sábado, 25 de novembro de 2023

 sempre tem alguém  passando por mim ::

me recolho,

assim,  de um modo originalmente anímico, o social desprezo me revela único,  sou verdadeiramente  pisado, e verdejo :: j

eu sou sábio, e as bandeiras abrem-se para meu denso pensamento se formar :: todas as bandeiras  que dizem que não  sou ninguém, e assim ninguém  vou sendo ::

ninguém me recolhe do chão porque eu sou a rua, assim, uma espécie de puta, que recebe tudo para agradar a todos ::

minha cabeça  onomatopeica, imitativa, mimetizadora, é solidão, se eu agrado ao namorado, ao doutor, ao soldado, ao velhinho malandro ou assanhado ::

é pessoa amarga que passa por mim, é pessoa branca, é pessoa vítima de violência, e eu sou um pobre acuado, redigido enquanto memória, ofensa, homem sábio, aprendiz, malandro, oferenda ::

ando ligado nas horas altas da televisão magna imensa  irrepreensível  e no fluir da boiada permanente e possante, em tudo o que anda e é movimento ::

e descubro-me um menestral vivificado pelo fluxo do simbolismo arcaico, região dourada que me torna rei, avaliza meu ser de menestrel ativo em corpo de índio, um soldado, beirando o desespero, mas altivo e sonhador ::


ninguém pare sem labor uma boa hora de comunhão, ninguém  faz isso sendo raso e por isso e som toma conta de mim e eu lavro o som das personalidades alheias, das personagens, suas pastas, embrulhos, obsessões, tudo o que delas cabe


eu tatuo o que nelas meu mistério erótico  segredo e com isso meu passar é demorado ::



eu sou esse sexo intenso com a espiritualidade, muitas vezes um demônio de duzentas vidas ardendo e doendo em um pátio arqueado por andam melíferas compensações, meu terreno, sempre sem cansaço, sempre altivez ardendo, no compasso alquímico das cidades, ao insistir em ouvir o que se está dizendo, escutar tudo e até  com violência no limite das intoxicações, no perdido das luxuriações, no olho estalado do conselho atávico que bem diz o amor ::

de set 2022 +++

terça-feira, 21 de novembro de 2023

sobRe o 20 de novembro






nossa sabedoria coletiva ancestral apronta uma grande túnica, cheia de símbolos que abrem a brasilidade, a expandem revolucionariamente até ::


entre esses símbolos, estão os da negritude que nos banha desde nossos primórdios enquanto povo ::

não é pouco :: áfrica indígena lusitana :: roma escura :: uma população hoje de mais de 200 milhões de pessoas, um denso depósito de verdades civilizacionais qie se conjugam prioritariamente em nome da revelação do bem, da ética, do amor necessário a qualquer tipo de grupamento humano que almeje atravessar e permanecer no tempo ::

a crueza desse destino nacional, lavado em sangue negro e indígenas, como dizia darcy ribeiro, permite pensarmos a nós mesmos como um poderoso mito de revelação humana, tão forte quanto os mitos das religiões monoteistas aflorados no oriente médio :: e com destino portanto igualmente glorioso, especialmente se pensado no contexto da america revolucionária, a américa que revitalizou o ocidente ::


((sobre o 20 de novembro

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

viRar gente



consegui um dom humano para mim, um derradeiro virar gente, eu que não conseguia ser delicado como julgo ser importante, necessário :: virei gente, posso dizer, com pouca margem para o maldoso cachorrão, o cão, diabo, demônio ::


meus sábios aconchegos, e eu sou gente :: o pensamento qualificado, integrado à natureza, agora possuo a púrpura do passado, ganhei um alto grau de poesia me coroando a cabeça, cocar mítico que liga-me ao passado desse lugar ::

agora, só amo, por congraçamento de muitas águas, amo tudo, e muito, perdi o pendor ao fluxo mal conduzido de saber e poesia :: agora eu uso tudo, reduzindo o desespero causado por certos sinais ::



:: sou leve, sou lento, já não sou ninguém sem meu chapéu de carroceiro do mato, e tudo isso é como se fossem óculos para mim, lentes que transmutam o mundo, e o livro geral do gozo se abre :: tudo é lindo, tudo é música, se aceito esse ser regional, e essa literatura afro-indígena que me acolhe :: tudo é terra,  é letra, e eu me farto desse leite :: não sou tipo nenhum, nem jornalista, nem consultor, nada :: sou o começo de um corre-corre, uma gira de vontades de comer e de perceber o que somos, uma múltipla identidade :: estou cheio de voragem, e sou goiano, porque aqui um certo gosto por infinito me acolhe, um pai eterno e uma mãe galhofeira, um querer anímico de hospitalidade mediúnica e salvífica :: nao quero nada, sou só mesa posta, óleo, gengibre e alguma confusão:: tudo muito simples :: boi e tempo, chapéu e manto :: eu sou de cobre, de urucum, de cheiro de pimenta, eu sou geral, doído e pobre :: e eu sou goiano ::

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

 a tribo formada pelo difícil, delicioso e lento caminhosa brasilidade reconhece essa imagem praticamente como algo sagrado ::


hoje a minha intimidade doméstica alimenta-se de tudo o que a capa desse álbum de milton nascimento transmite: a poderosa visão de um país multirracial ::
amo o vínculo aborigene que bendiz essa conquista inédita mundialmente e à beira, sempre, do abismo ::

milton é um animador de sonhos por excelência e sonhar é bem mais que não sonhar, sonhar é permanecer jovem e ativo, pois sonhos não envelhecem ::

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

eu condenadO






aqui, capacidade temos,
de amar o incêndio
local, a nuance ::
não há prédio
que se incendeie
mais do que o amor,
e o fim
do racismo,
as nações
unidas,
e as nações
indígenas
todas na volta,
nações românticas
do maracatu ::
gente
antiga,
força gentia
de um
berço
aberto
e iluminado,
lá de onde
vêm os
homens ::
os homens
são belos
e estão
vindo ::
inca
antigo, belo índio
pelado,
um incêndio,
revelações
xamânicas
são mênstruos,
a beleza
de um
bebê metade
humano,
metade
sonho ::
e as forças
humanas
mais
antigas
cuidam
desse
sonho,
toda
nossa
tecnologia ::
oxum ganzá
et liberté,
humanidade
amiga,
escritura
indiana,
eu sou
a posse
da podrura
que
amolece
a facticidade
do povo,
seu humano
jeito
de namorar :;
humano
indiozinho
pelado,
os cuidados
indispensáveis
para
a sua
revelação ::
estou santo
e estourado,
pois essas
fagulhas longínquas
me estiram,
em uma
procissão
de guerra,
devir
americano ::
escrever
é a meta ::
minha
metade
sonho
me revela ::
minha
neta,
metade
sonhos,
e os fogos
espocam,
tudo
que ficou
pra trás,
meu andarilhar
romântico
que
ficou pra
trás,
as sobremesas
servidas,
o bife
com batata
fritas,
comido
ali na mesa
do mercado ::
estou
todo
doído,
e uma
releaza
me espanca ::
estou
todo
in vitro,
eu sou
a própria
experiência,
e me observam :;
essa temática
do incesto ::
e me observam ::
agora os
jovens moços
vêm me
observar,
e na nuance
eu me
conservo ::
a jovem
moça,
e eu já
construí
um folclore
urbano,
amplo
e bem armado ::
um garçon
vem limpar
a mesa,
e eu sou
a própria
mesa ::
um ativismo
atávico
e sensual
eu coordeno ::
vou ser
jantado,
com penas,
lirismo
e álcool ::
estou
espantado,
e nenhum
jeito
amoroso
eu condenado ::
eu sou
o pago,
eu sou o pai ::

°• 2014 ++

sexta-feira, 22 de setembro de 2023


ela prepara um cafeziñho silencioso, bolinho de milho, curau, transações astrais:: dinastia de acertadamente sacralizar o bem estar da comida boa, que é antes de tudo uma reza :: café servidinho é certeza de bem estar, ser gentil assim é como ser a flor mais harmoniosa extasiante do deserto ::

há todo um preparo para o bem estar, a produção do agradável, amigável, generoso, faceiro :: há uma verdadeira abolição da escravatura para quem aprende a sorrir servindo, a servir sorrindo :: mãos abrandadoras carregadas de afeto :: braços como os da população real :: nada é mais uterinamente divino ::




domingo, 17 de setembro de 2023





os orixás sabem de nós escondidos, ocultos, sonham longa amizade repleta de belezas, tanto mais longa quanto mais ativo esse estar sem ser visto :: brandamente, meu costume de adivinhá-los, e que requer grande imaginação, introduz a consciência  bendita de que somos nós sua carne, num difícil jogo de espelhos, onde o bem e a paz possuem a contraposição inevitável da guerra, do ciúme,  da inveja, da violência, do medo extremamente humano de morrer e de amar:: 


eu sei que não é algo simples de ser vivido, nem mesmo relatado, mas, enfim... é isso.. :: estou preso, sou cativo dessa brincadeira silenciosa epistemológica, sem dar bandeira, sem sequer querer provar nada, brandamente... :: 


trata-se de uma espécie de loucura positiva que me amarra em um ponto cada vez mais secreto de observação, e de comprovação não-observável, algo que fatalisticamente só eu compreendo, conforme convém a toda boa relação entre cada filho de santo e seus mestres de espírito forte, bondoso e faceiro ::







domingo, 10 de setembro de 2023








e

se
eu,
como
uma
árvore,
apenas
coletasse,
ouvisse,
recebesse,
os elementos
mais puros
e sagrados,
luz,
sol,
água,
nutrientes,
ventilação,
talvez
cuidasse
mais
da poesia,
solta
em todos,
e em
torno
de cada
um ::
++

a polinização,
os pensamentos
da colmeia,
o povoamento
cada
vez mais
robusto
de minha
copa,
uma mais
alta
cabeça
e uniÃo
com
os valores
míticos ::
as mais
valorosas
e sonhadoras
lendas,
o túmulo
de meus
podres
anseios
de dominação ::

terça-feira, 29 de agosto de 2023

 sai por aí o

meu desejo,

sai ele todo,

se desenrola

feito língua ::

como é 

fatídica

a lama 

na alma,

meu berço 

de ouro ::


no laço do

mal 

com o

bem,

quero

beijos,

coração 

retumbante 

da

pátria 

anímico 

que segue

no caos 

a alma

dos lixos ::

sábado, 15 de julho de 2023

liXo

 





sobrevivi:

como poeta
e catador
de lixo,
meu primitivo
olho,
o meu
pensamento
brasileiro
abrasador,
ouvi
o santo
segredo
profundo,
o que
me aproxima
das almas
brandas
desse
tudo,
turbilhão,
húmus,
fazendo
brotar
dignidade
e esperança
do entulho,
da visão
turva
pela dor,
quando
um selvagem
touro
bisão
arterial,
dentro
de mim
por meio
sanguíneo,
empreende
raiva
augusta
e notável,
raiva
de anjo
para
poder
dar de
comer
a meu
insaciável
bebê
menino ::

@@
a profissão
do lixo 
decreta
o interesse 
por tudo
por todos,
tudo
vira moeda
de acumular
tesouros,
pois
navegamos
sagazes
e destemidos
pelo
sonho
essencial
do ser
único
de
cada
coisa ::
e assim
nos tornamos
bem
generalistas
mineradores
e aprendizes,
salientando-se
um poder
voar sereno,
pois o corpo
liberta-se
mediante
a revelação de que 
tudo está bom,
o tempo todo ::
senhor sereno,
catador
dignificado
diante da
miséria no
mundo ::

@@
o lixo,
ele
é uma invasão,
que repercute
a libido
alheia ::

@@
nos
permite
uma posição 
que 
não conhece
intriga 
ou traição 

sexta-feira, 7 de julho de 2023

 





rupestre

espírito
santo brincador
quanto
mais
  antigo
perdido
esquecido
no tempo
maior
o amor
a nós
devotado
a nossos
fazeres
ao prazer
do  processo
de nossa
felicidade 





domingo, 18 de junho de 2023

irrelEvantes



 

 

tudo o que não significa nada quer dizer tudo :: o ser irrelevante, prazer de iluminação ::

tudo o que há na casa e sequer chama a atenção ::

meus pensamentos, como um sol ::

as agulhas que costuram, a tesoura que verte lentas evoluções ::

tudo se costura :: meus prazeres de união :: somente os cegos conseguem ver o que vejo :: poder clássico não-masculinista ::

visão de antigas bordadeiras da verdade, que escondem tudo, que fingem, fingem e fingem ::

meu açougue, meu carretel, meus marcos de dissimulação e fingimento :: minha glória e loucura ::

uma, duas, três novelas, tudo o que não vale nada, tudo que é irrelevante ::

terça-feira, 6 de junho de 2023

 ritualizar a brandura da lentidão com que nos transformamos em alimento e união ::


somos alimento vivo um do outro, e nossas sensibilidades sinalizam horas de vida em conjunto, em conjunção e alegria :: não há coisa mais rica do que sonhar com densidade de amor da mãe a nossa bandeira única, nossa cultura, nosso pedaço de chão, de onde nos levantamos, como verdadeiros amantes da terra ::

todos somos escultura feita pelo perdão que o mundo vivo, verde, orgânico, vegetal, nos concede ::

eu sou maior união e verdade extática com os cheiros da vegetação ::


segunda-feira, 22 de maio de 2023

temPo de ruA antiga, vários aNos

não tem gente junto comigo na difícil rua cheia de amigos, homeros de bRasis aos milhares :: não tem :: cada um com seu fardo, a sina de dominando-o robustecer ensinamentos  ::


nada nunca tem junto comigo :: a solidão é uma lavra e eu vou rimar até duas horas, altas horas, várias horas comandado por alegrias de beato santo do mato ::

todos nessa rua unívoca tão decididos, amorosos, brandos, negros, pretos, decididos bandidos amorosos e ternamente intensos na folia alegre baiana brasileira ::

é isso aí bandidagem, serei vós, isto é, como vós, sendo vós :: sendou alma densa, alma farta de heroismo :: jesus cristo potência ardoroSa ::




a dor intensa me defende, uma dor by jesus cristo, iradíssimo alarme soando em meus afiadíssimos ouvidos ::

eu que venho trocandos os pés por comer com dinheiro suado nenhuma e nalgo esquisito nenhuma sobremesa  :: a fita dorme, a noite passa, e eu passo andróino incólume, cento e vinte colibris acodem meu tratamento em divino uniforme :: kakaká :: rsrsrs ::

sexta-feira, 28 de abril de 2023

○○ amuletos e proteções :: santíssimas

vontades de prever

+++ tudo,
de melhorar
tudo,

○● conforme
o vestido
ou os
músculos
da deusa ::

++●●●
são arremedos
do pensar
sem
medo,
por isso
pensar
com deus,
pulsar
divino ::

++++
deus
não
teme
e em
razão
disso
não pede
passagem ::

+++++++

apenas
é rio
que arrasta,
leva
consigo,
rumor
dolente
ou delicado ::

°•°•°•°•●

de repente,
sem
pressa
ou falha
de opinião,
ele já
passou,
já criou,
já gerou
novo fruto ::
já** pôs
a mágica
da ventania
em funcionamento
sem
base
mais importante
que  sua
própria
temperatura
elevada
e risonha
de fulgor
antigo ::

++
deus
é poesia,
sorte,
adivinhação ::
deus
na ponta
da língua,
ou na palma
da mão,
ou amarrado
no cabelo
em fita,
planta
atrás
da orelha,
é pontiaguda
alegria
e gostosa
gargalhada
contra
o malogro ::

○°
onde os
reis
altos
imperam,
há empoderamento ::
verdades
vernáculas
da bahia
em banhos
de folhas,
alecrim
e oitocentas
mil coisas
de cheiro ::

tudo isso
é parte
da visão
mítica
do bRasil
que
responde
por carismáticas
vitalidades
de resistência ::
povo
bento
e brejeiro,
almas
antes
nuncas
vistas,
mais
outras,
já essas
bem
conhecidas,
que vibram
sonoras,
saborosas
e altaneiras
em despachos
ou terreiros ::
ai quem
dera
ser
eu solanácea
ou espada
santa
de santo guerreiro,
divino
arpão
contra
a vaidade
e arrogância,
combatendo a maldade
ou a falta
de amor ::
quem
dera
eu ser
onde
se
destrava
o reinado
de
exus
e pomba-giras,
redemoinhos
corpo
das
molas
propulsoras
de caboclas
ondas
salvadoras
nos cruzeiros
do país ::


tudo
isso é
proteção
e unguento
às feridas
trágicas
do sentir
e ser,
àsdificuldades
causadas
pela música
do existir ::
é proteção
à paz
dos
merecedores,
dos
parceiros,
dos malungos,
camarás,
é revelação
dos olhos
abertos
dos assombrados
do mundo ::

sexta-feira, 7 de abril de 2023

 há meninos que sentem a doçura de serem meninos :: nessa revelação crística, negra e

indígena

mora a sonhada visão do paraíso brasileiro :: meus pares mantém-se em cordial distância,

recordam

medos originais, casas de onde saímos, as pólvoras e explosivos, os nossos melhores

momentos

enquanto dores insuportáveis que será preciso carregar, ordenhar, tornar brandura :: quanta

ócio a nos divertir :: quanto bom pensamento ::

porque sou andrógino, consigo captar tais essências, mesmo rigorosamente excluído do modo

legítimo de pensar e escrever nossos atuais livros :: porque sinto o sonhar de menino lusitano,

eu consigo :: as damas da morte me consomem, revirando meu cadáver, assando-me,

cozinhando-me ::

sou pequenino então como elas querem, pesquisador de um mito que forme bons revólveres,

formas novas de rock, de tiroteio :: olhar as damas nos resolve, seus amplos olhares sobre nós

mesmos :: quanta cordura na amplidão do vaso líquido de iemanjá, da negra doce e informe

como

um líquido amniótico, pai e mãe da sagrada menstruação que é estrutura do mito :: minha

mãe menininha, meu irmão

com melhores influências, a brincar com poesia ns ouvidos :: como somos espelho! :: como

rimos com natural cordura :: há uma elegia

ao prolongamento da história de nossos deuses :: cada filho consumindo energia e

proporcionando

visões :: ah!, tomada romântica de cada pequeno gesto com que brandimos nossa desilusão ::

o mar

oceânico ((o inconsciente do mito)), inconsciente e pedagógico, protetor involuntário, pode o

pensamento

trágico :: ossos e mais ossos, os ecos de uma guerra dos farrapos, a revolução :: com seu

espelho,

iemanjá nos direciona e cuida de porto alegre, dos bairros, das enseadas, da tristeza :: penso

nas maternidades, que são, antes, aquários de seres marinhos :: podemos todos ser habitantes

dentro da barriga da baleia, filhos dos cuidados da vagina? :: essa velha planta fantasmas, é

pacienciosa

com seus filhos, tece milhões de arabescos, sensual, inumana, ritualística :: ah, voduns e

bruxarias ::

os maus meninos que me tornaram tímido, irriquieto de vergonha,

verão o sonho de sua sensualidade elevar-se :: tornarem-se másculos elevados como

população ::

e o manto de oiá colore o ritmo :: ah, essa mãe, que nos dá a comer arroz com feijão :: pintanos

a ferro, nos faz brasileiros no suor de cada dia :: o que é bonito é sua doçura imensa, como no

colo

da família, no colo eterno, na rodovia do ônibus, no bairro assunção :: a realidade nos fantasia,

amigos, e quer ser cada vez mais

realidade ::

que bom poeta e trovador, que martelo infinito de xangô que aqui não é pixinguinha, mas

tarot

filosófico que recorre a galos de rinha, anímicos, gloriosos como capitão rodrigo :: sou filho

dessa

sensualidade, sempre neto, eterno, de bibiana, e nas carrocerias, nos andores, nas passadas,

pesadelos, iluminações e correrias, acordo pensamento, escrevo novas portas de visão sobre

o infinito :: quero todo o rio grande como quero menstruação, e se já cometo o nirvana do

incesto

que confere glórias ao machucado guerreiro ao infinito, é porque mereço, é porque sou

menino

som, guerreiro e altivo, neto de milton nascimento :: as plagas e as bonitas, os lenços, os

favores,

agulhas e pincéis :: as estocadas de lápis, de olho, de cada pintura exótica pintada pelo olhar

de princesa

das ondas ovarianas a nos carregar e fazer reproduzir incestos fantasiados de televisão :: o

prazer da província,

o som da rbs, a tímida revelação da grandiosidade humana em seu caudal de visões maternas

benignas do curral :: os litros de leite a alimentarem a tropa pronta e destinada ao abate :: a

minha

visão, a minha filha, a minha fala :: nos tornamos narrativa agora evocada à luz elétrica porque

escorre

da coxa morena a menstruação sagrada, vitalícia e plena :: cada bobagem vale a pena, quando

dita, repetida, codificada, porque vem dessa origem grega, de uma gente homérica :: e eu sou

o suor

de minha gente, transformado em gentileza :><

quinta-feira, 9 de março de 2023

novo diA

 novo dia,

sempre
recomeçando,
em meio
a um turbilhão,
todo dia recomeçando
em meio
ao tempo
das sombras
do multidiverso,
o multidiverso
bem verídico
e o não verídico,
espalhado,
cheio,
antigo,
maravilhoso,
poeira
das gentes,
muita dessa
gente
fantasia
da natureza,
visões
entumescidas
pelo todo
de todos
os vigores
do encantamento ::
as sombras dos filhos muitos
dos velhos
míticos ::
sob elas,
eu sempre
segurando
a pena,
sempre
sendo
apenas
eu mesmo,
vivendo
do sonho
amassado
no pilão,
do sonha macerado
de ser
pai da população ::
gente
que come
gente ::
gente
que
aguenta
gente,
gente
que aquece
água,
uma
luta diária,
são paulo,
essepê,
desde
o caminho
da escola,
desde
o berço
bonfiniano ::
belo bomfim
me ajudou,
nei lisboa,
a especular
sobre as dobras
das desilusões
cotidianas,
a dor de ser
composição
musical
urbana
coletiva,
o despacho
na encruza,
a úmida
sofreguidão ::
o regalo
da neoespiritualidade
dos pretos
franco-luso-amerindianos,
cheios
de amor,
elis regina ::

domingo, 12 de fevereiro de 2023

bicos mAternos

 espaçonaves almas várias

bicos maternos
guerreiam
alimentam

abóboras enfeitam
a teta da negra

ó negra, mamo
teu ardor por nós

as letras hinos estudam
giros úmidos
eu vejo redemoinhos
as moças pé de vento

hora benigna
da parteira

o ardor é tempo
erraticamente voraz

vocação estelar ou indígena
sou sobretudo humano

homero negro
casado com dona deusa

és moça dona
de complexa xamânica poção

teu fruto maduro
é paixão por nós 





 

domingo, 5 de fevereiro de 2023

 


sempre que o pintor inventa a si mesmo, projetando-se enquanto imagem nalguma tela, papel branco ou parede, secreta uma espécie de remédio intenso e benfazejo para o cidadão comum, o senhor que vai às compras, a mulher bastante ocupada e trabalhadora, todos aqueles que de certo modo perecem com as aflições da labuta cotidiana ::


de modo que essas parcelas recriadas hoje em dia, em território urbano, mundo afora, pela técnica do grafite,  são bem amadas, muitíssimo amadas, aliás, pelo conjunto da cidade, seus moradores, que sentem-se como que vendo pontes que levam ao céu, o céu amigo do  rápido devaneio, que, apesar da ligeireza, pode durar e fazer diferença num sorriso que se arrancou, numa mudança de atitude, no perdão a alguma ofensa ::

recriar é, possivelmente, a maior de todas as artes ::

e sentir, sentir por exemplo o valor acumulado do sacrifício urbano coletivo, é ofício da brasileira gente que trabalha com artes, poesia, música ::
e se sentir quase sempre nos faz revisitar constantemente a dor, procurar sentir coletivamente,  ser receptáculo da onda maior e mais geral dos rumores humanos de nosso tempo, fecunda obras inteiras que selam identidades ::

goiÂnia é um pedaço do bRasil que conta a história ainda hoje inacabada de entrada rumo dos sertões do bRasil ::

eras se sucedem, e os ciclos envolvem sobretudo a fabricação de toda uma gente, um povo, uma população ::

quando caminhamos infinitamente, posto que diariamente, por uma cidade, inconscientemente seguimos embarcados em um carro controlado por antigos impulsos amorosos, que legitimam todas as  dificuldades encontradas na vida em sociedade ::

o paço, a larga avenida, o beco, o palácio, a larga alvoRada, o coreto ::

está tudo misturado pelas épocas, os vitoriosos, os explorados, os decadentes ::

salve o geralmente negro navegante que, como diria aldir blAnc, tem por monumento as pedras pisadas do cais ::

"casco de burro de lenha", disse cora sobre o violento amor da cidade sobre todos nós ::

não existe, na cidade, especialmente a cidade grande, quem não seja pisoteado, quem não se sinta pisoteado, pela pisada coletiva do mercado, dos mercados, das modas, das convenções, das ideologias, da cultura, das construções demoníacas que refletem as mais profundas obsessões humanas em densa carga de libertação ou busca de liberdade ::

o brotar de flores perfumadas por sobre os monturos da civilização que se acumulam vorazmente nos becos é uma verdade profunda  que sempre me enfeitiçou na literatura de cora coraliNa ::

recomendo visitar o beco do codorna, museu aberto da cidade de goiÂnia, tendo-se em vista essa velada e obscura lentidão que aos poucos permite entender a raiz profunda do bRasil ::






sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

pedrA




há uma pedra que nos beija, que nos fala, nos afaga :: ela reside onde o mito de qualquer cidadé, especialmente uma cidade grande, se encontra ::

nessa profundeza, não há vazio existencial, muito pelo contrário, há um correlação de forças em seu ápice, onde cada um corre e se constrói ::


repositório, fertilidade, fluidez de rio:: aqui, de fato, tudo corre em perfeita umidade, sendo cada vida um moinho de verdade, que mói e constrói, que mói e constrói ::

sobre as costas do deus da cidade ativa-se denso e meigo cérebro coletivo::



nirvana aborígene, céu edificado com memória deliciosa ou sublimada das
ruas :: rimas com traços, tráfego e curvas ::

nele, calcinamos nossas vidas, quebramos ossos, curvamo-nos feito servos ::








quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

como bebês, estamos sempre ativos, nossa criança não para :: nosso bebê é sempre um grande descobridor,
e sorve litros de brincadeira ativa a desfraldar lembranças do céu :: nosso bebê é querido e mágico, e está especialmente
subindo :: um apertãozinho em seu reloginho de culpa, um roxinho na sua hora mágico, e o bebÊ rompe em forças de hostilizar, lágrimas que serão, para sempre, tristes :: e eu cuido do muxoxinho do bebê, e mesmo sua urina é quente e, por isso, força quimérica apascentadora, como os pássaros mais oiá-eu-uo-euê do serTão :: penso o dia inteiro nesse nino, nino numérico, nino de aprender, onde se fundem todas galáxias do inconsciente, e onde comer é desenhar e deliciar-se com passeios telúricos é um desenvolvimento gástrico :: estará pronto o estajarita e o argumentador, estará mugindo o peão arguto bem brasileiro, mesmo na sua falta do ensino clássico, da poesia que camões lentamente lamuriou :: volta pra escola!, ó lampião, e vê se aprende a redefinir os traços da vegetação seca e espinhenta, olha aquele programa, ele mesmo ali, do hulk e da angélica, come com delicadeza todos esses frutos, tudo isso é consumo, e observa como uma população inteira, mesmo com baixo nível e pouca inteligência, apresenta o aprumo da dispersão, a boa horinha da produção coletiva do sonho :: meu bebê é um comércio antigo de conceitos inteligentes, histórias boas e antigas, produção de gente, alma que revoa, uma história sempre quente de iluminação, e eu prossigo, com variações crepúsculares, estagiando no paraíso, arrancando lumes, fazendo aquilo que os negros chamam de vadiação - uma vadiação com meus radares :: não canso de me iluminar, não caso de negociar, com duendes de delírio mágico da banda vadia, o aprumo de uma evanescência, seu surgimento, sua precipitação, para reforçar sobre meu espírito o estado eterno de glória da casa brasileira

 


quem sabe eu realizo uma descoberta preciosa uma super descoberta fruto da devoção a um prazer melhor periciado descobertas para todo o lado e em todos os sentidos afinal o mundo é uma microbiologia são milhões de vizinhas poeiras pululando em vidas intenções acontecimentos no pacto físico quimico e biológico da revelação divina sendo-nos proibitivo morrer de tédio