domingo, 2 de março de 2014

pontAs de estrElas




a palavra brota da água, da revolução interna de um mar revolto :: ao fundo do fundo do fundo 
dos olhos de nossas senhoras - nossos olhos são miríades de ovários, 

nossas águas, nossas senhoras - agitam-se imensos canaviais,  que ardem em direção ao propósito
de
 uma vida melhor, mais intensa em seu equilíbrio, profundamente mais mansa :: há na erupção dessas fontes agrárias míticas,

uma camponesa regulação, um povo em protesto, a proteger não apenas uma água geral e  rica, nutritiva,

mas nossa sede por tal proteção - nossa fé, nossa religiosidade, nossa televisão, nossa internet, nossa

procura paciente por uma habitação fértil para nossos filhos:: essas mães em recato ovulam nossa própria imaginação,





porque sonham ter filhos com a belezA de seus homens marujos guerreiros :: produzem nossas formas 

possíveis de ser e agir, pensar, trabalhar, casar, amar, morrer, interagir ::
adoro pensar 
que somos isso, enquanto todos pensam que certamente somos outra coisa, menos estas

fantasmagorias, na consideração que fazem

sobre os nós da vida política, nas ruas e cidades de nossa ampla sociedade miscigenada ::  quero

cada vez mais prender-me ao devaneio de que somos todos frutos de pensamentos de corporeidades

absurdas, orgânicas, lentamente organizadas no inconsciente mítico do país, peneiradas de modo
a ter se densificado nelas todo um excesso de docilidade e gentileza :: uma força profunda de nosso açúcar

matrimonial - o primeiro rendilhado, nossa primeira costura entre as possibilidades genético-culturais
branCa, indígena, negrA ::






nossaS mães, nossas musAs, com toqUes refinados de princesAs, interferem desse modo todo dia
sobre nossas lidas e pequenos dramas domésticos :: como professoras, pensam o âmbito 
geral

da nação, em seu jornalismo recuperado pela internet, nos cultivos diários de forças escritoras

e radialistas, no comércio aberto e estimulado, na variedade da ciência, erudita e popular,


na indústria, nos esportes, nos métodos de temperar

o tempo, o sagrado e o sossego, entrE várias outrAs coisas, em seus mínimos detalhes :: são forças de
lavar, 
cozinhar, costurar, acender fogueiras, erigir poderes, formatar modelos, cortar, produzir :: 
repres
entar, significar, fingir, mentir, arrastar, destruir :: representam um poder protetor oculto, militar e feminino sobre o brAsil inteiro ::
são forças invisíveis como a eletricidade, são a própria força que sopra o vento onírico de nosso

imaginário, orixás da pobreza, do luxo e da riqueza, das armas líquidas, do cigarro e da capoeira,
dos intensos amores brotados nas grutas, favelas e mitos de cultura popular à varejo :: 

são doreS intenSas de fios estiCados por ponTas de estrelas ::

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