sábado, 6 de setembro de 2014

++ aos novos e velhOs casais ((ou, o desafio da cAsa




quantas vezes, nós, homens, não consideramos a mulher um "bicho esquisito"? ::
falam, masculino

e feminino, efetivamente, códigos universais diferentes, no sentido de
habitarem diferentes esferas

de sonho :: pensam diferente, agem diferente, e por isso consomem seu tempo
de convívio tensamente costurando a paz,

via de regra sob  a forma de bandeiras que são enxovais de casal e roupinhas
de bebê, para diminuírem

o impacto de uma guerra eterna causada pelo infinito de sua diferença ::  posso, na
continuidade

do processo de costura dessa bandeira de guerra e paz, aprender coisas íntimas
do universo feminino? ::

posso, por exemplo, como homem, aprender a cuidar bem de uma casa? ::
vejo nesse pergunta

o sentido próprio do destino da civilização :: casa da vida cotidiana, que vai do macro
ao micro, e vice-versa,

da residÊncia em nossa rua e bairro  à esfera planetária :: a persistência
neste "desafio da casa"

poderia agora também virar hit na internet, penso, pois não me canso de constatar
o quanto

o elemento macho da espécie humana precisa estar sendo constantemente colocado
em contato

com a forma feminina para apurar seus modos de teoria e conhecimento prático da
vida::

uma nuvem de fumaça tóxica toma conta da inteligência
masculina -

e aposto que isso pode ser cientificamente comprovado - quando se trata
de desempenhar

determinadas tarefas mais próximas do feminino :: vejo os novos rapazes de
certo modo um pouco perdidos nessa

confusão, estreitando os laços com o mundo da imaginação tipicamente do homem
(as viagens, as buscas, as lutas,

as correrias, as bebedeiras), sem se darem por conta que se vai armando, no seio dos
aconchegos românticos recém formados pelo fogo

sensual e misterioso do namoro/casamento, uma bomba relógio, ou seja, um artefato
destruidor até

já com hora marcada para explodir - atualizando-se o ciclo eterno da criação mediante
a destruição ::

por tal ciclo, a família vai se recriando mediante o transtorno inevitável causado
pelo choque entre homem

e mulher dividindo o árduo da vida e suas múltiplas responsabilidades do
cotidiano doméstico ::

em determinado momento, nossos filhos, amargurados pela pouca felicidade do
casal gerador, também inevitavelmente buscarão

um lar mais amoroso do aqueles em que cresceram :: as mães devem ficar atentas
a seus filhos homem ::

a elegância desses meninos no futuro, os modos que precisarão ter no trato doméstico
e diário com as

demandas inocentes e puras do feminino, as exigências para com as formas naturais
da princesa-menina,

que nunca abandonam a mulher (mesmo uma senhora de 90 anos precisa
sentir-se uma princesa)

dependem de um padrão materno de exigência ::  quantas vezes você, mãe, vai -
no limite - reclamar que seu filho

não serve para nada? :: vai gritar, esganiçar-se, efetivamente perder a razão? ::
provavelmente para

o resto da vida, ainda, pois a espécie humana evolui mediante essa espécie de
histeria coletiva,

uma dor de útero que veio plasmando, ao longo de nossa história, a rendição
da fera frente ao

belo, da monstruosidade a que o mito masculino pode conduzir frente a beleza eterna
e impossível do

feminino :: a mulher, no limite, é louca, lógica e lírica, e faz tudo por seu
amado :: render-se (ou matar o dragão que

impede a chegada à torre em que dorme a princesa) representa  amar o
próprio amor, confirmar a

lenda de sua existência :: hoje em dia, o dragão, depois de milênios de sua eterna
domesticação, encontra-se na infinita

dificuldade de se estabelecer uma relação gentil no seio da vida conjugal
amadurecida, em nosso modelo de

família e sociedade, onde o valor da liberdade individual evolui lentamente ::
somos a mais libertária





de todas as sociedades já construídas, mesmo com a persistência de tantas
desigualdades por aí :: na senda

dessa libertação, encontram-se várias conquistas obtidas em processos dolorosos,
como as emancipações

de raça, gênero e orientação sexual :: aos poucos -e é isso o que sociedade em que
vivemos propõe -

a figura patriarcal do homem "machão" e branco vai cedendo espaço para novas formas do masculino,

em uma configuração mais complexa e entremeada, menos bruta e mais dócil ::
sinal nítido desse movimento

é o próprio poder que vem sendo mais frontalmente assumido pelas mulheres
na sociedade :: o bom senso feminino,

frágil na aparÊncia, é um mecanismo tão perfeito da natureza que soube esperar a
hora certa para insinuar-se

em direção ao comando da nave espacial humana rumo ao futuro, como o vem
fazendo, mais nitidamente

desde meados do século passado :: se formos enxergar o quanto as mulheres,
há menos de 100 anos, eram

tão ou mais estigmatizadas quanto a escravaria negra, no caso do bRasil,
deve-se realmente ficar espantado ::

ao mesmo tempo, não posso deixar de observar o quanto, ao defender o
instinto de sobrevivência feminino,

acabo traindo a meus próprios instintos masculinos, em uma espécie de auto-mutilação :: precisamente

nesse ponto é que a vida bruta da natureza se transforma em arte, em criação
humana, que pode se chamar

divina, pois representa uma superação do "bicho homem", animal indefeso, frente ao
próprio mecanismo

básico do universo :: grandes somos, gigantescos, colossais, como demonstra todo
o aparato técnico

e cultural que nos consola e que sempre se torna insuficiente, exigindo novas
superações, o que significa

novas batalhas redentoras entre masculino e feminino, exatamente como é mostrado no filme "Matrix" ::

a minúcia espontânea do feminino é que permite o lento avanço da paz e da
civilização (como na foto

dessa postagem, onde Gandhi, rei pacifista, manifesta grande paciÊncia por meio
da metáfora da mão que fia, ao infinito),

pois ela representa o próprio sonho da alma, como diz o filósofo Gaston Bachelard ::
aos poucos estamos acordando

para o fato de que o "poder da saia" vai mais longe e entrega nosso destino, enquanto
espécie, a vós, mulheres ::

esse destino sempre esteve em vossas mãos, na verdade, como indica a revelação
da pietá, a imagem de cristo

consolado por maria, ou a entrega de zeus aos desígnio de hera :: mais do que qualquer
outra arma,

como a política, a ciência ou religião, comandadas por homens e usadas para
espantar males coletivos, o que realmente tem poder

é o amor de mãe :: ou melhor - esse amor, na verdade, é ele mesmo a
própria ciência, a política e a religião, que, com requinte,

mas sem pedir nada em troca, vem construindo a cada dia uma civilização
mais amorosa :: aqui, novamente,

é possível perceber a glória suprema do feminino, aquilo que constitui sua essÊncia
e o torna capaz de assumir o poder maior

de perpetuar a vida :: sequer faz questão de aparecer, apesar de assumir toda a
dor da existência ::

nisso, precisamente, reside sua glória, a que devemos todos tentar nos igualar :: o
mito de saias esconde-se,

nada deixa exposto, não faz demonstrações de poder, retirando daí uma espécie de
malícia que permite mandar, controlar, sem

contudo usar, abusar da rigidez ou da violência :: e nada, efetivamente,
parece-se mais com isso do que

a atual sociedade de consumo - sim, isso mesmo! - toda inter-relacionada
por meio da

internet :: a rede mundial de computadores, criada pelo capitalismo, nada
mais

é que um mecanismo de controle vocacionado para a dispensa do macho
de 20 anos atrás ::

os hábitos desse  homem precisam mudar :: e a minuciosa impregnação abstrata
de valores existente

no mais pleno funcionamento da internet, o que ainda não logramos alcançar, constrói
uma espécie de arco que nos lança em direção ao futuro ::

o casal contemporâneo constrói-se na rede, sem aflição :: precisamente aqui se
estabelece uma compreensão

necessária, que é a de uma certa pedagogia :: enquanto patrimônio sem par da
civilização, de conhecimento

imensamente acumulado, a internet em seu uso deve ser direcionada ao fim do mútuo embelezamento, nos conectando

mais francamente a seu rumo poético, já prescrito no inconsciente ::  em razão de sua
força motriz,

que é o anseio civilizacional humano por felicidade, a internet pensa-nos belos,
prestando-se à troca carinhosa de elogios e exaltações,

e tornando-se uma espécie de novo altar para o casamento, por todos observado ::
é o novo rito do casamento, e de sua festa,

que não se acaba, pois não se cansa de ser celebrado :: nada exalta mais a união a
dois do que justamente

essa gravação da glória do primeiro dia :: nesse dia, todos somos poetas, somos
a própria poesia,





a música, o canto, o filme :: a internet grava e regrava, conta e reconta tal poema,
permite a consciência

mais plena de como as coisas podem e devem ser - uma eterna alegria,
proporcionada pelo encontro ::

um casal que se ama promove um a beleza do outro, e nessa ajuda
tecnológica que o feminino nos

dá, de eternização do belo, da beleza que doamos ao outro, e que buscamos
no outro, é que está

a nova possibilidade do encontro cada vez mais harmonioso entre homem e
mulher :: como se vê,

ninguém consegue nada sozinho, e minha busca individual de felicidade, dentro
da fórmula eterna

e consagrada socialmente da vida a dois, base da família e de reprodução da
vida, depende do conjunto

da sociedade :: viramos um grande bolo recheado de casamento, navegando pelo
universo :: e cada

suspiro exalado nas redes sociais, de postagens alimentando as delícias do
cotidiano (nossos filhos,

nossas músicas, nossas comidas, nossas bichinhos de estimação) são suspiros de
estrelas longínquas,

reino perfeito de felicidade, que fatalmente nos atrai para sua órbita :: é para lá
que navegamos,

mesmo sem saber, sob o olhar bondoso de uma mãe e um pai eternos, na eterna
bondade de uma união amorosa

porque sonhadora; e sonhadora porque amorosa ::

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