quarta-feira, 12 de setembro de 2018

mais umA vez ::




“O estancieiro outra vez mandou amarrar o Negrinho pelos pulsos a um palanque e dar-lhe, dar-lhe uma surra de relho.”


@+@+@+

revela-se nesse trecho, da lenda do negrinho do pastoreio narrada por simões de lOpes neto, o mesmo sentimento do atual golpe :: uma
fonte regional gauchesca, variante do mais geral sentido brasileiro de união :: o passado 

mítico,
infinito, ritualiza-se na realidade :: por outras palavras, repete-se na história :: o negrinho havia
perdido uma disputa a cavalos por dinheiro :: já sofria maus tratos sistemáticos :: foi apanhar mais
uma vez, como agora se processa sobre nós todos, vítimas do impeachment de dilMa :: quando sofremos,
abrimos nossa alma para o sentido oculto, onde o mal e o bem perpetuamente rivalizam, e nos colocamos em busca daquilo que não há :: os golpes sistemáticos
da elite branca brasileira fundam a resistência :: por que somos tão perseguidos, quando nos esTados
Unidos, por exemplo, o funcionamento das instituições sempre foi tão perfeito? :: que grande apelo
de alma é esse, para nosso desespero? :: do libertador brasileiro ((luLa, dilma, brizola, tancredo,
vários outros)) exige-se muita parturiênCia :: a gestação de nossa democraCia é obscuramente
longa, assim como, de resto, por toda a américa laTina :: adoto as bebiDas locais e não me conformo ::
que barulho é esse na esquina? :: venero o tempero local e o planto, verto saudações ao plano
dos antigos habitantes indígenas, mas já vem a roda viva outra vez :: o barulho é o senhor de escravos,
enfurecido, que se aproxima, um macho insaciável por sempre mais compensações para seu destempero
luxuriante, e sobre nossas costas aumenta o fardo ::: alimento-me de explicações, engulo o mito :: por que viver e morrer enjaulado? :: nas “escolas,
nas ruas, campos, construções”, o sexo anímico das grandes gestações da cidade espantam a cada explosão, e o povo

se reproduz :: vai no circo, come o pão que a globo forjou, e achava, e ainda acha gostoso :: acha tudo
maravilhoso :: compra sofás a prestação, joga pokémon :: estou expandido por tanto sofrimento,
pelo modo inteiro e atroz de nossa escravidão :: sou até uma maneira nova de chorar pelo que quase
ninguém chora, somente o mais romântico dos poetas :: e me devora uma total solidão no quintal do sacrifício,
como drummonD, a perder-se no terrível estudo sobres os detalhes da máquina do mundo :: saio, volto, penso,
e continuo a entoar um mantra, a sonhar com a beleza expandida, a expansão dos rastros deixados
pelo sangue indígena sobre uma terra que se lavrou :: com fervor, repõe-se o gesto alienante e auto alienante
da população, e um novo tempo, para novos brasileiros, amadurece, com computador, tv a cabo, internet :: mArx, onde estão
teus novos fenômenos de esclarecimento e elucidação? :: quem vai reagir a bolsonaro? :: e no cala a
boca imposto pelo próprio rito, cresce o tônus amoroso literário brasileiro :: cOlombo, feche a porta
de teus mares, para que não prossiga o navio negreiro :: essas rosas lançamos aos jovens, sempre
bem-vindos :: direcionamos ao território aturdido por que anda imaginação de tais meninos,
seus gostos e gestos americanizados :: somente o plano da beleza juvenil será capaz de resolver
o enigma do país :: para, um dia, enraizadamente aborígene, libertá-lo ::

((escrito em agosto de 2016, período em que transcorria o processo de impeachment contRa dilma rousseff

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