se eu pudesse,
novamente
teria 20 anos :: todas as
mãos se
erguem
para um menino
de 20 anos,
e ele
ferve :: oro
pelos
tópicos
urgentes
de nossa
cultura,
conforme a galáxia
de touro ::
oro
pelos mimos
que a
mim já
não mais
cabem,
às flores
a mim
trazidas,
à pelagem luzidia
do amor,
em seu broto,
em sua tenra
visão ::
mas estou
mais
sólido
agora,
mais gordo
na visão,
espumarada
de sangue
se espalhando
pelos
olhos,
sinal do sacrifício ::
bateram
com minha
cabeça em
um prédio,
até que desabasse
esse prédio :: reconheço
o lindo
sinal dos
pássaros mais
primitivos,
embalados
pelo
vocação
estelar indígena :: estou mais
sólido
que o bisonte,
sou o menino neto
de pablo picasso,
cabeça
de abrir
e destravar,
em uma destreza
brava
de olhos, para ver ::
ó meu amor
e meu mugido ::
a rês leva
léguas percorrendo
a biblioteca, é uma
decisão
ovariana :: e o mamar
no berçário
da cultura,
construindo
estrelas
para a ligação
com o céu ::
a terra gira em
torno do
céu no bairro
cristal,
onde o eu menino
nasceu,
em sua alvura ::
ele escorre
candura,
como um pote
de mel ::
escreve, lindo
e inteligente ::
olha o alvor
de todo um alvorecer,
antes
da bordoada tucuna ::
amanhece agora
segurando as cobras
da língua
em um rito
de assombrar
qualquer guri :: e quando
eu saía,
abençoando
as madrugadas,
aquilo era
o benzimento
e a cura de dioniso :
oro, duas,
três, quatro,
cinco, mil
vezes ::
marcus, te
ajeita,
leva livros
pra leitura,
na mochila,
esparrama
esses cabelos,
e sobe :: te injetamos
mil astros
e mil estrelas,
asteróides,
todo o lastro
que coube
na cabeça
de freud, mais
a teoria pré-darwiniana
formulada
pelo próprio
couro do
tambor aborígene, regulada
pelo fenomenologia
indiana ::
você é tão inteligente,
meu garoto ::
você é um fenômeno ::
por que a cultura
não se perde,
apesar de
seus fios
serem
tão tênues,
me segurando
tão pobremente para não cair
no espaço? ::
por que fui
colocado à beira
de um abismo,
para ver tudo
se deslocar,
e irem-se os anéis,
e irem-se
os dedos? ::
porque tenho
uma aliança dos que são
feitos à ferro
e doçura ::
delicatessen
dos anjos :: em um
ônibus
para a puc,
passava por muitos
pontos de porto
alegre, cada
região,
e o que nela habita,
o caldo
de cultura na cidade,
os cozinhares
e as passadas multiurbanas,
as confusões
e os batuques, os óleos
para passar
fim de semana,
da música,
e o fim dos ódios,
mantimento
para o selo
que barrava
a insânia :: em
muitas
dessas
viazinhas,
o cantinho
caboclo do acender
velas me
atiçando a visão
das vinhas
e dos cocares,
paizinhos e mãezinhas
e a decisão
sobre o bonito
agrado à mesa
do povo ::
marcus, és um
aborígene branco
cozinhado
para ficares
brando,
e os fios da
cultura me
voltam
a socorrer,
todo o
escorrer
das águas,
as cachoeiras
de encantamento
sobre a cidade ::
me tiraram os
olhos,
mas agora eu voo,
e em cada região
cega que
eu habito
há um nevoeiro
antigo
denso de diversidade,
a me engordar,
como mil
regimentos ::
e não há famecos,
puc,
que tivesse
me dado isso,
esses mil
olhos acesos
capazes
de espantar
o ódio,
a esperteza
de almoçar
e jantar
com zelo
e deixar-se
descansar
embalado
pelo sonho
coletivo
a olho
nu simplesmente
imperceptível ::
marcus,
tu não toca
guitarra ::
tu és o próprio
arpejo
da junção
dos pés
todos, que
consolam
a perturbação
geral
e o grande
mal feito ::
tu és o andarilho
do rejeito,
do que há
de estragado,
a personificar-se
em soluções
saudáveis
e amigas ::
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