de alguns
socialismos reais, que já nasceram
com os dias contados :: na hipótese terrível de uma eventual vitória do
“coiso” nas urnas, ressurge perante
os olhos da humanidade, ao vivo e a cores, como se dizia na época da
televisão, o difícil abismo, uma espécie de buraco negro, do qual emergem os
significados
mais noturnos e misteriosos da alma de tudo :: experiência radical, como
aquela tutelada por
adolf hitler, que, ao ser heroicamente vencida, transformou-se em um
novo patamar de humanização,
especialmente pela ação da contracultura juvenil da década de 60,
considerada pai e mãe da revolução digital,
no bRAsil, creio, essas poções vitais de poesia virulenta e paixão podem
representar algo novo, quiçá a consumação
de nosso mito fundador, aquele, da democracia racial :: como compreender
tais processos verdadeiramente
épicos? ::
qual a divindade que os conduz? :: já que somos todos, de certa
maneira, frutos da cultura pop internacional gestacionada no pós-guerra,
ocorre-me tentar ilustrar
essa situação a partir não da teologia ou da filosofia, propriamente
ditas, mas de seu uso pela cultura
pop ela mesma :: na canção “o trem
das sete”, raul seixas logra alcançar a grandiosidade de uma interpretação
nietzschiana perante esses dramáticos processos :: vale citar quase toda
a letra ::
“Ói,
olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar
Vê, é
o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões
Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons
Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons
Ói,
olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral”
certamente
é espantoso deparar-se com a eternidade do mal, seu “romance astral” com o bem :: ninguém esperava a volta do fascismo,
do mesmo modo como, no futuro, nos espantará seu ressurgimento sinuoso, inesperado :: no
entanto, é dessa
intensa relação
que brota a imagem delicada do destino, do porvir, na letra de raul pintada com
a imagem
do trem,
o veículo mágico que avança, nos levando em direção ao desconhecido ::
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filósoFo pop e a metáfora do trem: a dança astral entre o mal e o bem, por raUl seiXas |
"A diferença entre líderes fascistas e os seus liderados repousava, segundo
Adorno, na capacidade dos primeiros colocarem o seu inconsciente para fora, sem
censuras, acionando e mobilizando as forças do inconsciente das audiências (acting
out). O discurso anti-semítico, por exemplo, era de modo evidente uma transgressão à
norma politicamente correta da indesejabilidade do preconceito na vida social; os
líderes, no entanto, nunca esconderam o desejo de atacar e culpabilizar os judeus por
todos os males da Alemanha ( o de terem vendido segredos de guerra à Tríplice Entente
e de se capitalizarem com a Primeira Guerra, por exemplo). Os liderados, por sua vez,
receberam os estímulos porque tinham necessidade psicológica de encontrar bodes
expiatórios para descarregar a ira e a frustração diante das misérias de suas vidas, não
importando a verdade ou falsidade de se atribuir aos judeus a inteira responsabilidade
pelo status quo social." +(+ trecho de arTigo sobre a obra de aDorno a respeito da "personalidAde autoritária" ><
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