uma lenda mítica do que
seria o bRasil impõe-se por meio do
assalto, do choque, do crime, do processo
policial, do porão ::
nossos poetas foram apenados, em regime semi-aberto,
obtusos s
e não sofrem ::
derramam bicas dágua pela penúria,
esquentam o bico do pequeno fogareiro,
pensam, acordam, dormem, marcam as horas ::
participam como condenados
do pelotão da escravaria, ou dos que terminaram
esquartejados ::
essa nova classE de homens
habita por tudo isso um âmbito americanófilo ritual,
protegido pela
pulsação eterna do martírio do intelecto ::
sofrem porque pensam - pensam porque sofrem ::
coração batendo ::
escrevem a bravata aos romanos
do império,
entendem como poucos
do amplo amor,
do império louco do entendimento
amoroso inacessível
de cristo, lennon e gandhi,
arremessam-se
como beatlEs,
puros, pisados,
inocentes, ingênuos ::
seguem lendo ::
nós profetas da fantasia brasileira
construímos
casas, como jesuítas,
formamos um gado lento, mítico,
sólido e solidário,
amanhecido da beleza plácida
da luz leitosa do beco,
na favela,
na comida básica, no basiquinho,
no armistício da
água farinha básica,
um poquinho de sal,
enrolada em pedacinho de matéria plástica,
em saquinhos ::
vamos mexendo ::
lentamente,
nessa espacialidade concreta
para o olho faminto
do poeta,
nossas penas
transformam-se em lírios
e, na poeira,
também básica,
combinada a sol,
sombra
e brincadeira, o sossegado
rito de voragem
visionária
desaprisiona,
não havendo mais soldados,
ou feitores ::
somos construtores
de casas de
boneca,
aprendizes carpinteiros,
jurados,
vindos da masmorra ::
de nosso
sangue e gado,
suor
benéfico
da procissão salgada,
pinta
a esperança,
surge uma estrela
na lona azul do céU ::
não sei
porque o brAsil
nesse momento
precisa
desse leão manso,
rei dos
tormentos bem passados
junto ao
pé de nossa grande
favela
consentida pelo
conjunto
dos produtos culturais
americanos
ou ingleses, o chá que
pagamos a esses
brancos algozes ::
acho
que o grande irmão
do norte
acende fogueiRas
visíveis ao
sul,
espera uma
revelação,
quer avistar o novo
surgimento
do filho de mariA,
a mãe
que sofre no prazer
do consolo da arte,
matéria
humana graTa
e pura,
como chocolate,
visão que
ruge, como fera,
afim
de espantar tédios e
todos os medos,
tornar o circo
alegre ::
que todos se dêem
as mãos,
ao palhaço tolo
e equilibrista,
os acidentes
de trânsito,
as estatísticas
de morte
que transtornam
transformadas
em uma ilusão,
no milagre da vida
perpretada pela morte,
na simbologia
de capitão nascimento
e antonio das mortes ::
concentro-me
em meu chapeu de jornal
do general,
o general de papel e espada
em punho,
destroçado na confusão urbana,
como o elefante
de drummond :: os olhos
malignos
da zoeira, a zombataria contra o
amor e o alívio da amizade ::
aproxima-se
de moto o criminoso,
faz misturarem-se o
sangue, o leite, a água da bica ::
e maria vai trançando os cabelos
de seu filho,
uma trança que escorre-lhe,
sua trança, o
acaricia nas pernas rechonchudas,
seu bebezinho,
seu sinal de
sangue, sua falta de dinheiro ::
e o brasil
produz milhões
de analfabetos, genocidamente,
milhões
de corpos torturados,
em câmeras de gases, empilhados ::
na lavagem suja
de dinheiro,
e dos lençois encharcados de sanguE,
o espaço transcendental
do mistério -
o bRasil é uma
escola
de deuSes,
uma oficina,
um pâniCo
a testAr na fibRa
do coração terno
a vibração
do novo amoR,
mais
preparado,
porque
mais combatido
pelo mal ::
o bRasil
é o meu
sandero vermelho,
volkswagen,
com a porta
amassada, em goiás,
próximo ao processo
geral de matança
ao norte,
nas lavouras
intoxicadas de alface,
cebola, batata e tomate,
casa geral
da prostituição brasileira ::
o bRasil é
entregar seus filhos
à indústriA,
ao comérciO,
à estrAda de ferrO,
consumidores
vorazes,
esses filhos, de
funk e possibilidades
de veraneio ::
o bRasil é
esperaR
que os litros de álcool
transformem-se
em litros
de urina,
seja trocado,
até transformarem-se,
esses homens,
em densos carneirinhos ::
o bRasil foi
espeRar até
que lulA se elegessE,
formando
a corrupção da américa setentrional ::
porque vocÊs não sabem,
eu sei,
o lixo são nossos castelos de cobre, minas
de amianto,
o pré-sal, o petróleo, o carinho
do profeta
pela amazôNia :: o bRasil
é o lar
da sofreguidãO
imenSa de nosso senhOr,
direcioNada ao
colo quenTe da divina esposa,
sua doce
e definitiva doNa,
massa pútrida a ruminar
vermes
como um cérebro, gestacionando
com gravidade
o sexo geral da floresTa salvadoRa ::
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