quarta-feira, 9 de setembro de 2015

o lembretE

talvez o deus mais fundamental da terra nesse momento, que nos ajude a enfrentar problemas atuais,

com as armas que temos, seja o deus da linguagem, da cultura, da comunicação :: se fizermos seu cultivo,

o que acontece no plano da vida diária, organizada e desorganizada, lógica e irracional, alegre ou nem tanto,




logramos progredir, andar, seguir em frente, um passo de cada vez :: somos bonitos agora, enquanto humanidade,

menos milhões de famintos, todos precisando aprender a ler, a se encontrar, a se alfabetizar nas mais

diferentes escolas de vivacidade expressiva, o que nada mais é do que termos ingressado no estágio do

embelezamento coletivo, depois de satisfeitas as necessidades de pão :: quero ver todo mundo dizendo

mais "a" do que "b", e mais "b" do que "a" :: variando, flexionando, explorando, desenferrujando,

abrindo a boca, tocando








a guitarra lírica, lógica e abstrata capaz de produzir um grande abraço mundial ::

os professores de educação física logo ficam os mais carismáticos da escola, e logram esse efeito pela alegria de brincarem

com o corpo, e de produzirem muito esquecimento sobre a dureza dos números e das letras, do trabalho

que se faz com a cabeça :: por essa imagem, e a inegável verdade que ela representa, fica a dica sobre a nossa coletiva possibilidade de agora alegrar a vida do espírito,

aumentando o charme de todos, e ampliando esse grande baile de intenções nupciais, em um sentido
poético bem profundo, que é a internet :: a vida cotidiana, sobretudo a vida que se quer harmoniosa,

reclama uns minutinhos frente ao vídeo, batucando, dedilhando


, desenhando, fazendo força, não apenas com o corpo,

mas também com a alma, a cultura, a intelectualidade, mesmo nas brincadeirinhas de esforço infantil - memes, comentários,

posts, trelas e zoações, bobagens, conteúdo nojento, inútil ou asqueroso  :: somos nós na útero da mãe,

enquanto futuros artistas :: é o espectro do novo homem, já fecundado :: é um ovo que se choca ::
quando nosso senso estético, prurido puritano, preconceito moral, religioso, intelectual, se revolta

contra tais
infantilidades, estamos na verdade abortando um feto, o que é grave ::  apesar de inútil, pois que já

se formou um novo senso comum, e uma aceitação tácita e iluminada a permitir a presença de tais exercícios

de expressão :: aos poucos, com calma e sensibilidade, vamos melhorando :: no fundo, o que importa
é que são muitos os instrumentos do espírito, hoje, em nosso "estojo de maquiagem", o simples

celular/computador
e seus acessórios :: a menina que passa o dia se fotografando, se embelezando, e postando

na internet, sem
saber, abusa de um sentido profundo de humanização, de certo modo oculto de nossos olhos pelas

leis e regras,
sempre necessárias, do mundo da cultura e da sociedade :: não é a toa que fazem isso tão

espontaneamente,
e que esse logo se tornou um dos símbolos da rede, mesmo em meio a vaias sobre a sua falta de
variação, puerlidade, despudor etc. :: ali está a imagem fundamental de narciso, sempre polêmica,

devido aos perigos representados pela vaidade :: mas perigos fazem parte da vida ::  existem perigos no fogo, no álcool em excesso,

no sexo, em ser o que somos, andar de carro, produzirmos favelados :: deuses brasileiros, resultado de nosso sincretismo religioso, vivem se olhando no espelho,

como Iemanjá, mãe da solidão e da lonjura salgada do mar :: simboliza com isso a ternura da barriga
assustadora da baleia, que nos comporta dentro de si, na escuridão, e com medo,




 mas consolados

pelo presente que é nos projetarmos belos, com armas para a conquista (outro perigo), para apaixonarmos uns

pelos outros, com todos os perigos da inveja, do ciúme, da traição :: não há hostilidade ou amargor que resista

ao encanto que vai se produzindo, quando parece que todos são filhos da rainha, porque podem fazer parte

agora do mundo mágico da arte e, quiçá, das celebridades :: ninguém mais é gata borralheira, todos entram na carruagem, e a meia-noite não chega, nem o sonho se desfaz,

na medida em que nos convecemos da necessidade absoluta dessas "distrações" :: são tão ilógicas
quanto dEus :: são perigosas também no sentido de produzirem o desassossego, forjando a vontade de

mudança, em direção a um mundo mais
sincero e libertário :: e por isso há uma eterna resistência, a nos fazer desistir do espelho, da cultura e
da arte ::



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