domingo, 25 de setembro de 2016



aqui, prometo ::
entre a lua e a fada ::
sinto uma poesia
gloriosa quando te
vejo ::
assim, prometo ::
ser o teu forte iluminado ::
estou colhendo sarças,
estou em caminhos
pequenos como abelhas
que sabem as rosas ::
estou como em teus
seixos e por teus cabelos ::
tornei-me o solene
noivo de teus perenes
terraços de uvas ::
sou val
ente, sim,
sou o competidor
q
u
e te ouve primeiro,
não-covarde, sempre
avante,
sou um pacto,
um saci,
uMa
araRa ::

meu esponSal,
nossOs
primEiros netos ::
sim, estou
doente de uma
imaginação
que arde,
que assombrA,
e lava,
espanta,
assovia,
ajeita de tua
saia
a dobra,
abre de leve
a boca
para beijar-te ::
sabe o
silêncio
de loba
dA donzela,
e
nele
se afunda ::
ouço
pisadas
e agouros
para que
eu não
atinja teu
gomo
dourado,
a casa de meu
sentimento ::
somente
me salvam
os livRos,
pois enquanto
mãe loba
és tão delicaDa
que
estou atrás
de novos
códigos que
densifiquem
as proezas
e os
trabalhos
de hércuLes ::
estou
na campina,
auscultando
padrões
para que eu
siga
na pureza
do apóstoLo ::
apóstolo
marCus,
que acenDe
incensos
fraternos,
a correr,
colecionar,
repetir
formas de
azuis
poéticas ::
estou imenso
e granaDo,
como a fórmula
do gotejamento
agrícola
dos serenamentos
incAs ::
estou a bem
dizer
na barriga
e essa barriga
mostra
a minha cara ::
há o porte
altivo

terça-feira, 20 de setembro de 2016



toda forma de cultura é um fato de real doçura, que se produz após uma luta contra o tempo :: quem abençoA  a doída desolação do
cotidiano é algo já pronto e adocicado, que nos acaricia :: há que se vencer o tempo, há que se ser heroi da lonjura e dos enfrentamentos
da salgada sina cotidiana :: há muito doce na forma pronta de uma leitura bem apurada, de uma história bem contada :: quanto heroísmo há na vida
de um escritor, que singra contra a tarde morna, ou o vazio de uma manhã de segunda, labutando mentalmente,
mentalizando o horizonte, e a fábula que corte, o torneio por uma fonte de amor absurdo, ou absoluto ::
quando se diz da subnutrição do povo brasileiro, é que se quer referir a essa falta de atividade mítica :: na verdade, a invenção da cultura
se dá em meio a agrura, e por isso o nordeste foi tão prolífico em belezas sertanejas, tão íntimas da fome e da seca que pareciam
verdadeiras brotações de uma água santa, divina, purificadora, sua energia forte, sua redenção, em um messianismo
autêntico e desregrado, como tudo no brAsil : ((o que havia no desenvolvimento dessa cultura que lhe
permitiu maior doçura, e não a obsessão fálica atual? ora, precisamente o aporte dos saberes mítico-religiosos das três matrizes étnicas...
mas será que o sertanejO perdeu seu porte bravio, de resistÊnciA e revivÊncia da própria viDa crucificada de CRisto?
por quE o miTo brasilEiro, proveNiente ((como se deve ser )) do seio do povo, agora é maiS transformadO em obsessões fáLicaS, coMO no caso do fUnk e do próPrio sertaNejo românTico-breGa?
achO que a doÇura se peRdeu :: a doÇura de um culto inOcente, do povo, com relAção ao mistéRio das difeRenças sociAis, com
relação às torTuras da próPria existênciA humaNa :: ponHamos um boa dosE de cuLpa na foRma que esse culTo
assuMiu, nos últimos 30 anoS, e acho que se estArá cheGando a um diagnóstiCo preciSo :: nosSos meninOs ficAram burRos,
pelA decepaçÃo da leiTura :: resisti muito atÉ aceiTar essA verdaDe :: fui um menino leiTor vorAz, ferozmenTe
indigNado com as reSpostAs pronTas, pesqUisaDor naTo :: a imaginação é umA água, umA força cereBral,
umA matriz de eNerGia, moviDa peLa necessidadE inconSciente do amoR  :: toda noSSa poBreza inteLectuAl do moMento deRiva de um aBandoNO
dA páTria com relAção a essE exercÍcio, tão necessáriO quAnto outrAs culTuras, coMo a do corPo :: qUe trisTe sinA a de uma tecNOlogiA comO a teLevisão, que, pelo seu mal uso,
viciou-nos na prátiCa de umA vida seDentáriA das leTras :: que forMe torPe de ensInar as leTras na escOla por meIo
de alFabetizações qUe fazem as peSsoas se senTirem, no fuNdo, mais burRas, ao seRem obriGadas a exercÍcios de decoberaBa paRa o vestiBular,
encapsulAndo a liTeratura em uma esFera do sAgrAdo, sempre doído e de tom sacrificial, e com issO forTalecenDo apeNas o
proFano daS manifesTaçõEs coMO os joGos, a múSica, os filmes de banalidades, as coisas cruAs e de inteResse imediAto ::
que foMe de um novo teMpo, em que só o povo letrado pode erigir, e onde nosSas danaÇões se doMestiCam
com baSe em um profunDidaDe de alMa, onde o mistério da existênCia não se resolVe -comO querEm as ciênCias - mas se aprofudA,
exiGindo novAs leITuras e reintrPretaçõeS, reescrituRas, daquiLo quE somOs :: nessA identidaDe maRAvilhAda pelo reiNo
de um polIMento lóGico e sensuAl, conQuistAmos a boa vidA da cidaDe, sonhAndo semPre e arremessando-nos em direção ao futuRo ::
que sauDade de um país trágiCo, pelo seu encoNtro alEgre com a doR alTa e podeRosamenTe curAdora

quE cusTa o abstraTo e as forMas trAbalhoSas de linguAgem e repreSentação da viDA ::

((escrito em setembro de 2013 ::




sábado, 17 de setembro de 2016

o anti-bolsonaro que existe em mim

a metáfora do abismo é a que melhor define, talvez,a ocasião social do encontro entre alguém como
eu e pessoas 
que avaliam a possibilidade, por exemplo, de votar em Jair bolsonaro :: as relações ficam marcadas por um 
mal-estar profundo, como se se abrisse o chão sob os nossos pés e caíssemos,
eu e essas pessoas, em um vazio de sentido :: e tudo, à volta, tudo o que faz parte da vida a ser vivida no seio de uma
situação justa e equilibrada, saudável, bondosa, perde o gosto, o ânimo, o prazer :: e, de imediato, começamos a tatear, eu e essas pessoas, em um labirinto 
de perguntas angustiantes, envolvendo nossas definições sobre estilo de vida :: sobre o modo como organizamos o ser e o existir,
o modo como trabalhamos e educamos nossos filhos :: e, a partir dessa queda e dessa confusão se estabelece 
uma imensa de dificuldade de convívio, uma impossibilidade de dar as mãos e caminharmos juntos :: imagino
que seja tal situação a mesma que faça com que assistamos, no congresso nacional, verdadeiras
disputadas marcadas pelo ódio entre o próprio bolsonaro e Jean willys, por exemplo, ou entre bolsonaro e a deputada Maria
Do rosário :: ou ainda que faça Eduardo cunha virar as costas quando alguém da esquerda o fustiga com acusações 
e julgamentos :: a in-comunicação é completa ::

@@
a bolsonarização do Brasil, nesse momento, por todas essas razões, é uma das questões que mais
me intriga ::  
não sou herói, semi-deus, ou qualquer coisa parecida :: e por isso me concedo o direito de atravessar a vida sem 
ser vitalmente perturbado pela coexistência social de alguém que adoraria me ver mal, doente, na miséria, ou até mesmo morto :: 
eu, que amo falar do feminino, e defendê-lo :: eu, que combato o machismo e a misoginia de frente :: eu, que ajudo a defender a igualdade
entre os gêneros e a liberdade de escolha para a orientação sexual :: quero abrandar o sentimento de beligerância 
ocasionado pelo tal abismo, mas não consigo :: sinto que se faz necessária a altivez de minha autonomoia :: 
e  acho que foi isso que lula quis dizer quando se emocionou ao falar que havia conquistado o “direito de andar de cabeça erguida nesse país” :: as esquerdas
são justamente aqueles setores sócio-culturais que afinam sua percepção sobre os sentidos mais profundos
 da existência, o que imediatamente barra o recurso a qualquer tipo de violência como método de solução 
para o convívio entre diferenças :: por isso, meu plano não é eliminar bolsonaros, como certamente é o plano dos bolsonaros em relação ao tipo sócio-cultural que represento ::
no lugar disso, meu plano é justamente reivindicar o direito de existir sem ser perturbado :: estou de certo modo assombrado,
pois chego afinal à conclusão de que meu modo de ser, vestir, pensar, escrever, tudo, absolutamente tudo o que sou, atrai 
contra mim inúmeros bloqueios e cerceamentos :: por vezes, esses ventos contrários são imperceptíveis,
o que exige imensa habilidade, justamente, de altivez e autonomia :: politicamente, sou proibido e considerado
um mistério que sugere a eliminação, o extermínio :: mas persisto em ser o que sou, um convicto anti-bolsonaro 
a perturbar as explicações ideológicas que permitem a exploração do Brasil por forças impiedosas de destruição e escravização da vida ::




sexta-feira, 16 de setembro de 2016

luLa está além da doR




o fenômeno luLa é incompreensível, toda sua liderança e formA de revelar o valor do povo brAsileiro ::
somos simplesmente idiotas para compreendê-lo, se não consideramos algo bem avançado,
como a busca de uma identidade cultural miscigenada brasileira, uma teoria e, o que é mais difícil, uma prática da miscigenação ::
em luLa estão concretizadas misturas de percepção e sabedoria humanas que nos levam além do
simples ocidente, e sua pobreza cultural :: devemos considerar que é pobre tudo aquilo que permanece
simples, ou menos complexo, por se negar a incorporar novas conhecimentos :: como no caso,
dramaticamente difícil e dolorido, da incorporação de conhecimentos africanos e indígenas, aborígenes, em uma palavra, ao simples
conhecimento europeu, do tipo cristão ocidental ::

lulA é uma vingança de nossa verdadeira nacionalidade, ao revelar a habilidade de governar
um país de mais de 200 milhões de habitantes com a simplicidade de um sertanejo :: lulA fez com a política e a democracia brasileiras o mesmo que nossos craques
primordias, como Pelé e garrincha, fizeram com o futebol simplesmente europeu :: agregou
verdades antagônicas, o vai-/não-vai dos dribles, ou dos golpes de capoeira :: ou seja, trouxe
uma sabedoria de união dos contrários antes somente manifestada misteriosamente por Getúlio
Vargas, que chegou até mesmo a ser um ditador, apesar de ter deixado herança magnífica em torno
dos direitos dos trabalhadores, e portanto, da democracia :: o Brasil não é simples, e nosso simples saber lusitano-europeu,
acadêmico, lusófono, não dá conta de construir com habilidade aquilo que potencialmente é o Brasil ::
somos meio idiotas para fazer valer o bRasil autêntico, miscigenado :: daí a eterna sensação
de país eternamente do futuro, ou de país que não sai do lugar :: estamos
cozinhando enquanto civilização :: vamos florescer, enquanto civilização, quando formos reconhecidos
((interna e externamente)) como de fato somos, como um agregado de conhecimentos não puramente ocidentais :: eis a grande
verdade epistemológica, ou seja, que diz respeito a uma ciência do conhecimento, que formula
o nosso porvir :: o Brasil está vindo :: o Brasil chega lentamente, e toda a crueldade da perseguição
anti-petista hoje em dia diz respeito a uma dificuldade de compreensão, a uma crise de inteligibilidade ::
assimilar o PT de lulA custa uma grande esforço de crescimento humano-intelectual à sociedade

bRasileira, um esforço não desprezível, que exige grande quantidade de tempo e paciência :: 

luLa

a maioridade intelectual é uma conquista que se revela na libertação que conseguimos angariar
Com relação às opiniões alheias :: que não pisem em nosso jardim florido, o das ideias próprias ::
Em tempos como os de hoje, onde todos opinam, e isso é a consagração da liberdade e da possibilidade
De expressão, a filosofia que força a encenação do debate público abençoa o medo de sermos
Autônomos :: abençoa e lhe dá segurança :: venham, falem, falem “merda”, mas falem :: eis a grande
Precisão da atual tecnologia de nosso conhecimento :: é preciso de fato sem medo nos lançarmos nessa grande aventura da razão compartilhada,
Onde o que não vale é a técnica, a ideologia, a erudição :: pois o que vale, em conjunto com todos
esses itens, é a perspectiva de aproveitar
O momento para se efetivar a presença e a participação, no estabelecimento completo do rito democrático ::
Falo isso por conta de minha já completa desautorização, a desautorização de meu conhecimento,
Por parte de senhores arrogantes que, para além de sua titulação ou formação, com seus mestrados
E doutorados, possuíam apenas
A dita arrogância, ou a vontade de serem mais poderosos do que o simples cidadão comum,
Ingênuo, que abriga em si a necessidade de desabrochar :: por isso que nunca falei mal de aluno,
Nem Nunca me diverti morbidamente apontando suas falhas, sua inocência, sua imaturidade :: triste hábito de
destruição intelectual que revela o aspecto doentio inerente ao excesso de veneração fálica
próprio da civilidade cristã-ocidental :: a maioridade intelectual começa com a apropriação do tempo-espaço
de produção do conhecimento e por isso creio que a vontade que todos temos de discutir a polêmica
atual, por exemplo, da guerra ideológica na política brasileira é uma oportunidade sem igual de
educação de nosso povo :: sou como luLa, nesse caso, e não vejo a possibilidade da implantação
de uma república de sábios poetas, assim, num estalar de dedos, do mesmo modo como luLa disse
que nunca pensou em buscar a implantação de um socialismo no Brasil, de uma hora para a outra
((por meio de eventuais sucessivos governos do PT))), mas que buscava, antes disso, a simples redução
da miséria e do desemprego :: ou seja, um degrau após o outro, no âmbito de uma escala de tempo
bem alargada :: será esse o fim do mistério em torno da alienação do povo e de sua submissão
ao conhecimento das classes dominantes? :: basta tempo... e, para darmos razão ao tempo,
é preciso ter PACIÊNCIA :: não parece simples? :: parece, mas não o é, na medida em que o
recuo desse tipo de sabedoria ajuda a instaurar valores negativos como a violência e o destempero ::
é preciso ter calor pela massa, sabedoria brotada do coração, sabedoria que goteja como uma
óleo sacro, que ilumina de fato nossa forma de ver, sentir, falar :: nesse caso, mais uma vez,
acho que é exatamente isso que acontece com luLa e sua habilidade retórica, sua habilidade
conciliadora, sua capacidade de fazer vencer a luta da classe trabalhaDora :: luLa não é um profundo
intelectuAl da razão aristotélica, ou mesmo socrática :: seu potencial é ouTro, diz respeito a uma
antiguidade bonificadora e sertaneja ::  ele é um afloramento :: sua inteligência é uma interrupção
da arrogância dos intelectuais brasileiros e, por isso, uma vitória do menino bRasileiro de raiz
organicamente brasileira ((porque miscigenada)) :: é afirmação pura e sincera do jeito secreto
que o Brasil tem de se afirmar :: raiz que permite a clareza e a segurança de idéias, sua expressão
e compartilhamento :: daí o sucesso na política desse grAnde líder, e a explicação para o aparente
paradoxo referente a sua falta de instrução escolar, historicamente contrastada com a doutoralidade
formal, nos termos ocidentais, de Fernando henrique Cardoso :: porque o Brasil, como afirmava
Darcy ribeiro, é bem mais que o ocidente, sendo a roma escura e tardiA, lenTa, demorada ::
O líder brasileiro nato por excelência exerce seu poder a partir de uma outra configuração mítica ::
O aluno do futuro não estuda, mas estuda e pratica :: não apenas lê, mas lê e trabalha :: e conversa,
E colabora :: e nada diz mais respeito ao futuro do que essa inteligência transgressora que lula
Nos ensina, em direção a uma forma importantemente nova para o futuro do planeta terra  :: ele é mais que uma possibilidade iluminista de simples acúmulo enciclopédico de
Conhecimentos :: ela é uma aparição de nossa nacionalidade inteira, bruta e sertaneja, manifestando-se,
Lindamente, com uma vontade eterna de beleza femininA, que ajuda a provocar todo esse estranhamento
Em torno de sua figura e a provocar toda essa sua cruel perseguição ::



quinta-feira, 15 de setembro de 2016

++ luLa é o bRasil ::



particularmente, só conheço referências parecidas com a for
ça política encarnada em luLa se me remeto

ao campo da brasilidade mítica, onde figuram nossas incomensuráveis energias arquetípicas :: somente

ele fala como o povo, e com o po
vo, a partir de um sofrimento coletivo maior, despertando confiança no bRasil ::

somente ele encanta com a suprema simpatia não de um sedutor, 
mas de quem é bondoso sem
sem se deixar ser enganado ::





luLa não é só o maior presidente que o bRasil já teve, maior até que geTúlio
vargas ((porque advindo das mais profunda ansiedad
e sertaneja)) :: ele é a própriA voz e atituDe

de um bRasil que insiste em se pronunciar, uma vazão coletiva antiga, maior, colecionadora de todos
os gestos heroicos em nome da indep
endência nacional :: e, como ele acentuou em seu pronunciamento,

não adianta tentar contê-lo :: o que advém do grand
e intento gerador da brasilidade não para
diante das ameças constantes dos cães que ladram :: muito até pelo contrário :: nesse rico episódio

da farsa que busca destruir a carga patriótica do PT
se encontra nosso próprio reforço, o crescimento
das convicções daqueles que sabem o que é, e o que virá a ser, o bRasil de fato ::

sábado, 10 de setembro de 2016

origiGinal


há de haver uma consulta a saberes ricos em informação armazenada, densa :: o íntimo sutil
e menor da fonte da vida :: riqueza natural propriamente
dita, biológica e inumana :: a revelação em processos mínimos, microscópicos, de formulação
escrita sob a forma de composições elementares :: dança química e fulminante, gloriosa :: quando a alga ou o fungo brigam por habitat e comida, isso é desvelador e higiênico,
se nos informamos a respeito, pois nos deslocamos a um reino tão contínuo e essencial-contíuo-essencial, que nos
esquecemos dos amores em vão, pelos quais sofremos, nos aliviamos da disparada de preços, das disputas entre
carreiras de artistas, em suma, de tudo o que nunca parece ter jeito na vida :: protozoários :: o mudo escuso
e profundo das formas animistas :: a imitação do vegetal, a brincadeira do malabarista :: porque
assim nos tornamos mágicos :: o querer imitado do enxame de abelha muda a nossa cara, nos absurda ::
estou pleno, diria manoel de anjos e bairros, as manoelinas certezas de quem se apartou deserticamente
de tudo  :: e esse será um saber antológico, catalogado no mundo das incertezas de quem viaja
de bem com o sentimento único :: não conheço outro plano que me alimente, e por isso eu vou, e sou caboClo,
arranJador de formiGas, domesticador de besouRos, anjo abençoado com os cabeLos das bonEcas
de milho :: o sol poderoSo arde e me abre, pois assim sou todo linguAgem, um processamenTo
de sinais, só, apenas isso, e vivo a poemas de distânCia do trânsiTo na rua, sem levar freada,
sem receber bola na cara ou bala de boRRacha :: sou ultra vago :: sou ligeiro e ansiolítico lisérgico :: sou vento
na pradraria, sou tudo o que se ama com os pós nas patas de um inseto :: sou uma língua ligeira
de um lagarta que come um inseto, sou uma pradaria :: e vento-vento flechando no universo,

sou uma escala graduada de sons e vinculações entre seres e fantasias :: 






quarta-feira, 7 de setembro de 2016

@ sobre o 7 de seTembro, e a inDependênciA culTural do bRasil, na qUal niNguém maiS confiA cOm a forÇa quE eLa eXige :::

como secar as lágrimas do Brasil?
cada dia, e formamos uma cortina de fumaça
sobre a crueldade contra milhões
de condenados à purificação étnica :
há nosso padrão naZista, reZador
e torNado meta ::
coMo resPonder coM enamoramentO
éTnico à misÉriA de uM neGro-ameríndio
qUe penSa nA forMação daqUilo
que é os Estados Unidos,
e a tOma pAra si enqUanto moDelo,
igNorando o calDo cUltuRal bRasiLeiro,
sUas teOriAs troPicAlistAs,
seu aPelo pOr mãeS boNdoSas,
coMo na proDução oCulta
da paZ possíVel nos gUetos
do país?














há nO moMento uma criSe
de liTeratuRa e boSsa noVa,
umA criSe tãO doLorida coMO
prOmissorA ::: não hÁ um novO
rOck de bRasíliA, nenhUm tiPo
de efervescência na cUltura :
nãO há seqUer umA bOlha :
maS aPenAs meNinoS arTistaS
sEm fOrma neM reAl inteliGênciA;
nuNca
se leU tãO poUco; nUnCa se teVe uMa eLite lEtRaDa
tão iNeficienTe : qUe qUer
litEraRizaR apEnaS,
seM troCar coM soCiedAde
uM mísEro abRaço; prEocuPada
aPenAs coM teOriAs foRmais
qUE sossEgAm prEtensõEs
tOLAs de hUmaniZação e enCanTamenTo :
liXos sAem dAs boCas;
peDraS sÃo paRte dE mortEs
aNônimAs que paGam
pOr noSSa falTa de inDependênciA:
siNto isSo na caRne,
sei qUe nAda leSa tAnto noSso
paíS cOmo esSa saFra de "boys"
dE pOuCa ou neNhuma
maScuLinidAde com sAbedoRia :::
senDo o PAi de mUitos
fIlHos, apóS ter se regojiZado
coM mÃes meNospRezaDas
em sUas prOfuNdAs leNdAs
dE iAraS amazônIcAs,
esSe hOmEm mÁscuLo
brAsiLeiro é hOje
uM pOBre cOnqUistAdor,
qUase sEmprE brEga,
oU sUjo sEm sAber
do tAto necesSáriO
à deLicadEza feMinina,
mãe de toDas as reCeitAs
soBre cOmo trAnsfOrmaR
o torpe naQuiLO que bRotou
em OuRo PReto, na ÉPOca
áuRea de MiNas:::
há deSsa toRpeza nOs
chapÉus, e nAs camiNhoneTes
cAbIne duPla, nA coRRupção
geNeraLizaDa, no fRacasSo
de noSso futEbol, na fRaquEza
dE íDolos do bRega serTão dE goiÁs,
íDolo porqUe cAnta,
pOdrE poRque tuDo peNsa qUe poDe;
sEm sAbeR qUe no ÍntImo
dA naÇão há uMa cUltuRa
de ObsteTríCia, um HoMem-cuRa
e cUidAdoso, tão aPegAdo
à teRRa, qUe poR eLa é escOlhido
paRa umA moRte lEntA,
mAs abEnçoAda poR
pÁssaRos e esTReLas:::
o pOuco tEmpO deDicAdo
à dIoniso, o deSastrE
quE é sEntIr umA riValiDade
poUco sAdia enTre coríntians
e palMeirAs, eNtrE
bAndeiRantEs e pOetAs,
eNtrE eVangÉlicoS e espiritiStas
uMbandisTas, reForÇa
a nOção do bRasil cOmo
labiRinto ::::
qUe seJa a hiPocriSia
doS criAdores
de caPitão NascImento
um tiRo no pÉ :
qUe seJa noSsa oNda
neoPenteCosTal uMa
troCa imPurA,
coMo iMpuRo é o
esPíRito juVenil luSitaNo
coRrompido qUe noS comPõe,
seMpre em proEzas tornAdas
rudEs sAfadEzaS,
em apoDreciMentos dE
deMôniOs qUe
esqUeceRam a fOrçA
da iNocênCia
iMpuRa de seR um aNjo
eNaMoRado
pEla muSa
imPossíVel dE seR aMaDa :::


qUaSe não CaiO, qUAse
não Leio, qUasE
não suPoRto mAis
a aUsênCia de LuiZ
gOnZaGa e cHiCo bUarQue
dE hOlAnDa : qUase peNso
nA leVeza de uM LamPião
rEenCarNadO cOmo
mInhA pRoteÇão
cOntRa o peDantiSmO
daQuEles qUe
iRão loTar o cEnTro
cUltuRal dA fEdeRal
daQui a Uns deZ ou Onze
diAs paRa oUviR MauTneR
sEm posSuir a mÍnImA
dEstrEza paRa cOm
o KaOs pOdEroSo
e IluMiNadO qUe é o soFrer
do pOvo bRasiLeiro :::

nAsCe agoRa, como
heRanÇa de Gil e CAetaNO,
uMa puBliCidaDe
poÉtiCa, qUe é meLhor
qUe nosSa leMbRançA
dE 68, esSa qUe estÁ
a iLuminAr, neSSe moMento,
a cAbeça deSses pObrEs
mOçoS doS mOvimEntos
seM nOvoS miTos,
qUe hOje, 7 de seTembro
de 2013, faRão
desfiLar peLO bRasil
a cuLpa de seRmos
uMa pÁtria sem cUlpa
e iNcomprEEndiDa,
tão pOBre e tão saCrifiCaDa
peLos abObAlHadoS
NoRtE-amEriCanos
muito Mais caRne e múSculoS
do quE belEza e boAs lEtrAs.
não pEnso mAis nO ÓpIo
de uMa cAnção quAlquEr,
seQuer tenCioNo,
cOmo jÁ tEncioNei,
a rEdenÇão da pIngA, dA maNdioCa
e dA pImenTa ::: sOu o qUe
RAUl sEiXas reCusOu :
sOu a PoEsiA do tOrmenTo
de Um pRoFetA qUe
peRdeu a lìnGuA :
sOu a ÚniCa coiSa
em qUe cOnfiO,
depOis de minHa
esPOSa :
sou a exPloSão
de uMa cadÊncia
ÚniCa e fAdaDa
ao deSteRRo; toTemizo
o bOi arTístiCo,
sOu tAlveZ o ÚniCo
polêmICo
coM coRagEm
dE diZer qUE
o mAl coMeça em mIm
mEsmo : mAs,
cOmo vêeM,
eu, eNquAnto
um biScateiRo
coM doUtoRado,
cOmo prOfeSsor
deMitiDo e enViado
aO míTico sErtão
do mEsmo exíLio
qUe sAcriFicou CoRa CoRalina,
soU o nEgro mAis
bRanCO qUe esSe
pAís jÁ viu soFrEr
(mAis até qUe ViNícius)
pOis que não há
nEm eNteRRo neM floRes
nEsTa minhA mortE poR
aMOrEs soteRRadoS
peLa pRópriA
dEuSa (semPre jusTa),
mAs aPenAs o sUor
e o cIMento de uMa
ciDade em cOnstruÇão,
ao mEsmo tEmpo
eTerNa e iNfiNita:
na duPla diMensão
de um aBisMo
cRuEl e bEnfaZejo :































teNho os oLhos coRtadOs,
tenhO o tôNus
do peÃo aVaNçaDo
e teCnolóGico,
rEstriTo aos
lImitEs do FacebOOk,
cOm boAs
prOmesSas de UmA
coMida faRta,
boNita e a bom prEço,
umA teNsão exPlíciTA
eNtrE meUs
liVros poR esCreVer,
paRa os qUais não
soBra tEmPo,
e uMa poRção dE fiLhos
poR criAr,
aNsioSos pEla mão
uRbAna de uM xaMã
reSsUrgiDo e
prEocuPadO
coM umA infânCia
dE tiRos, paRda
e eNtrEgue à
cocaíNa e sEus
deRiVados :::
soU o ÚltiMo
sUspiRo pOr
uMa iNveJa
bRanCa, saNcioNaDa
peLa maLandRagem
dO arQuéTipo caPoeiRisTa :
sOu a pAlhA e o miLho,
sOu o frUto do anJO perNeTa
qUe doMestiCou carLos,
a pAz e a bElEza,
o bonde ensanGuenTado,
a dAnça dOs meNinos do trÁfico,
a pOça de sêMen desPerdiÇado,
o poÇo liVre de inCerTezaS,
graÇas à HEra e às bonInAs
reGadAs peLo lEiTE dA
loBa leNta, lÍriCa e
vaiDoSa ao exTREmo :::
às vEzes pEnsO que sOu
eU o pRóprio pOvo,
qUe se esQueCeu dE
se conCEder a si MesMO :
toCaDo nA liTurGia
de Um saCrifÍcio sem PAr,
tEnho a paCiênciA
do pAi, e rEzo tODos
os diAs
peLo tÉdio quE
não fInDa, coMO
subterfÚgio
de uMa esPeRança
qUe aPrEndeu
o trUque do
auTo-eNGano,
cOmo iLusão,
veRdAde
e homÉrico
pOder
dA aLegriA
qUe se reInvenTa,
mesMO saBenDo
quE aInDa
seReMOs
poR lOngo
tEmPo a gEraÇão
pErdiDa
qUe a ReDe gloBo
seCretAmenTe fOrjou,
seM a caRa-duRa
de adMitiR qUe
eStAvA eXtRaviAndo
suA prÓpriA cAsa,
faZendo meRdA
e eMporCaLhanDo
o liVro boNito de uM
paRaíso reAl e poSSívEl,
quE assim o
seRia se tivÉsseMos,
eNquAnto pÁtriA,
uM poqUinho
só mAis de dInheirO,
e umA noÇão
maIs preCisa soBre
cOmo sAber distribuí-lO.

((publicado no facebook em 7 set. 2013 :::