domingo, 27 de dezembro de 2015

estagiRita

um humus denso de dioniso provoca meu amor e faz surgir o denso fogo de tudo o que é cristão :::: atavismo de homero ++ pensam+ento feito cruz+ :: e olho coMo pai para o foGo intenso, as rosas, os olhos que de certo modo me ridicularizam como crIador, deuS pai :: bolas de foGo abrem o senso do ridíCulo :: na carne, de certo mOdo, todo uma galáXia ativa produz viDa ::sou profEta e tenho a bêNção do amor de crisTo, pois minhA carne não se gasta ou é apodreCida :: me atiram pedras, e tenho a menTe do atiRador estagirita :: na intErnet, sou manoeL forTalecido por um pó, um barRo, uma pedra, ventre liso e alivianTe da deuSa :: porque eu nãO tenHo medo, eu sou o sEu perfume, tudo que a sinaLiza, seu ventre livre :: ali, um jarro me coNsola, e tomO goles distanTes :: meus pensamentos viraRam golfinhos e formigas, sou a


 pressa e a calma do ociDente ++ uma canÇão me consoLa, calÇo sapatênIs, sonhO comer, estou com verMes por toda a casa, mas tenhO uma calma antiga ++ estão a me dizer, "te acalma", e estou a comEr formAs novAs de produções seminais (ou meninas, um gosTo de milho com friDa kahlo, uma teXtura alta azteca :: estou sóCrates porqUe sou o menino fugido, do egiTo, e dePois, para o egiTo :: estou sanGrando, com paiNeiras eterNas do pai quE, por sua brisA, me liberTam :+ estOu suAdo, pois esCrevo :: estou santInho, porQue conhEço :: estoU foDa, porque JAMais pereço :+ vermEs em minha barriGa, são o meu cauDal de leTras :: e junTo  peças e jaMais pereÇo



sábado, 26 de dezembro de 2015

chIco

há uma relação entre preguiça e preconceito que é uma das que mais me intriga ::

faz parte da vida economizar esforços :: é útil e prazenteiro :: mas não deveríamos

ter piedade, por nós mesmos? :: não há tanto desencontro e desavença dos quais

seria muito melhor nos desvencilharmos? :: do fundo da alma, o ser humano sabe

disso, e trabalha grandiosamente para combater erros grandiosos, como essa mania

atual, brasileira, de reforço das hostes rac


istas, machistas, burocráticas :: tenhamos

piedade, pelo amor de dEus!, de nossa cultura, tão custosamente desenvolvida

e agora tão curiosamente achincalhada, como no caso dos garotos problemáticos

que agrediram chico buarque :: quero pensar nas grandes soluções, e por isso precisamos

pensar em novas formas de pensar, instauradas tão elegantemente - eis a questão -

e tão longe da europa (eis outra gloriosa determinação) desde a primeira revolução

antropofagista, na década de 20 do século passado :: precisamos buscar o resgate

mesmo inocente das formas brilhantes que cravejam de beleza o abecedário

brasileiro :: aquelas formas longínquas são o nosso céu em ouro, como nas melodias

primordiais que villa-lobos decalcou de nosso inconsciente mítico, em ouro instaurado,

em sangue celebrado :: em sangue instaurado, em ouro celebrado :: e assim para

sempre, como na imagem do trenzinho que segue ao longe e ao infinito :: nada

aprimora mais o brasil, e tenho dito, do que um bom ouvido aguçado ::

sábado, 19 de dezembro de 2015

estudando verbos com meu filho, refleti sobre o poder de nuances da língua culta :: não o verbo desmedido

em relação aos poucos que conseguem se desenvolver, mas o valor poética das variações em torno de tudo aquilo

que se faz com o sabor dos idiomas, em qualquer ou todos os campos do conhecimento :: não é fácil conjugar

verbos como pede o cancioneiro universal, e a salvação revela-se nesse difícil engenharia :: na cabeça difusa

de hoje em dia, repleta de estâncias de min

eração pela palavra, conjugado o desejo, vamos saboreando

os temperos e o sabor do mato :: aqui na fala oculta de dindin e dondon o cego é que é sertanejo :: e o prazer

amadurecido da revolta com o coração :: paro e penso na musa, montanha de ferro, a minerar, tal qual como foi,

esquartejado, com drummond, ou lassidão que mutilou pessoA :: ah, montanha de ferro :: eu paro e tomo

café :: aquilo que o coração produz é o nosso peito, peito de poeta, cabeça de esta
feta :: estou a ser manDado ::

e a história gira a meu redor :: os quilos de comércio, e o ser humano sedento :: saias de tule, rendas, brocados,

o nível enjoAdo das noivas com a casa, em alto mar :: lápis lazuli, pincéis, batom, a 
terapia do incesto,

o estampado pro sofá, uma interrupção :: no final, a mulher mede as horas e o nosso medo, está coletando

alegorias, formulando os passos da penúria como procissão :: e meu fardo refunde meu lamento

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

feminismO

"o feminismo surge como crítica a um estado de violência contra pessoas concretas marcadas como mulheres ou portadoras e características ditas femininas" ((

marcia tiburi, zero hora, 06 dez. 2015



não sei quanto aos meus amigos, mas o feminino está em mim, sobretudo, por intermédio de meu pensamento,

extremamente circular, e mais poético do que objetivo ::  não À toa, pertenço uma espécie de professor, pesquisador

intelectual extremamente violentado pela presença, em nossas universidades, de um "machismo estrutural" ((para usar uma expressão de marcia tiburi

no texto de zh)) ::

e todos os nossos intelectuais acentuadamente inconscientes, dormindo como bebês ((ao menos isso))
para novas

possibilidades de conhecimento ::  :: posso, por conta disso, reivindicar-me

como feminista, sem ser mulher, muito menos homossexual :: deveríamos aprender a perder esse medo,

o que, admito, exige muito rigor e método, mas sobretudo coragem e alguma "loucura" :: talvez uma forma

louca, e por certo artística, que se encontra no seio do ser mulher, tão carregado de pensamentos bons com relação

à diversidade da prole e da criação, sempre tão carregado de leite e amout-9753r :: será que nós homens temos medo,

ou inveja, desse leite bom, desse ser vaca, sem os a
zedumes do boi?  :: por isso, o meu feminino sempre em construção

ainda presente na força estimulada pelo excesso de atribulações, no excesso de coisas para fazer, num não parar

nunca, num pouco parar, mal para comer :: no machismo está um medo de mexer-se

e funcionar conforme as ressonância da mais divina filosofia, que apregoa um difícil ofício, o de nunca parar

para pensar :: o masculino para enquanto pensa, e isso é forte :: mas o feminino espalha graça enquanto

voa, e isso é mais sublime e encantador :: não explica muitas coisas, apenas sugere :: e isso é muito melhor

que qualquer heidegger :: é um mel de zaratrusta ::

sábado, 21 de novembro de 2015

seguNda do mestrE esquisIto

a exposição ao vento e sua voragem infinita mexeee comigo
uma voragem esquisita, branda e nova = renovadora, acima de tudo
lembro o vendra, o doidekanandra, e explosão urbana, o acima de tudo esquisito, explosão em milhões de quistos, por onde se recria a arte = e jokerman agora é meu amigo ++ estou apinhado de seres com sexto sentido, e para o sexo um sentido oculto = a história, rá, meu amigo, é uma explosão de tintas, o pincel do santo revolucionário que se



renova sem jamais se revelar ou, abrigando o mito, fazer visível o que faz = pansentimento caboclo = as porções confusas que se revelam sem apontar, o cancioneiro, o tanto faz da meio noite, o pensamento esquisito

terça-feira, 17 de novembro de 2015

loA





a loca está organizada e a mãe loba se encontra enfurecida :: em uma cabana de ritos, é março, e estou perdido :: olho os pensamentos em carne viva, penso que sou o próprio mito :: ares da cordilheira, panela de pau de cozinha, um rastro de sangue, a perturbar o instante e domesticar as flechas provocadas pelo instinto :: estou tristonho, estou calado, estou boiando no rio com meu cadáver, e espero as vozes de meu povo, brandindo novos espaços e correrios :: vou, como sempre, sozinho, seguindo rastros, orientado pelo espírito


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

lOa

existem frestas para o céu, que vão, aos poucos, se alargando, nos angelificando, depois de tornada doce toda a carne, no movimento de a ir tornando ::

na dureza invencível da existência, após a formulação de uma gr
ossa camada de sentidos,


 depois de despencarem

todas as ilusões sobre o ser humano, brasileiro, torna-se possível, a partir de um golpe de vista,
reunir-se a dEus, depois de tornada doce toda a carne, e dela doce ir ficando :: as promoções, ofertas, 

varejos, nas variações das lojas do mundo, ficam obsoletas,
perdem a sua aura d

e paraíso :: as divers
ões, as rodadas de salvação impura e, no íntimo, vazias ::
qualquer tipo de busca ou oportunidade - livros, buscas, viagens, profissões, sexo - se torna lixo, 

resíduo,
se não ingressamos na esfera de um contato
nupcial com a vida ao




longo da vida :: existe uma loja, uma loja suave como a existÊncia divina,

onde a busca se consolida em resultado :: nela, o resultado é lento, a compra é obscura e facilitada pela fé ::
não há mercado de futilidades, apenas, ao fundo, de sutilezas :: todo o conjunto das procuras,

levemente ordenado,
após a santificação de nosso desejo, seu
medo impossível de ser calado tornado uma junção grata
junto ao vício divino da revelação por meio do amor denso da carne branda :: não quero me apossar 

de
nada, galgar posições, saltar obstáculos :: pegar, agarrar, prender, obter, conquistar :: quero apenas estar sentindo o mundo como brisa leve,
na alegria de rodas de meninas que se alegram pela alegria de estarem alegres, na d
oação do fruto,

na virgindade, na cópula suave do mantra mítico do mundo, sem barreiras, proteções ou o medo
de desastres :: no mel da língua que profere e
star tudo certo, o tem



po inteiro, t
udo certo, mesmo
o mais profundo dos desatinos de nosso inconsciente, mesmo esse, que governa o nosso sacrifício

enquanto espécie :: a cada manhã, a cada raiar de dia, faço uma oração pelo seu mito, envergando
falas e camisas brancas, bandeiras, toques de pensam
ento altivo, foguetórios e esperanças :: uma faixa

alegre, uma bandagem, cobre a minha testa, sagran



do o sacrifício, lembrando minha fama de alegre
vidente agreste, casado com a manhã do mundo, anun
ciando formas negras de bÊnçãos, em rodas
de sonhos e viragens, em comunicação com o espírito aberto da bondade ::

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

loBo


e a pena bem leve, aquela pluma, amentada em densidade pela
violência, floresceu :: são vocês os meus
cálculos, o meu sonho escarlate, de um fascínio aumentado pelo fato de tornar-se-me, eu, um desses homens
que não morrem, apenas sobem, e são o estar sendo, lá no céu :: de uma germinação do trigo, meu poema
nasceu, e um uivo manso de

menino alpinista, com o registro na memória do horrível, é bem aceso,
apenas :: um esquema com folhas e palhas, uma este
ira nova para os meus voos sem pecado, um receber
da culpa que é de onde o santo recebe o adorno :: e na conjunção da lâmina com a carne, o vento
empestado de rejeição, se torna modéstia :: está fe
ita a cabeça louca com ouro :: a cabeça doida e
abençoada :: a língua bem doce e doce no embalo, sabendo a mistério :: sou o que me pegam, pelo
fio sagrado de sertaneja língua ::

terça-feira, 27 de outubro de 2015

vejo como faz silêncio nessa casa, e como ela é só minha :: não há nenhum conflito de terra, uma única
sofreguidão mal resolvida :: e no contato de meus olhos com sua superfície rosa, sou seu doce
descobridor, um pero vaz de caminha bonito, enfeitiçado por espelhos que lançam feitiços, feitiçoS que já
ouvi nas composições de cartola, vinícius, renato russo e cazuza :: muge, ó boi, na estrada, e não há
conflito, pois as sensações que aqui aprendemos, provenientes do vínculo mais antigo que se tem
com o paraíso, escrevem por nossas mãos bilhetes, e perduram matrizes das mais nobres e brandas::

domingo, 25 de outubro de 2015

para a crueza da selva, ou do deserto, da geleira, do inóspito, uma gentileza do agrário, do cultivo,
da hera idolatrada, nunca abandonada, a ramificação em seu curso, adoração plena, em taças de
vinho secreto e ardoroso :: nessa imagem, a produção sagrada de um mantra onírico que secreta,
desenvolve a cultura, humana - cada vez mais terna e humana - em todos os seus ramos :: há uma especiaria
do deserto, um ramo de árvore do sertão, um bico, uma galhada :: é o pássaro ilUminado, a nos conduzir,
em força de indução imaginativa :: águas que voam, liberdade feérica, sinal sobranceiro, aba do chapéu ::
redução primitiva do desejo :: a admiração plena pelas belas formas, sempre recuperáveis e renascendo,
brotando, germinando ::


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

foucaulT

lendo a vida de foucault através de sua obra, e vejo o contato da cabeça do pensador com sua loucura, que é a nossa, mais propriamente dita, toda herdada, em profusão : saltam os mitos gloriosos, em forma de imposição fálica, genital, gloriosa :: há gente que acredita :: como não vislumbrar na vida desses pensadores, na loucura, portanto, o sentido sensual divino do próprio pensamento :: foucault mamando nas fecundações originais da vida, esmagando as tetas gloriosas com sua sofreguidão de menino, tão apartado que fora, pela dor da vida :: zeus te quer recuando, menino, estreitando os olhos, abrindo o bico, bendizendo a benevolência da palavra :: e, separado do seio da mãe, com a memória invertida, o prazer bendito esvaziado, foucault escreve zilhões de linhas, que são seu nítido orgasmo, e se apresenta como de difícil apreensão :: quem vai correr como esse menino?, orgulha-se o pai, orgulhoso :: fertilidade em nome do pensamento, festa no olimpo ::



segunda-feira, 12 de outubro de 2015

das criAnças

nesse dia das crianÇas, a lembRança de que o mito do bRasil resolve nossas mais
terríveis dificuldades coletivas por meio de um espírito inigualável de brincadeira ::
a brincadeira espantosa de tornar maria negra, bem no espírito indígena de reversão,
troca, poesia, saci, mil possibilidades de realização :: saudades do que somos, sempre
passível de ser encontrado em nossas vastas águas de imaginação sonhadora,
das crianças que eduquei e educo ((JulianaAlice ;;} Adélia;;;; Caio((( ,Tomás :::,
minha companheira qual ouro de mina (>>Sílvia, antigos e novos alunos, cada qual
com sua fantasia sempre inatingível, re


solvidos e insolúveis em nossas teias de conteúdos
musicais, de festivais, televisivos, agora no computador, um jogo, uma bola, uma raquete ::
que o jeito alegre seja o tempo da manha de resolver todas as manhas, e agora o livro,
qual uma túnica azul-dourada, com todos os seus bichos e plantas-segredos da amazônia,
nos esteja sendo lido e revisitado :: e nós todos sempre atônitos procurando entender
como é possível sermos tudo isso que somos, sob as bênçãos e as graças de nossa
zelosa padroeira ::

sábado, 10 de outubro de 2015

fernAndo pessoA

o rei acomoda-se ao plano da tortura, calmamente, assi

milando, introjetando, planejando uma glória americana

futura :: penso que o quanto menos visito o tempo meno
s rico de glória, menos o entendo :: e, portanto, menos


forjo a glória do fenômeno do entendime
nto :: fernando pessoa, minha glória é ser menino humano brasileiro, e compreender

essa forja aqui, essa impostura doída e doid
a, minha contrição i



nventiva :: nosso brasil é agora, amigo poeta, e sou

o pãoeta padeiro, pedreiro
, a entregar as caixas doces salpicadas de farinha :: a glória do mito que em mim se deposita,

enquanto crucificado que ajuda a entender o mito :: ô glória!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

estamos aqui, sentados por sobre minas de explosão :: o lar a nos fazer explodir e explorar, e nos transformamos

em mineiros :: e a visão mesma de nosso aspecto deteriorado, nos bancos, cadeiras, sofás, contando dinheiro, nos socorre :: existem línguas que serpenteiam,

na busca por uma novidade que nos alivie do regime tedioso de uma tarde morna, do óbito que ela promove, e todos

morremos um pouco, se nos bastamos, se achamos que isso "que tem para hoje" é, além de necessário, suficiente :: é preciso mais, é preciso cantar e correr e cantar :: é preciso cruzar

o oceano de fogo da inadimplência, das dívidas que possuímos, sempre difíceis de serem pagas, em relação

aos terrenos da criatividade e das regras não obtusas de convivência :: não podemos nos contentar com a simples

televisão ou os facebooks que propagam a doença do tédio :: não podemos nos acostumar com a eterna prisão da guerra nos orientes

médios da vida ::

urge a cada dia sonhar melhor, com um novo caetano, um led zeppelin ou um leminski :: precisamos nos convencer de que se trata

de boa convivência ((vulgo uma mente criativa))) ou morte, e assim vamos cruzando e nos ateando fogo mutuamente, pelas vias cruzadas

da mídia, da cultura, da internet :: pois assim ninguém morre absolutamente, e todo nosso desespero fica gravado nos heroísmos de posts

e blogs, para que algum dia alguém se lembre de nós, de nosso desespero, nossa boa e nossa má sorte,

nosso bom ou mal desempenho com as míticas imagens :: somos seres de abstrações, de relacionar substratos,

e se aqui estamos, e por caminhos líquidos da imaginação navegamos, é porque os deuses com certeza nos dão

um corpo e uma existência para que fiquemos fortes e atentos ::

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

eleGia

entendemos o alimento como retorno ao sonho de viver, quando nenhum pensamento ainda
era vício, e todos os contatos com o mundo eram fluidos, sensações organizadas do paraíso localizado

da mãe :: organizamos o tudo, para o contato do teu olho, que deflora o mundo :: e ela ali, tão específica,

a mansarda do mundo que há de te acolher, te requisitando o pensamento especial, nunca comum ::
há na leitura lenta desse logos específico e amoroso a tua perfeita galáxia, e somos todo expectativa

para o reencontro :: por que essa expectativa te dói tanto e te reencanta? :: porque vamos morrendo de sede

e de fome na medida em que nos distanciamos, em que o olho não mais se informa sobre os códigos
secretos do prazer ao infinito :: o molho esp

ecial, para tuas fornalhas
menino usado e a cada dia mais saudoso :: cada tempero é sal, que nos religa, e é sagrada eucaristia o

que comes, quando comes com antiquidades e requintes que somente
os altruístas conseguem oferecer :: é preciso dar à mesa, é preciso oferecer-se :: ato contínuo, é

preciso se
perder de si :: nós somos especialistas em massas e pães :: nós estamos torrados e com pruridos
de flor quanto espessuras, crocâncias, divindad


es da forma e da cor :: e comer... comer é esquecer

das agruras que tanto nos persuadem e, com calma romântica, ter o gesto amplo de deixar-se e
deixar o outro :: comer forma uma ciranda, onde todos arde, e por isso a calma que se restabelece ::
o materno enlace que providencia comida aos fi

lhos sabe que essa é a única hora do sossego,
por isso nosso útero imaginário, bem localizado em nossas cabeças, se perde ao finalizar o preparo
de uma refeição, esquenta todos os canais de contato com artes de ilusão pictórica ao infinito :: e o

mundo, hoje globalizado, é uma busca infinita pelo que se faz à mesa, com a calma equestre da ilusão
de pradarias íntimas, aconchegos absurdos entre rochas es
pecíficas e provações, desafios, rotas

de extrema unção :: e há uma ordem cavalariça, em que nos inscrevemos, persuadidos pela cozinha
eterna de uniões desconhecidas, novas possibilidades de união e de contato íntimo entre formas

puras que se procuram e se esvaem em auroras e benzeções que renovam tudo ::
um escritor é sempre o prefeito de uma nova cidade, bem autoritário, e isso é bom, para o prefeito,
é claro :: nessas curas linguísticas, a invenção de um novo ritmo :: e quanto mais a cidade aperta a
alma do menino escritor, mais ele escancara em suas curas auto-imaginativas :: eu fui o prefeito de um
milhão de coisas, encontrei novas chaves, para abrir portar, depois de escalar montanhas, e ser embalado
por uma água :: meu paladar ligeiro não suporta mais uma escrita morta, que se escuta no batimento
de todas as casas, um mesmo vento a sossegar as velas :: precisamos de um novo mistério, e é minha
tarde morta, de cansaço pelo tudo que nos cega, que conduz esse cortejo, e eu vejo :: eu agora inventei
sucupira do paraguassu, uma terra cheia de bênçãos para crianças amaldiçoadas, uma espécie de novo
sossego, do qual eu sou seu prefeito, e na sequência, seu próprio preconceito, para já fazê-la nascer
amaldiçoada :: e a imaginação se escancara, para combater as tardes mornas ::

sem aridEz

acho que faço parte de uma farta andança colonial, de produção de significados, uma eterna colheita (( linhas imensas se abrem à minha frente, uma espécie de região árida que vai exigir cuidados de alguém que ame o profundamente humano e o trate como um lavrador/agricultor/pelejador que o ama porque ama o brotar profundo da terra, o ama como colheita, os filhos bem tratados, o mel os untando, imagens que lhes escorrem pelos cabelos, seus olhos (( e as linhas do infinito me estreitam os olhos, acentuam uma pequena náusea, a preocupação de não ter o que dar aos filhos (( estou no átrio do pensamento universal, e as linhas de cultivo não me cansam (( vou seguindo e penso em meu rebanho e meu atabaque e toco para a lua universal, mães de todos os lobos, e vou tocando (( penso festas totais junto ao processo químico mais lindo que haveria no interior de uma festa junina, e vou tocando ))( sou como gente miúda, uma arraia, ou um peixe cristalino )( posso mil transformações, caboclo feinho, que não se importa com o dizer dos deslizes humanos )( signo no atabaque, sigo no inumano, louvando todas essas transportações )( posso ser uma abelinha com significado, entender o estouro de tropa que há nas moléculas de sua visão, seu mito entranhado, sua construção, que é um sopro da mãe universal )( e estou todo entranhado, pleno de linhas, cultiVado, mel, líquens, líquido amniótico, sabedoria sagrada

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

#>]converSa de proFessor :: a proVa e ] a miscigenação

que poder haverá na prova? efetivamente, nossos alunos só respondem integralmente a nosso esforço de ensino

mediante tal procedimento :: 100% concentrados; 100% presentes; 100% quietos; 100% angustiados
com a resolução dos problemas

de abstração ali propostos :: a prova é a única ferramenta de ensino convencional que me convence de alguma coisa, de certo por conseguir






esse efeito, o da imposição de algum respeito :: é o medo da nota, do respeito imposto por algum rigor infalível, por uma sisudez que é necessária, creio eu, em apenas

uma pequena dose, quase homeopática :: fora isso, enquanto instrumento de avaliação, representa um arcaísmo do século XIX,

um dente de leite que já deveria ter caído, para dar lugar a algo mais "bonito", no sentido que Paulo Freire emprestou

ao termo, quando falava em uma educação mais humana e integral :: a prova é do tempo da repetição, das lições tiradas

como oração, no sentido mesmo de uma reza, de um motor oral :: quem cola na prova é porque consegue copiar respostas

a perguntas; quando, na verdade, nosso função como professores é orientar na formulação de novas perguntas, mas

não só isso :: quando realmente penso em educação, não estou interessado excessivamente no ideal de um aluno

crítico, questionador da realidade :: esse é um grande e importante pressuposto, mas de um tempo que já vai se tornando

defasado  (e sofro muito ao constatar que a percepção da sociedade em geral quanto a esta defasagem está acontecendo muito lentamente...



#>>:
meu ideal de educação é o de uma transmissão, não de conteúdos, mas de confiança :: uma vida regrada, em um adulto sadio, requer tal confiança ::

requer a pleniTude do ser, base para a

afirmação daquilo que cada um é e sonha ser ::
nessa disputa entre personalidades, ou indiviDualidades, ou singualaridades, é que o ser humano vai tramando

seu melhoramento, até genÉtico, da espécie :: Freud revelou-nos o terríVel poder do inconsciente, sua magnífica "magia"

de coMandar-nos a partir do amor sublime :: somos, enquaNto animais culturais, uma lenta evolução em

direção ao fascínio da beLeza, em um processo amArgo de imposição da tragédia :: denTro disSo, o amor

é um mito revelado ardentemente, em meio às

forças vulcâNicas do sexo e da guerra :: e o doMínio sobre tais forças é que gEra real preparo para o convívio harmonioso

em sociedade :: os indivíduos, ao lidarEm com o aprendiZado de técnicas, ou com o exercício em torno de
abstrações teóricas, noS procEssoS de construir coletivamEnte a maneira de vivEr dos grupos a que pertencem,

se se tornarem conscientes desse domínio, terão contribuído para a evolução de seus grupos, efetivAmente
por intermédio do conhecimento :: nada afasta mais de tal

domínio que a insegurança, que a falta de confiança em si ::



>>))@
por isso que a minha prova ideal é a dos desafios heroicos, de íntima relação com a ludicidade e, portanto, com a tarefa

de proporcionar crescimento segUro a seres humanos que precisam manter-se sadios :: o desafio heroico é uma definição abstrata, claro, que pode

transmutar-se em milhÕes de possibilidades concretas :: o campo da mídia e do entretenimento, por exemplo,

faz hoje muito mais por nOssos jovens do que nossas escolas e faculdades :: o reality show televisivo é mAis evocador desse

princípio do que qualquer curso preparAtório para o mercado ou o vestibular, sempre calcado sobre carteiras, provas, slideshows,

disciplinas, notas etc.. :: qualqUer videogame mais aVançado tem efeito similar, sem falar em sua influência poderosa sobre o

tempo de lazer e a coNstituição identitária das novas gerações :: a capacidade que tais dispositivos de entretenimento possuem

enquanto meios de sublimação da força sexual bruta ((aquela mesma entrevista por Freud no inconsciente humano) é algo que merece ser estudado...



#((@

nossO brAsil de alma libertária perde por não saber vincular, a tais tecnologias e costuMes da atuAl época históricA, uma capacidade sublimE de amar, que foi sendo

forjada ao lonGo do temPO por noSsos antEpassAdos escRavos e qUe esconde-se hoje como um PoTe de ouRo a seR

resGatado de nosso inconsciente coletivo - o que nos permitiria fazer a junçãO entre passAdo e presEnte, infalívEl e imprEscindível para

a geraÇão dE melhOres chaNces de fuTuro :: tivemos medo até agora de assumir caracteres indígenas e africanos que, se liberados

do inconscIente da nação, nos ajudAriam a formar verdadeiros herÓis :: não temos o rito de uma arte marcial

que sustente o espíRito produtivo da nação, como o Kung Fu chinês :: temos no máxiMo o futebol, visto como

alimentador de um espírito "marginal" e  "malandro", pouco ligado ao trabalho :: esses caracteres dAs raças aborígenes

constituintes de nossa miscigenação perManecem de fato marginalizados :: amar o bRasil deve ser a busca maior de nosSa educaçãO,


sem o ranço autoritárIO que o regiMe miLItar emprestou a essE propósiTo em décAdas passaDAs :: já fui motiVo de chAcota

poR caNtAr o hIno nAcioNal em saLa de auLA, e muito maiS aiNda por, de manEira, admiTo, até heroica, traZer

para o princÍpio orGanizaDor dE minhAs metoDologiAs o mesMO prinCípio da caPOEira ((a arte marciAl
brAsileiRa poR excelêNcia ::



@@##

soubéssEmos incorPorar nosSas própRias mitolOgiAs caboClas (e o problEma resiDe justaMente nessA palaVra, no meDo que temos de ser "caboclos")

para a conStrução dos deSafios heroIcos aoS nosSos jovEns, e sonharÍamOs coM a valoriZação dE nosSas riqUezas, e a salVação de nosSa pátriA ::

a linda metáfoRa paRa o enSino que é a sagA literário-cinematogrÁfica de haRry poTter encHe nosSos
jovEns de entuSiasmO

e os preParA paRa o esTudo, lhes dá ânimO parA o vestiBular e a viDa acadêMicA :: e os catiVa coM todA a beLeza dAs alegorIas britâniCas paRa a jornada da existÊncia,

a ponTo de reproduzirmos com trisTe entuSiasmo aliEnado as fesTas de holloween e toda mitoLOgia góTicA, que

sempRe contrAStou, desDe a iDade MÉdia, com o criStianismo catóLIco que ajudoU a funDar o bRasil :: tivéssEmos um corRespondente

naciOnal para o entRenimento de míDia, e o uso inteLIgente dA míDia em conjuNto com a  eduCação,
e a atiTude de nossO jovEm, hoJe, seriA comPletaMente outRa :: suA prÉ-disPOsiçÃo paRa uma viDa

resiGnaDa de trAbalhO,
comO exiGe o procEsso de dispuTa enTre as naçõEs no merCado munDial, esTaria sEndo muiTo meLhor

deseNvolVidA,
assIm coMO aconTece noS esTAdos uNidoS ou no jApão ((que, apeSar de toDo o poDer loCal da

culTura norte-aMericAna, mantém
sua essênCia nipôNica)) :: nosSas forMas dE condUzir a juVentuDe sÃo as dE um paíS escRavO, e o

taLento desperdiçAdo de noSsos joVens,
condeNadOs a se enQuadrArem aoS eNEm's e eNade's de um sIstEma burocrÁtico e corrUpto,

repResenTa o triSte sacrifÍcio de uMa poPulação
inteiRa, neSse difÍcil








 altAr quE é a gueRRA entRe as culTurAS ::



#@@

deVidO aO rAcismO que neGa veeMenteMente a misCigEnação,
o bRasil naVeGa indefInido, inconSCiente de suA vaLIoSa contribUição paRa o enriqUecimenTo da huManiDade :: serEmos

caPazes de saiR dessE abiSmo? conviDo os coleGas proFessoRes a reflEtirem a rEspeiTo :: quEm saBe lemBraRem

do qUe diGo neSte arTigo qUAndo esTiveRem verGados sob o peSo daS piLhAs de paPel, proVas, noTas, tRabalHOs, lisTas de frEquênCia

etc., preSsioNados pelO prAzo de fechAmenTo do seMestrE :: essA peDra a seR desdoBrada (queBrada, carRegaDa)

no coTidiaNO da viDa doCente é o quE nos CaBe enQuanto perifEria no siStema dE comÉrcio inTerNaciOnal :: é o AcHataMento dE noSsa intEligÊnciA

e o nEgro fuTuro anuNciAdo dE noSos fiLhos ::


@@ texto escrito em abril de 2014
&& desenhos estilo anime :: tomás minuzzi, meu filho, 9 anos de idade ::



sábado, 26 de setembro de 2015

métoDo de visãO

vós mulheres, contam várias mentiras ao mesmo tempo, e com isso vocacionam a vida lentamente
a um processo geral 

de adormecer e sonhar :: fazem em anestesia, escondendo o terrível buraco negro de dimensão obscura, de onde vem a vida ::

o fazem com tamanha, terrível e carinhosa habilidade de fantasiar, com tamanha alegoria no ato de escrever invisível,

no ato de lutar mais invisivelmente ainda, que conseguem fazer crer à humanidade inteira, incluindo ao próprio gênero feminino, que

na íntima visão daquilo que são, podem ser encontradas apenas amorosas mães, irmãs e filhas, ingênuas, doces e submissas ::

vós sóis o pássaro e o que há, nele, por aninhar :: e eu, estando a ponto de constante desilusão, causada pela violência ancestral do grande útero

materno, não deveria vos conceder tanto mimo e concordÂncia nessas palavras, nem tampouco em minha visão, de um modo geral ::

mas reconheço, e não consigo deixar de ver, constatar, confirmar, que é a mãE, de saia e coturnos, que desenha a matriz,

como nas duras linhas de um programa de computação gráfica, onde vão se acrescentando minúsculas partículas que formam um véu, uma cortina de realidade grossa, tão espessa,

que só com os poderes de uma dança obscura, abstraída a partir dos sentimentos-movimentos da própria população encarnada, para se fazer aparecer

de modo apenas mítico, ou imagético, o que está do outro lado :: conseguem fazer crer, à nau dos insensatos e admiradores da lógica,

que não somos filósofos de cabeça mole :: que não somos pretensiosos e indigentes autores na compreensão e na escrita do grande fenômeno urbano

do mundo, sempre a refratar ou a refletir os sons da floresta :: conseguem nos

convencer que somos razoáveis, enquanto se aquecem os pés dos bebês com meias, se prepara o chá, se organiza o estranho espetáculo

de reprodução da lida, da festa, do rodeio universal :: e só haverá idiotas no mundo enquanto vcs 

não forem efetivamente compreendidas, o que significa a eternização da imbecilidade no mundo :: o amor eterno

depende dessa "burrice", dessa incompreensão, como forma de gerar o mito, reflexo do medo ::  o que há, nesse

complexo de depender, no limite, com horror, da
vagina, do útero sagrado? :: nessa paciência de nos gestacionar

está um sentimento que permitir o ardor :: não há

como entender, há que ser como o jokerman da letra de bob dylan e eu, felizmente, consigo sÊ-lo, caso contrário

já teria tido minha imensa cabeça cortada, ou a língua a aparada :: sou gentil quando preciso, e célebre quando

apanho, fico quieto, imóvel, amparado em fissuras, tétanos, poças de sangue :: e agora, que estou aqui, geral e irreversível,

admirador do raio e do trovão, inocente como no dia da criação, faço questão de dizer o que penso e sonho ::                                                                                                                                                                                                    

                                                                                                                                                                                        



                                                                                                                                                         

domingo, 20 de setembro de 2015

aníMico

gastar o fósforo da poesia é iluminaçãO,
enquanto iSS>o, outros corpos martirizados,
apenas embalados
pelo consumo,
rumam para o estranhamento
e, ó, vão estragar-se,
vão morrEr, vão


compor uma difícil
marcha de apodrecimento ::
estou, enquanto isso,
estalando os dedos,
e visualizando
nosso estatuabilidade,
nossa capacidade
única de imersão
na dimensão florestal
do mito, palco
imenso de
árvores
qu
E apenas
perduram,
e noSso
olho
que pisca
é isso o que
elas veem,
e enquanto
eu como churrasco,
aos domingos,
e muitos
descansam,
há uma
festa de
ratos, camundongos,
a nos
perturbar,
a nos fazer
buscar
o soNho
e o ritmo,
a redenção
da força
anímica
de um
espírito
vivo
mas certamente
invisível

sábado, 19 de setembro de 2015

os loUcos

lentamente apenas
uma lenda mítica do que
seria o bRasil impõe-se por meio do
assalto, do choque, do crime, do processo
policial, do porão ::
nossos poetas foram apenados, em regime semi-aberto,
obtusos s
e não sofrem ::
derramam bicas dágua pela penúria,
esquentam o bico do pequeno fogareiro,
pensam, acordam, dormem, marcam as horas ::
participam como condenados
do pelotão da escravaria, ou dos que terminaram
esquartejados ::
essa nova classE de homens
habita por tudo isso um âmbito americanófilo ritual,
protegido pela
pulsação eterna do martírio do intelecto ::
sofrem porque pensam - pensam porque sofrem ::
coração batendo ::
escrevem a bravata aos romanos
do império,
entendem como poucos
do amplo amor,
do império louco do entendimento
amoroso inacessível
de cristo, lennon e gandhi,
arremessam-se
como beatlEs,
puros, pisados,
inocentes, ingênuos ::
seguem lendo ::
nós profetas da fantasia brasileira
construímos
casas, como jesuítas,
formamos um gado lento, mítico,
sólido e solidário,
amanhecido da beleza plácida
da luz leitosa do beco,
na favela,
na comida básica, no basiquinho,
no armistício da
água farinha básica,
um poquinho de sal,
enrolada em pedacinho de matéria plástica,
em saquinhos ::
vamos mexendo ::
lentamente,
nessa espacialidade concreta
para o olho faminto
do poeta,
nossas penas
transformam-se em lírios
e, na poeira,
também básica,
combinada a sol,
sombra
e brincadeira, o sossegado
rito de voragem
visionária
desaprisiona,
não havendo mais soldados,
ou feitores ::
somos construtores
de casas de
boneca,
aprendizes carpinteiros,
jurados,
vindos da masmorra ::
de nosso
sangue e gado,
suor
benéfico
da procissão salgada,
pinta
a esperança,
surge uma estrela
na lona azul do céU ::
não sei
porque o brAsil
nesse momento
precisa
desse leão manso,
rei dos
tormentos bem passados
junto ao
pé de nossa grande
favela
consentida pelo
conjunto
dos produtos culturais
americanos
ou ingleses, o chá que
pagamos a esses
brancos algozes ::
acho
que o grande irmão
do norte
acende fogueiRas
visíveis ao
sul,
espera uma
revelação,
quer avistar o novo
surgimento
do filho de mariA,
a mãe
que sofre no prazer
do consolo da arte,
matéria
humana graTa
e pura,
como chocolate,
visão que
ruge, como fera,
afim
de espantar tédios e
todos os medos,
tornar o circo
alegre ::
que todos se dêem
as mãos,
ao palhaço tolo
e equilibrista,
os acidentes
de trânsito,
as estatísticas
de morte
que transtornam
transformadas
em uma ilusão,
no milagre da vida
perpretada pela morte,
na simbologia
 de capitão nascimento
e antonio das mortes ::
concentro-me
em meu chapeu de jornal
do general,
o general de papel e espada
em punho,
destroçado na confusão urbana,
como o elefante
de drummond :: os olhos
malignos
da zoeira, a zombataria contra o
amor e  o alívio da amizade ::
aproxima-se
de moto o criminoso,
faz misturarem-se o
sangue, o leite, a água da bica ::
e maria vai trançando os cabelos
de seu filho,
uma trança que escorre-lhe,
sua trança, o
acaricia nas pernas rechonchudas,
seu bebezinho,
seu sinal de
sangue, sua falta de dinheiro ::
e o brasil
produz milhões
de analfabetos, genocidamente,
milhões
de corpos torturados,
em câmeras de gases, empilhados ::
na lavagem suja
de dinheiro,
e dos lençois encharcados de sanguE,
o espaço transcendental
do mistério -
o bRasil é uma
escola
de deuSes,
uma oficina,
um pâniCo
a testAr na fibRa
do coração terno
a vibração
do novo amoR,
mais
preparado,
porque
mais combatido
pelo mal ::
o bRasil
é o meu
sandero vermelho,
volkswagen,
com a porta
amassada, em goiás,
próximo ao processo
geral de matança
ao norte,
nas lavouras
intoxicadas de alface,
cebola, batata e tomate,
casa geral
da prostituição brasileira ::
o bRasil é
entregar seus filhos
à indústriA,
ao comérciO,
à estrAda de ferrO,
consumidores
vorazes,
esses filhos, de
funk e possibilidades
de veraneio ::
o bRasil é
esperaR
que os litros de álcool
transformem-se
em litros
de urina,
e todo o sangue dos homens
seja trocado,
até transformarem-se,
esses homens,
em densos carneirinhos ::
o bRasil foi
espeRar até
que lulA se elegessE,
formando
a corrupção da américa setentrional ::
porque vocÊs não sabem,
eu sei,
o lixo são nossos castelos de cobre, minas
de amianto,
o pré-sal, o petróleo, o carinho
do profeta
pela amazôNia :: o bRasil
é o lar
da sofreguidãO
imenSa de nosso senhOr,
direcioNada ao
colo quenTe da divina esposa,
sua doce
e definitiva doNa,
massa pútrida a ruminar
vermes
como um cérebro, gestacionando
com gravidade
o sexo geral da floresTa salvadoRa ::