quinta-feira, 17 de setembro de 2015

infErno

precisamos criar monstros, para que nos tornemos o contrário do que eles são :: para que reflitam nosso

lado obscuro, sempre em comum acordo com a divindade pura que nos guia, de bom coração, rumo
ao lembrado, ao glorioso, ao mundo possível de ser vivido, sem ruindades :: o mais portentoso de

nossos
monstros talvez venha sendo a própria sociedade industrial, com seus tentáculos invasores, que estrangulam,

asfixiando, a bondade e a pureza de nossos lares :: com suas rotas de diversão burra e intoxicante,
com seus luxos de ostentação absoluta e sem conteúdo :: com seu comércio de venenos e plásticos ::

agora que esse tipo de forma monstruosa e aterrorizante nos ronda e invade até a medula, nos guiando
como fórmula mítica do mal, sinuosa, brejeira, o comércio também se ativa do desespero que há em
sentir

tudo isso, engulir tudo isso, regurgitar tudo isso :: um novo bebê humano, puro como o sal, haverá de
vencê-los :: um novo armazém de mercadorias folclóricas, bastante brandas, haverá de se erguer,

após longo período de aflição medidativa, a devolver o que foi consumido, sob a forma de novos selos ::

o comércio livre de humanos, com seus salários :: as trocas, as imposições, as loucuras, a confluência
de um alarido :: a nossa bestialização colossal enquanta massa ungida no rito da globalização colonial ::
o mentecapto daí surgido, e sua salvífica visão do paraíso :: seu chega, seu basta ao modelo desse
século, e do que havia chegado :: o negro santo e vivo :: o purificado ::



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